Atendendo pedidos, continuação do conto!
Essa parte não conta para o concurso 03 do Eu Sou, Eu Escrevo.-------------
Após dois anos do lançamento do primeiro CD, Caroline era, definitivamente, uma mulher bem mais madura. E não, a culpa não era dos vinte e seis anos. Na verdade, Carol ainda tinha uma alma de adolescente - que ela não pretendia abandonar nunca -, mas era fato que sua autoconfiança não era abalada com facilidade. Quando se é famosa, o contato com pessoas que só querem te atingir e te colocar para baixo é ainda maior. E a loira só havia conseguido passar por essas pessoas porque ela tinha ao lado Lucas e Maria Julia, ela sabia.
Depois de uma cansativa turnê pelo Brasil, Caroline se via no estúdio da gravadora novamente. Lucas estava ao lado dela, ajudando-a a escrever uma nova música, mas o empresário sabia que a garota estava em outro mundo, viajando nas lembranças de uma turnê inesquecível.
― Terra chamando Caroline Azevedo ― o empresário disse, e ela voltou para a realidade.
― Desculpe ― a garota pediu. ― É como se fosse a minha primeira vez nesse estúdio.
― Isso é bom. Significa que todas as vezes que você voltar de turnê vai ser como ter aquela menina de vinte e quatro anos olhando para todos os lado aqui novamente.
Ah, sim, Lucas agora era poeta. Não profissionalmente, mas ultimamente, cada palavra que saía da boca dele parecia poesia. Caroline gostava disso.
― Ei, eu gostei disso! ― disse empolgada. ― Lucas, isso vira música facilmente. Sobre pessoas que vão, mas, quando voltam, são as mesmas pessoas.
Lucas sorriu, satisfeito por suas palavras virarem algo importante.
O empresário e a cantora estavam cada dia mais próximos e os dois sabiam que a culpa era toda do homem, que decidira acompanhar Caroline durante toda a turnê. O garoto viu de perto a cantora contagiar um estádio - como ele mesmo previu; viu a garota sentada em um banquinho, segurando o violão, microfone apoiado no pedestal, como na primeira vez que viu a garota se apresentar; mas Lucas também viu Caroline perder a voz e impedir que cancelassem o show; Lucas viu o público cantar com ela quando a voz falhava; Lucas entrou no mundo de Carol durante a turnê e se aprofundou ainda mais no mesmo durante as férias da garota, quando eles marcavam de tomar um café, onde Caroline trabalhou por um longo tempo, ou de dar um passeio pelo parque. Lucas não podia negar que eram os melhores momentos dos seus dias cansativos. Mas, enquanto os encontros eram ótimos, os fãs eram loucos. A cada vez que saíam, uma nova teoria de que os dois estavam em um relacionamento sério surgia. Enquanto o empresário respondia facilmente cada pergunta feita por jornalistas e fãs, Caroline não sabia lidar muito bem com isso. Não que ela quisesse que os boatos fossem verdadeiros, ela apenas se assustava com a ideia de entregar seu coração para uma pessoa novamente, depois de tudo que passou com Daniel. Eles não conversavam sobre os boatos, apenas concordavam em desmentir tudo.
Quando terminaram a música, decidiram descansar um pouco antes de começarem a gravar.
― Eu vou na cafeteria. Quer que eu traga alguma coisa para você?
― Eu vou também.
Os dois entraram no elevador conversando sobre ideias para novas músicas. Caroline gostava de saber que poderia contar com Lucas quando não sabia sobre o que escrever, ou quando sabia, mas não tinha ideia de por onde começar. Quando o elevador chegou no térreo, notaram uma pequena multidão na porta do prédio da gravadora que se misturava entre fãs, fotógrafos e repórteres. Lucas revirou os olhos ao ver a quantidade de câmeras preparadas para inúmeras fotos. A loira reclamou por não serem apenas fãs, ela com certeza ficaria feliz em dedicar um pouquinho do seu tempo a eles. Cruzaram a porta, sabendo que não teriam outra escolha. O vento frio do outono balançava os cabelos loiros de Carol e cortava seu corpo, fazendo com que a menina desejasse ter colocado uma roupa mais quente. Por instinto, Lucas pegou em sua mão e a puxou para fora da multidão. A garota sorria e acenava para alguns fãs. Só quando se afastaram da multidão, Caroline olhou para o chão e percebeu que ainda estava de mãos dadas com o moreno. Ela sabia muito bem que, se tivessem fotos, que tipo de matéria veriam amanhã. Soltou a mão do empresário, tentando não mostrar preocupação e ser natural, e colocou as mãos no bolso das calças.
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Monomania
Short StoryConto criado para o concurso "Eu Sou, Eu Escrevo", no qual ficou em primeiro lugar. Um dos favoritos do mês de fevereiro no Projeto Jóias. Sempre disseram à Caroline que quando a oportunidade bate em nossa porta, devemos agarrá-la. O problema é que...