Eu devia ter algum problema. Devia gostar de sofrer.
Essa era a única explicação para continuar meu relacionamento com Demetria. Mesmo depois de quebrar a cara tantas vezes, mesmo depois de tudo. Eu ainda estava lá.
Seis anos desde que nos conhecemos e eu já havia passado pela sua fase "adolescente rebelde", o período que ela negava ter problemas, a rehab, as recaídas, términos, brigas, voltas.
Mesmo depois de todas essas coisas, nunca imaginei que um dia diria que já vi a minha mulher nos braços de outro. Não até hoje.
O turbilhão de sentimentos que me atingiu quando vi Demi com Daniel foi algo que jamais sentira antes.
Era uma mistura de raiva, incredulidade, vontade de ir embora e ao mesmo tempo tirá-la de lá e socar a cara do infeliz que tinha a mão em sua cintura.
Apenas a memória me fazia ter vontade de bater em alguma coisa. Mas controlei o impulso para não despertar a morena em meus braços.
Eu estava com Demi a alguns minutos, ela se movia vez ou outra mas não abria os olhos. Comecei a ficar preocupado quando olhei para o relógio em meu pulso e notei que já tinham se passado trinta minutos desde que a trouxe para casa.
Decidi que tentaria acordá-la, então passei a mão em seus braços, cabelos e rosto. Demi despertou devagar.
E quando seus olhos se abriram eu entendi porque continuava ali. Não era porque gostava de sofrer.
O real motivo de minha persistência era o amor incondicional que eu sentia pela morena que me olhava. A morena que conquistou meu coração no primeiro instante e que alegrava meus dias mais tristes apenas com um sorriso.
"Está tudo bem?" Perguntou-me cautelosa.
"Sim, está." Sorri e passei a mão em seu cabelo colocando um mecha atrás de sua orelha. "Melhor do que nunca."
"Sobre o que aconteceu na empresa..."
"Não quero discutir aquilo, não aconteceu nada." Falei simplesmente. "Confio em você, até mais do que em meus olhos."
Ela não me respondeu pois não houve tempo, a campainha tocou e eu desci para atender. Ao abrir a porta me deparei com Nick e Selena com uma cara de raiva.
"O que você fez com ela?" Nick perguntou com cara de poucos amigos.
"Olha, eu juro, se você tiver feito alguma coisa... Eu castro você!" Selena falou um pouco mais alto do que seu tom natural.
"Ele não fez nada comigo." Ouvi Demi falar atrás de mim e logo depois senti um par de mãos rodear minha cintura.
Nick e Selena não acreditaram em Demi, percebi.
"Ora, vamos. Eu não sou o tipo de pessoa que leva desaforo para casa, se Wilmer tivesse me feito algo, eu mesma bateria nele." Falou sem paciência.
"Bom saber que você bateria em mim, nena." Ri e Demi também.
"Vou acreditar, mas o que eu disse ainda está valendo..." Selena ameaçou-me.
"Você é tão exagerada, Selena." Debochou Demi. "Deixem de drama e liguem pra um Delivery, estou com fome."
Nick ligou para o um restaurante japonês e eles deram vinte minutos para entrega da comida.
Os três ficaram no andar de baixo e eu subi para tomar banho.
POV Demi
Wilmer subiu e nós ficamos esperando a comida. Passaram-se algum minutos e nada do almoço, comecei a achar estranho mas não comentei nada.
Selena e Nick estavam no meio de uma briginha quando o interfone do apartamento tocou. Os dois nem pareceram perceber, talvez porque estivessem muito concentrados em discutir qual era o meu melhor lugar para se sentar numa sala de cinema.
Revirei os olhos e caminhei calmamente até à conzinha para atender o aparelho escandaloso.
- Alô - falei
- Srta. Lovato? -
- Sim.
- Poderia vir aqui um instante? Uma moça com uma barca de sushi está aqui e insiste em entregá-la a comida pessoalmente.
- Pode deixá-la entrar, Robert.
A linha foi cortada e eu pendurei o telefone novamente no gancho e voltei para a sala.
Meus amigos ainda estavam discutindo e provavelmente nem notaram minha ausência.
Ouvi a campainha tocar no mesmo instante que Wilmer descia as escadas.
Sorri pra ele e caminhei em direção a porta.
POV Taylor
A cara da vadia ao abrir a porta e dar de cara comigo foi a melhor, eu pagaria para ver aqueles olhos assustados de novo.
"Olá, querida." Saudei entrando na casa, uma bela casa diga-se de passagem.
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"O que você está fazendo aqui?" Praticamente gritou.
"Não grite comigo." Falei calmamente "Estou apenas entregando a comida." Apontei para a bandeija em minhas mãos.
Sem nenhuma delicadeza Demi puxou o objeto de minhas mãos e virou de costas, como um claro sinal de que iria entrar e fechar a porta na minha cara.
Mas ninguém fecha uma porta na cara de Taylor Swift, eu ía ensinar isso para aquela vadia e seria da pior forma possível.
