Prefácio

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Todos nós temos a nossa historia, somos diferentes, temos caminhos diferentes.

Queremos ser alguém na vida, alguém com um bom emprego, uma boa casa, e apesar de tudo uma boa família.

Mas nem sempre as coisas correm como nós queremos não é verdade? Por vezes temos de passar por grandes dificuldades para alcançar o que realmente queremos no nosso presente e futuro.

Mas se querem saber? Não vim aqui para vos dar lições de moral mas sim para vos dizer que a minha vida  resume-se em apenas uma palavra: D-A-N-Ç-A.

Tudo o que precisas de saber sobre mim está na minha maneira de dançar. É através da dança que comunico com o meu irmão e com os meus amigos. Eles sim entendem me e sabem que sem ritmo eu não vivo.

Os dançarinos não são só aqueles todos bonitinhos, magrinhos que nem um palito, que têm as pernas a 180º, onde há rivalidade entre o próprio grupo. É que nem pensar. Para mim e para a minha crew dançarinos são aqueles que trabalham juntos, sofrem juntos, soam juntos, fazem batalhas juntos e vivem juntos. Parece loucura não? Então isso mesmo, isto somos nos.

Algumas pessoas aprenderam a dançar e outras nasceram a saber. Nem toda a gente é assim, nem toda a gente sabe sentir o ritmo no corpo. As pessoas dançam porque a dança pode mudar as coisas, um passo pode unir duas pessoas e até dois movimentos podem libertar uma geração inteira.

O Hip Hop na sociedade de hoje em dia é visto como um estilo de dança rude e agressivo. Acredita em mim, quem diz isso é porque não vê e não encara a realidade. Há pessoas que dependem da dança, onde a vida delas é praticamente aquilo e que por vezes é a sua única forma de sustentação. O Hip Hop surgiu em bairros sociais, onde acontece de tudo. Eu falo por mim e pelo meu irmão, nós fomos feitos para dançar nas ruas e ganhar pelo menos alguma coisa através disso.. A vida ensinou nos muita coisa e até agora temos tido medo dela,  com receio do que esta por vir.

Tecnicamente já deu para ver que a minha história não é daquelas de luxo, riqueza, sabrinas brilhantes, tutus, rolo bem feito no meio da cabeça e maquilhagem. Não. Isso não se identifica com a minha pessoa. Eu sou uma rapariga de 17 anos e que neste curto tempo de vida sei muito mais que essas ricas que se exibem demais. Eu faço-me a vida enquanto que elas nem cozinhar sabem.

Bem, chegou a parte de vos falar um pouco da minha tragédia (vida). Eu vivo num bairro social em Detroit com o meu irmão mais velho, Taj de 20 anos e com a minha mãe Angélica.
A minha mãe é dependente do alcool, já não é a mesma pessoa que me criou, que me deu carinho em pequena. Simplesmente virou selvagem e se lhe tirarmos o alcool ela é capaz de nos matar, juro-vos. Todos os dias tenho ganho pelo menos duas nódoas negras, isto quando o meu irmão não esta porque ele defende me sempre.
A minha mãe tornou se alcoolica desde os meus 13 anos, não cheguei a conhecer o meu pai porque ele abandonou a minha mãe e o meu irmão quando este tinha os seus 10 anos. A dor e a magoa da minha mãe foram consumindo-a de tal maneira que ao longo dos anos ela automotilava-se, antes de se agarrar ao alcool.
Eu e o meu irmão queremos pô-la numa instituição mas a pergunta é onde vamos buscar o dinheiro? Se nós mal temos o que comer quanto mais pagar uma instituição.

Esta sou eu: Melina Brennan de 17 anos, dançarina de Hip Hop com medo que num estalar de dedos perca o chão.

Ah! Eu ainda tenho esperança que tudo mude para melhor, já o meu irmão tem uma visão completamente diferente e ao longo da historia irás perceber o porquê.

Beijos com ritmo e amor,

Melina <3

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