De repente mal consegui piscar, aflita fui a passos rápidos até o espelho mais próximo. Abri bem meu olho que já secava pelo tempo sem piscar, e a agonia só aumentou quando olhei bem no fundo, além das marcas e da camada mais fina, bem além... Mais alem
Além do olho sem a umidade da pálpebra, além do incomodo, além dos meus cílios, além do cristalino, além da iris, da minha menina dos olhos...
Levei a ponta do meu indicador até a superfície do meu olho, aumentando o incomodo até uma lágrima cair, até irritar meu olho. Olhei meu olho vermelho; não estava doente e não tinha sono, só estava cansado.
Meu cansaço não era só do corpo ou dos meus olhos; estava cansado de correr pela manhã, de olhar minhas mãos, do filme em cartaz, do jornal, das mais tocadas na rádio, do que é sucesso e do que não é...
Forcei meu dedo na pupila e a textura era estranha, parecia de borracha, uma forma fabricada, sintética... Do que sempre foi meu, do que sempre fui eu.
Estava cansado de ver tanto e tão pouco, fechei os olhos por alguns segundos. Então vi! Finalmente vi o que me interessava com pupilas dilatadas, brilhantes com todos os fogos de artificio, todos os meus artifícios pra aturar... Estava ali, estava tudo ali; a frente de minhas pupilas e atrás de minhas pálpebras.

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Pleura
PoetryA membrana dupla que envolve os pulmões. Mas a pleura é mais que visceral e parietal, além das funções, a pleura é uma barreira, e barreiras existem em todos os lugares.