Parte 2 - Raiar do Sol

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Houve um mínimo tique nervoso da parte de Alphys, que não conseguia despregar o olhar do sorriso travesso da namorada.

- M-meu vestido? - sentiu cada escama de seu rosto estalar com o rubor em suas bochechas.

Alphys não era, tampouco, de toda inocente. Já fantasiara, em seus momentos mais solitários, uma gama de situações como aquela.
Mas, até então, tudo nunca passara de devaneios de uma monstra boba e apaixonada.

Ver o olhar de Undyne sobre ela, com a mesma emoção inflamada de carinho que sempre lhe dispensara... era algo surreal.

Sua timidez não se devia por dúvidas. Era com Undyne que queria fazer tudo dali em diante, pelo resto de sua vida.

Ainda assim, velhos hábitos custavam a morrer.

E uma mistura de pânico e arrebatamento se acendeu dentro da cientista.

- È, Alphys... - o sorriso de Undyne adquiriu um tom menos audacioso, ligeiramente mais calculista – seu vestido... - a dinossaura enrijeceu quando a monstra acariciou a alça da roupa com os dedos – tenho certeza que não vai precisar dele agora.

- E o que a gente v-vai fazer? - guinchou, logo em seguida já se arrependendo de perguntar.

Um pouco da impetuosidade na expressão de Undyne se esvaiu, substituída por uma feição mais gentil. Ela passou suavemente o dorso da mão pelo rosto de Alphys, percebendo a quentura que havia ali, e deu um suspiro.

- O que você quiser, Alphys – a monstra arquejou levemente, se aproximando e cingindo-a nos braços – estou aqui para você.

Alphys ofegou quando Undyne se aproximou, cingindo-a nos braços.

A hesitação pareceu deixá-la por um longo momento, assim que se sentiu aninhada na segurança dos braços dela. Sentiu um assomo de perplexidade quando notou o quanto Undyne também parecia ofegante, sentindo o coração dela saltando sobre sua omoplata.

Fechou os olhos, respirando fundo. Confiaria sua vida àquela monstra. Por que vacilaria logo agora, vendo a mesma necessidade pungente no modo como a guerreira a fitava?

A cientista repousou o queixo sobre o ombro de Undyne, apertando-o levemente ao sentir a boca dela tocar a pele sensível de seu pescoço.

- Quer saber? - a voz de Undyne tremulou um pouco – não precisamos fazer nada.... se você não quiser...

Alphys franziu o cenho, tentando engolir a ansiedade.

- N-não – conseguiu dizer, reerguendo a cabeça e pousando o focinho no rosto dela – tudo bem. Eu... - arquejou baixinho – eu q-quero.

O espanto tomou conta de Alphys, ao notar que Undyne parecia tão assustada quanto ela.

Medo. Nunca vira uma sombra sequer daquilo no rosto dela, em todos aqueles anos. Nuncas se usaria um adjetivo daqueles para descrever a líder da Guarda Real.

A única situação em que Undyne ficava vulnerável era justamente ao lado dela.

Undyne vincou a testa, segurando o queixo de Alphys.

- Bem... vamos ter que descobrir isso juntas, não é?

Alphys sentiu cada escama de seu corpo se eriçar quando Undyne a beijou.

Sua primeira reação foi enrijecer, mas a cientista relaxou aos poucos, conforme os braços dela lhe circulavam o corpo. Um assomo de humor escapou de seus lábios, ao perceber a já familiar sensação macia – embora levemente áspera – da boca de Undyne na sua.

My Sunshine (Alphys x Undyne)Onde histórias criam vida. Descubra agora