My Sunshine (Alphys x Undyne)

Parte 1 - Brilho Nas Estrelas

- Já falei que adoro esse vestido?

Alphys desviou sua atenção do céu estrelado, virando a pequena cabeça na direção da namorada.

Undyne expunha um amplo sorriso no rosto, que deixava à mostra cada um de seus dentes afiados. Embora pudesse transmitir alguma impressão ameaçadora aos demais, ver aquilo surtia o efeito contrário em Alphys, que julgava nunca ter visto alguém sorrir de um jeito tão encantador na vida.

Só ela aparentava ver a fundo dentro da alma da ex-líder da Guarda Real. Somente Alphys enxergava que, por trás da fachada de coragem e fúria, existia uma alma fantástica e nobre. Uma alma que, a sua maneira, era capaz de ser adoravelmente carinhosa e amável.

Por muito tempo, achara que nunca mereceria ser reparada por alguém como Undyne.

Mas se enganara, afinal...

Ela também via Alphys da mesma maneira.

- Já – deu uma risada baixa e envergonhada – m-mas... - acrescentou, sentindo o rosto esquentar – é sempre bom ouvir de n-novo.

Undyne gargalhou de modo vigoroso, ao que Alphys a acompanhou, rindo timidamente.

- Alphys, você é muito bobinha – a monstra se ajoelhou, puxando a menor para um abraço.

Alphys sentiu-se arrepiar, quando a jaqueta de couro de Undyne encostou-se nas escamas nuas de seu braço. O pensamento a fez ofegar baixinho, constrangida.

Undyne voltou a se erguer, soltando-a, porém mantendo uma das mãos no rosto de Alphys. A dinossaura sentiu um sorrisinho sem graça cortar-lhe as feições novamente.

- D-desculpa – fungou, unindo as mãos uma na outra.

Retraiu-se ao ver o olho descoberto de Undyne revirar.

- Pare de pedir desculpas – ralhou, dispensando momentaneamente o sorriso – pare de se encolher toda vez que me aproximo – balançou a cabeça, fazendo esvoaçar os cabelos rubros, suspirando – eu sei que ainda tem dificuldade, Alphys. Mas... não está cansada de ficar pensando no passado? Já não está cheia de se entocar, enquanto seus amigos se divertem e vivem suas vidas? - baixou o tom de voz, que se tornou surpreendentemente doce – não quer ter uma vida conosco?

Alphys baixou a cabeça, erguendo os pequenos chifres da nuca.

- Eu... eu sei – sussurrou – eu... não consigo evitar... isso ainda não me deixa... dormir – inspirou profundamente, levando as mãozinhas roliças à cabeça, massageando as têmporas.

A guerreira suspirou pesadamente, segurando o ombro de Alphys.

Sabia que haviam lembranças que ainda aterrorizavam a cientista. Havia vivido tanto tempo mergulhada em mentiras, tentando fingir ser algo que não era, com medo do julgamento dos demais... fazê-la se abrir era um trabalho lento e cuidadoso, como abrir uma ostra arredia, cujas preciosidades só seriam extraídas aos poucos - e com gentileza.

Undyne se ajoelhou em uma das pernas, ficando um pouco mais baixa que Alphys.

- Eu entendo – afagou o ombro dela – só não... quero te ver triste. Não quero te ver isolada... nunca mais.

Algo quente se agitou dentro de Alphys, ao perceber a ternura no olhar da monstra que a encarava. Sentiu seu carinho e admiração por Undyne aumentarem vertiginosamente, quase fazendo-a perder o ar.

Uma brisa fria uivou ali perto, fazendo ambas estremecerem.

- A-acho melhor entrarmos... - disparou rapidamente, tentando mascarar seu constrangimento – está esfriando.