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24 | Carl

Caroline

Suspirei e retirei os saltos que já cansavam os meus pés, atirei-os para um sítio não identificado do meu apartamento, retirei a mala deixando-a em cima do sofá da sala tal como o meu casaco, em passos lentos caminhei para o meu quarto ao mesmo tempo que retirava a saia que enverguei todo o dia deixando-a espalhada pelo o meu quarto, tal como o resto das minhas roupas. Amarrei o meu cabelo num coque alto e liguei a água quente esperando a mesma aquecer a meu gosto. Após entrar dentro da banheira foi como se eu me estivesse a aliviar um pouco, no entanto eu não estou nem um pouco aliviada. Eu estou tão quebrada por dentro, pois ninguém sabe o quanto dói, afinal de contas as pessoas nunca sabem o quanto dói elas só sentem pena e desejam nunca estar no nosso lugar. Em certa parte eu sinto culpa pela minha vida se ter tornado nisto, porque se eu tivesse ficado naquele dia eu seria mais feliz.

Envolvi uma toalha em torno do meu corpo, limpei o vapor no vidro com a palma da minha mão e encarei o meu reflexo no espelho. Horrível, olheiras por baixo dos meus olhos, os mesmos parecem estar sem vida, os meus lábios estão gretados e a minha pele não tem brilho. Onde é que está aquela Caroline que um dia sabia sorrir? Ela desapareceu, eu era feliz quando estava grávida, eu era feliz quando podia estar com o Harry, com a minha família e amigos. Mas tudo isso desapareceu e tudo culpa do Carl e da minha família, um amigo não estragaria a nossa vida e uma família não nos retiraria a melhor coisa do mundo.

Vesti um pijama aleatório e deitei-me na cama encarando o tecto branco, resmunguei aglumas palavras assim que a campainha tocou, levantei rapidamente e caminhei apressada para ir abrir a porta acabando por tropeçar nos meus saltos espalhados na entrada. Resmunguei mais uns quantos palavrões e levantei-me abrindo a porta, assim que vi quem era franzi as sobrancelhas.

- dei uma risada irônica e quando me preparava para fechar a porta ele proibiu-me. - Desaparece Carl! - exclamei sentindo-me já fraca.

- Espera Caroline, eu posso ajudar-te a encontrar a Sienna... - abri a porta lentamente. - Eu acho que sei onde é que ela está.

- Achas? - inquiri sentindo os meus olhos ficaram lacrimejados. - Eu preciso de certezas não de suposições.

- Caroline, deixa-me ajudar-te eu sei que falhei contigo da pior maneira. - baixou a cabeça. - E eu quero redimir-me.

- Onde é que está a Sienna? - questionei lentamente.

- Lembras-te da minha vizinha, que na mesma altura que tu estava grávida? - questionou e eu assenti lentamente. - Ela foi embora durante uns tempos, no entanto ela perdeu o filho.

- E como é que a minha filha pode estar com ela? - questionei confusa acabando por deixar Carl entrar.

- Porque quando ela voltou para casa novamente, ela tinha uma bebê. E sendo que ela o perdeu, ela não podia estar com um bebê. - explicou. - A criança que ela tem pode muito bem ser a Sienna.

- Quando é que essa rapariga voltou? - questionei mordendo o meu lábio inferior.

- Cerca de dois messes e meio. - assenti.

- Leva-me até ela. - ele assentiu e olhou a minha roupa. - Espera só um pouco.

Subi as escadas a correr e toquei à campainha sem pensar duas vezes, esperei um bom bocado para que alguém abrisse e assim que uma mulher com provavelmente a idade da minha abriu, eu sorri.

- Boa noite, em que a posso ajudar? - questionou com um leve sorriso.

- Boa noite... - humedeci os meus lábios. - Eu gostaria de falar com a sua filha, sobre um assunto muito importante.