Ouço um barulho de sirene, enxergo tudo embaçado... As palavras vem em minha boca, mas não consigo pronuncia-las.
-Consegue me ouvir?- Ouço uma voz masculina vindo de perto, porém muito, muito baixa
-E...E...Elisa- É o único som que consigo reproduzir
-Teu nome é Elisa? O que aconteceu? Você consegue levantar?- Muitas perguntas, muito barulho, muita bagunça.
De repente tudo fica escuro de novo.
Acordei em um hospital, uma enfermeira está trocando meu soro
- Bom dia, Elisa. Como se sente hoje?- Ela fala isso com um sorriso enorme no rosto
- Eu não sou Elisa, meu nome é Nathalie. O que aconteceu?- Eu pergunto confusa e só agora percebo o quão ruim estou, meus pulsos estão enfaixados, minha cabeça tem um curativo enorme. Coloco a mão sobre ele e a enfermeira rapidamente a retira
- Não mexa aí, ainda está cicatrizando. Você chegou aqui ontem a noite com os pulsos cortados e uma grande concusão na cabeça, veio com a Polícia. Foi registrada como Elisa.
- Polícia? Por que? O que eu fiz?- Estou muito confusa, minha cabeça dói.
A enfermeira sai sem responder nenhuma das minhas perguntas, sinto uma vontade imensa de chorar, mas me mantenho forte, mesmo sem saber o que está acontecendo eu mantenho a calma. A enfermeira voltou acompanhada de um policial jovem, alto e forte.
- Bom dia Elisa, eu sou o Detetive Noah Pertotti. Pode me chamar só de Noah, vou te fazer algumas perguntas sobre seu caso.- Me mostrou o distintivo e a identidade. Eu só concordei com a cabeça e me sentei devagar na cama.- Pode nos deixar sozinhos Ana, te ligo quando chegar em casa pra minha consulta.- Ele disse isso e piscou, ela sorriu e saiu do quarto.
Acho que são um casal, um belo de um casal na verdade. Ela é loira, tem olhos claros e um corpo maravilhoso e ele também, mas seus cabelos são pretos e ele não parece ter idade pra ser detetive.
- Meu nome na verdade é Nathalie.- Eu disse enquanto esperava ele se sentar e pegar seu bloco de notas.- E eu realmente gostaria de ajudar, mas não sei de nada do que está acontecendo, não me lembro de nada.
- É um belo nome. Quantos anos tem?
- Dezoito e você?- Eu respondi como se fosse uma conversa informal, ele riu baixo e respondeu
- Vinte e cinco. Já sei que vai dizer que sou muito novo pra ser detetive, mas tinha contatos e por isso subi rápido dentro da Polícia.- Ele disse tudo isso sem olhar pra mim, só anotando algo no bloco.- Qual é a ultima coisa que se lembra.
- Lembro de estar deitada na rua, escutar muito barulho e uma voz me fazendo perguntas.
- Isso foi ontem a noite, quando te encontramos. Se lembra de algo antes disso?
-Não. Você pode ligar pra minha mãe? Talvez ela saiba onde eu estava ou algo que ajude.
- Você se lembra como conseguiu o dinheiro?
- Que dinheiro?- Não tenho ideia de que dinheiro ele esta se referindo. Será que eu roubei algum lugar? Meu Deus, eu devo estar muito encrencada.
- Nathalie, você foi encontrada ontem a noite na rua com dois milhões de reais em dinheiro, sem documentos, sozinha e praticamente nua. Foram feitos exames e testes, segundo eles você foi estuprada e drogada, e também levou uma surra pelo que vejo.
Fiquei um tempo em silêncio. Meu estomago embrulhou, meus olhos encheram de lágrimas
- Pode ligar pra minha mãe agora?- Ele anotou o número e saiu da sala.
Aproveitei o momento sozinha no quarto pra chorar. Como isso aconteceu? Quanto tempo estou fora de casa? De onde veio todo esse dinheiro? Onde eu estou?
O detetive entrou no quarto, sentou na cadeira novamente e a enfermeira entrou logo em seguida.
- Sei que é difícil passar pelo que está passando.- A enfermeira disse, tirando os cobertores de mim.- Vamos tomar um banho pra você se sentir melhor
- Liguei para sua mãe e ninguém atendeu, me passa o endereço que eu vou até lá. Logo você terá alta e tem que ter um lugar pra ir
Escrevi o endereço num papel e me levantei da cama para tomar um banho.
- Meu Deus, Nathalie.- O detetive olhou o papel com uma expressão surpresa e eu olhei para ele confusa.- Você está muito longe de casa.
Pela vista na janela do quarto, eu realmente estava. Era um jardim tão lindo, e tinha prédios enormes em volta. Dava pra ver avenidas e construções bonitas.
- É maravilhoso né?- A enfermeira disse, no caminho do chuveiro. O detetive já não estava mais no quarto.- Esse jardim me lembra muito o Noah, foi aí que eu o conheci. É um dos meus lugares favoritos.
-Há quanto tempo vocês namoram, Ana?- Eu perguntei curiosa. Achei os dois um casal tão maravilhoso, bonitos, ela toda simpática e ele todo sério.
- Não namoramos. Ele não namora, eu só deixo ele satisfeito e ele me leva pra passear por lugares incríveis enquanto o satisfaço nos lugares incríveis. Ele é uma espécie de viciado.- Ela disse tudo isso sorrindo, como se contasse uma linda historia de amor.
- Ele usa drogas? Se usar, pode me contar, tem muito disso onde eu moro sabe? Lá é um lugar muito humilde
- Não Nathalie, ele é viciado em S.E.X.O.- Ela soletrou a palavra e riu. Eu dei risada junto com ela, mas estava surpresa com a informação
Ela tirou minha camisola e foi então que eu vi. Meu corpo estava todo marcado. TODO. Nenhuma parte escapava, meus seios, minhas pernas, meus braços, minhas costas, minha bunda, tudo em mim estava roxo.
- Meu Deus.- Foi o que consegui dizer a Ana, quando me olhei no espelho.
- Sinto muito, Nathalie. O que aconteceu com você foi horrível.
- Eu tenho que descobrir quem fez isso comigo.
Decidi que tentaria lembrar do que aconteceu até o fim da minha vida se precisasse.
Teminei o banho e voltei a deitar. Sozinha no quarto fiquei tentando me lembrar pelo menos como tinha conseguido o dinheiro, como fui parar naquele lugar e todas essas coisas ligadas ao que tinha acontecido. No quarto, em cima da cadeira ao lado da cama, tinha uma sacola com meus pertences, era tudo que tinha pra me lembrar. Fui até a sacola e a abri, dentro havia uma saia EXTREMAMENTE CURTA, provavelmente serviria em uma criança, um top branco com brilhos dourados e um casaco preto, no bolso encontrei um celular. Pensei em avisar Ana, para ela avisar o detetive, mas minha curiosidade falou mais alto. Peguei o celular, desbloqueei a tela e abri o menu do celular. Escutei alguém entrando, bloqueei novamente e fingi estar dormindo. Melhor continuar amanhã.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ENCONTRADA
Mystery / ThrillerUma luz uma voz Um grito Escuridão Não me lembro como cheguei aqui, nem de onde veio esse dinheiro. Mas vou descobrir, com certeza vou