Zíper

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E ela abriu o meu zíper... Mas não foi o da minha roupa e sim o mais oculto deles... Aquele que guardava todas as minhas angústias e frustrações. O maldito zíper que demorei anos tentando camuflá-lo através de um belo sorriso não tão sincero. Era loucura ou utopia imaginar que alguém tão simples havia decifrado o mais complexo dos códigos. Eu. E por um momento de insanidade eu tinha gostado disso... Eu queria mais. Era bom depois de tanto tempo fechado, libertar toda euforia e decepções espremidas no bolso da alma. E foi através alma que ela segurou em minha mão e sussurrou quente sobre minha pele: "Ganhei!", após mais uma de nossas inúmeras apostas. E por mais que o sentido não fosse o mesmo, sim... Ela havia ganhado. E essa derrota era mais doce e convidativa que qualquer outra vitória.


- Flora Medeiros

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