Capítulo Dois

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Fui acordada com gritos e muita quebradeira. Eu tinha dormido após três horas de estudo sem descanso. Me sentei na cama. E identifiquei de onde vinha a confusão. Do andar de baixo...

-Se acha tão ruim assim morar com os meus pais vai embora de uma vez.- minha mãe estava gritando. Nunca tinha escutado meus pais brigando. Eles sempre mantinham a calma, sentavam e conversavam. 

-Você acha que não é isso que quero?- a voz do meu pai estava totalmente diferente, num tom bastante arrogante e orgulhoso, parecia até outra pessoa.- Mas se eu for embora eu vou levar a menina comigo. E você fica ai cuidando dos babões dos seus pais.- levei as mãos até a boca em espanto. Meu pai que sempre fora respeitoso e educado com meus avós maternos, agora, havia chamado eles de babões sem qualquer remorso. 

Fechei a porta e caí ajoelhada perto da cama. Não sabia o que pensar daquela briga. Sei que já sou grandinha de mais para me abalar com uma briga de casal, mas foi a primeira vez, e isso me nocauteou. 

*********

Acordei toda dolorida. Tinha dormido ajoelhada, demorei um tempo para me lembrar o porque daquela posição inusitada para uma noite de sono. Passei as mãos pelo rosto e meus olhos não estavam inchados como pensei que estivesses, sinal de que não chorei e isso era ótimo.

Me arrumei e desci para a cozinha. No caminho pude ver no sofá uma coberta e um travesseiro, o travesseiro do meu pai. Minha mãe estava na cozinha sentada à mesa olhando fixamente para a janela  e, por incrível que pareça, pronta. Ela também usava um óculos, provavelmente para esconder os olhos inchados. 

-Vamos.- meu pai passou rapidamente pela cozinha nos chamando. A voz dele tinha saído tão baixa, quase como um sussurro. 

Minha mãe e eu nos levantamos e fomos em direção ao carro. Ela se sentou no banco de trás e me mandou ir na frente. Me senti triste naquele momento. Ver os dois agindo daquela forma, como se fossem estranhos, me doía muito.

O silêncio estava reinando dentro daquele carro. Só se escutava o motor do carro e o tamborilar impaciente dos dedos de minha em sua pasta.

-Me deixa no trabalho primeiro.- minha mãe se manifestou cinco minutos depois de termos saído de casa.- Ouviu o que eu disse?- ela insistiu já com a voz alterada, pois o meu pai não a tinha respondido.

-Claro que ouvi! Não estou surdo ainda!- meu pai disse quase gritando. Pude ver suas mãos apertarem o volante do carro.

Como já sabia que isso levaria a outra briga, peguei meus fones e coloquei uma música qualquer no último volume. Estava tocando Turning Page, uma música linda, que confesso estava viciada a algum tempo.

Me distraí olhando para o caminho a minha frente. Quando a música acabou e teve uma pausa para passar para a próxima pude ouvir alguns gritos da minha mãe. Por impulso olhei para meus pais. Estavam mesmo muito nervosos um com o outro...

*********

Uns dizem que quando você está prestes a morrer sua vida passa toda em sua mente em uma fração de segundos. Outros já falam que você vê a escuridão e uma luz ao longe, como um túnel. E uma minoria diz que você vê o momento mais feliz da sua vida.

O momento mais feliz da minha vida foi quando eu tinha apenas sete anos. Não morávamos com meus avós ainda. Morávamos em uma casa linda e bem grande, tínhamos jardim nos fundos e tudo. 

Na manhã do meu sétimo aniversário meu pai me levou para o jardim. Nesse jardim tinha uma árvore enorme, e nessa árvore estava o melhor presente do mundo. Um balanço. E ficamos a manhã inteira ali, mamãe, papai e eu. Como uma família perfeita. Mas não foi essa cena que veio em minha mente.

Eu vi demônios. Havia muito deles e todos eram horrorosos. Eles pareciam estar desamarrando algo em mim, cada um em uma junta de meu corpo. Não estava entendendo o que faziam, mas logo percebi, eles estavam tentando tirar minha alma...

E quando pensei que aquele fosse meu fim pude ver uma luz muito forte aparecer. E algo, ou alguém, com asas descer até o solo graciosamente. Junto com a sua chegada ouve a fuga desesperada dos demônios. 

A luz que emitia do ser se enfraqueceu e eu pude ver seu rosto angelical que brilhava majestosamente num dourado incomum, parecia que sua face era feita de ouro. 

-Desperte Maressa.- a voz do ser era suave e doce, e uma fração de segundo se passou e eu acordei...

*********

Tinha acontecido um acidente...









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⏰ Última atualização: Mar 14, 2017 ⏰

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