Pobre amor

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Ela sempre me disse que não acreditava no amor romântico, que se um dia o mesmo existiu foi uma alucinação de algum poeta embriagado ou no leito de morte.

"Pobre do amor se um dia Iris cruzar seu caminho" pensei enquanto ela dizia o quanto os romances são uma ilusão, uma propaganda enganosa e em como essa ilusão é usada para vender... Era tanto ódio em sua voz que parecia muito pessoal sua antipatia pelo romance clássico, pelas flores, pelos chocolates e declarações.

Mesmo com seu nome de flor, Iris não se deixava levar pelas rosas, tinha sempre um olhar analisador para qualquer pista de amor que aparecesse, e o varria para longe como quem varre toda a impureza que lhe incomoda. Nunca virava amor, ela não deixava...

Até que viu Narciso, tão distante quanto a própria Iris e tão flor quanto a mesma, se olhando com tanto amor que não tinha amor para outro além de si...

Nunca vi Iris daquele jeito, querendo tanto o que não podia tocar, afinal Narciso já estava mergulhado em todo o seu amor e não permitia que ninguém o levasse para a superfície, ele era dois em si. Então ela mergulhou, foi fundo em todo aquele amor que não era seu, até não ter mais raios atravessando toda a imensidão, até estar no escuro,até não ter mais ar.

Pobre amor que encontrou Iris

Pobre amor que encontrou Iris

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