Capítulo 1 - Vontade de dar um tiro em mim mesma

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14 de novembro de 2016

Sentimento: vontade de dar um tiro na minha cabeça

Como posso começar? O objetivo disso tudo era fazer uma espécie de análise pessoal minha e descobrir o que tem de errado comigo para eu agir dessa forma.

Sejamos diretos: eu era apaixonada por ele. Durante quase seis meses eu olhava para ele e sentia vontade de beijá-lo, de conversar com ele, de conhecê-lo. Ele faz academia comigo, esse foi certamente um dos fatores chave para o interesse --- mesmo que já fossemos colegas de classe.

Edward é desligado. Extremamente desligado. Diziam que se você colocasse uma placa em cima dele ele não notaria. Quanto a ele, ainda não tenho ideia de quando começou a gostar de mim.

Lembrete mental: perguntar isso a ele quando tiver a chance.

Na realidade, a minha memória é tão bagunçada que nem eu lembro exatamente quando começou minha obsessão por ele. Pulando os meses a fio e desnecessários que nada diferente aconteceu --- nada que eu quisesse que acontecesse, especificamente --- e chegando logo a parte que me importa: ele finalmente conversa comigo. Mas apenas online. Na escola, ele mal trocava palavras comigo.

Tudo bem, penso, nossas conversas pelo Facebook tinham um nível profundo de quase intimidade. No fundo, eu já sabia que ele gostava de mim. O ponto é: até aqui eu estava incandescentemente feliz. Eu parava tudo o que estava fazendo, ia para o meu quarto e ficava apenas pulando de felicidade, da forma mais ridícula do mundo.

É bom lembrar que eu mal ia para a escola nessa época --- e isso mantém-se até o momento atual. Logo, na semana em que ele retornou a falar comigo e dessa vez mencionou a tal menina que gostava, eu só tinha ido até então dois dias na aula. Era quarta e eu tinha faltado. Ele me disse que faltaria quinta, bem quando eu precisava ir. Sexta retornei a faltar e ele declara-se, novamente pelo Facebook.

Todo o meu corpo tremia, eu mal conseguia digitar. Entre remarcações e não saber o lugar que poderia ser, marcamos um encontro para o dia seguinte. Mas apenas porque ele era o tipo que não gostava de resolver tudo online.

Então meus queridos, é aqui que começa a merda. Conversamos durante um tempo e, por já estar enjoada disso e procurar coisas para conversar, minto que preciso sair e vou assistir alguma série. Eu evito ele a noite toda. Tudo bem, eu apenas precisava de um espaço.

No dia seguinte, noto que ele dorme até pouco antes do horário de nos encontrarmos. Tudo bem, eu também era esse tipo de pessoa.

Comentário adicional: talvez esse seja um dos problemas. Somos parecidos demais. Eu costumava ver nós como a junção de dois sinais de menos (que todo mundo sabe que tornam-se um mais). Eu romantizava essa ideia na minha cabeça. No entanto, estou começando a ver que dois menos não tornam-se uma soma, mas realmente uma subtração.

Eu não estava mais tão nervosa. Logo encontraria Edward e resolveríamos tudo.

O ponto de encontro era uma sorveteria e ele atrasa. Mas vem, e é isso que importa até então. Conversamos por uma hora, nos beijamos duas vezes --- ele era o segundo cara que eu beijava na minha vida e eu sabia que ele já tinha ficado com outras, mas nossa, pensa em uma pessoa que parece que não sabe beijar --- e então caminho com ele até um ponto que é próximo de sua casa e onde minha mãe encontra-se. Beijo e tchau.

Eu tinha um namorado. Isabella Swan tinha um namorado. Ainda tento procurar algum sentido nessas sentenças, e acredito que esse seja um dos problemas. Estou acostumada com a minha solidão e a profundidade da minha vida vazia que, talvez, apenas talvez, relacionamentos não tenham tanto espaço ou importância para mim.

Aqui começam os questionamentos. Saio para comer sushi com a minha mãe, começando a perguntar-me se eu realmente queria isso. A comida parece ser meu único refúgio e ainda preciso enfrentar mais três dias sem aula --- ou seja, mais três dias sem a obrigação de vê-lo.

A questão é: já estou no segundo desses três dias e nem mesmo trocamos mensagens. E o pior é que nem estou triste. Em meio a tudo isso tenho meus leves pontos altos, ficando durante alguns segundos feliz por tê-lo. Mas, a maior parte do tempo sinto-me meio triste. E não sei porque.

Eu gostava dele. Droga, quando percebi que realmente gostava dele eu chorei. Agora, a coisa que eu mais quero nesse mundo é terminar com ele. E por isso sinto vontade de dar um tiro na minha cabeça, porque quem sabe talvez assim eu consiga clarear as ideias.

Em meio a tantas incertezas, de uma coisa eu sei: eu quero beijá-lo mais do que tudo. No entanto, é algo apenas carnal. Já sinto vontade de voltar a dar em cima do meu professor, de algum estranho na rua e isso não é normal. Edward mesmo disse que se for para namorar e se encontrar apenas fim de semana não vale muito a pena. Ainda tenho mais o resto do dia de hoje e amanhã para pensar.

Eu tenho medo de relacionamentos? Ou talvez de me magoar? Ou talvez eu seja apenas uma menina mal resolvida que é obcecada com alguém e quando finalmente consegue essa pessoa, perde o interesse?

Veja bem, não é o primeiro pedido de namoro. Isso ocorreu comigo dois anos atrás, eu também era apaixonada por ele, chorei e quando ele finalmente pediu, algo dentro de mim gritou "NÃO". E eu não aceitei. Eu realmente queria quebrar essas muralhas, ficar com ele até ele cansar-se de mim ou o que vier antes, mas nem vontade de fazer isso sinto. A questão principal é: o que eu faço?

O pior de tudo é que eu estou quase desejando que não fosse recíproco. Que ele não se interessasse por mim, talvez dessa forma ainda tivesse alguma mágica.

Metáfora de vez: nessa madrugada tivemos a super lua. Se não me engano, ela vai estender-se até a madrugada de hoje, mas de qualquer forma fiquei decepcionada com a primeira noite. A lua estava lá, cheia, brilhante, mas não era lá essas coisas. Talvez isso seja a metáfora perfeita para nosso relacionamento.

Outro detalhe importante, incluído nessa metáfora: em outros lugares do mundo a lua estava realmente grande. E isso são os relacionamentos para os outros. Algo grande. Resta saber o que eles são para mim, se não apenas perda de tempo somada a contato físico.

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⏰ Última atualização: Nov 14, 2016 ⏰

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