CAPÍTULO 1
A vida de Christopher na escola sempre foi fácil. Tinha muitos amigos, era um jogador de futebol com talento e tinha uma boa relação com os professores. Apesar de não ser um aluno exemplar, suas notas lhe permitiam alcançar a média, ou ficar um pouco abaixo dela, casos que ele sempre conseguiu resolver com a recuperação paralela. O melhor de tudo é que fazia sucesso com as garotas. Elas achavam-no lindo e isso era suficiente para que tentassem se aproximar. Muitas já tinham sentido qualquer tipo de paixonite por Chris que, naturalmente, era cheio de charme e, exatamente por isso, sentia-se satisfeito pelo seu sucesso. A turma era praticamente a mesma desde o Sexto Ano do Ensino Fundamental. Poucas pessoas haviam saído da escola e poucos novatos entravam a cada semestre, de modo que, à medida que os anos se passavam e aqueles jovens cresciam, Chris tinha cada vez mais amigos, seu saldo de gols crescia, alcançava a aprovação com o mínimo de esforço nas matérias e ficava cada vez mais bonito e mais querido pelas meninas da escola.
Apesar de tudo isso, o ego de Christopher não era inflado. Diferente de alguns de seus colegas, que eram metidos e maltratavam as pessoas que não pertenciam ao seu círculo, ele costumava tratar todos de maneira igual, com certas preferências, é claro, mas sem ser indelicado ou arrogante. Estas características destoavam-no dos demais, fazendo-o ser ainda mais amado pelos professores. Entretanto, pecava por omissão. Não interferia no comportamento dos amigos, nem lhes chamava a atenção e, algumas vezes, soltava risadas de uma ou outra piadinha sem graça sobre algum colega de sala. Podia-se dizer dessa maneira que Chris participava das ações de seus amigos contra os demais estudantes, ainda que não fosse o autor direto. Sua sala possuía cerca de trinta alunos, mas a turma de Chris correspondia a mais ou menos um terço deles, entre meninos e meninas, além dos colegas de outras classes da escola, sendo a maior parte do Ensino Médio. Desse "pequeno grande grupo", havia ainda um subgrupo, do qual faziam parte Chris, Jéssica Monteiro e suas duas amigas inseparáveis - Vanessa e Fabiana -, outras garotas menos influentes, Tiago - melhor amigo de Christopher - e mais cinco ou seis garotos cujos laços com Tiago e Chris eram estreitados pelo futebol que praticavam dentro e fora da escola.
Quando entraram para o Ensino Médio, Christopher e seus colegas aderiram à onda do momento: se tornarem fortes e musculosos através da malhação pesada. Entretanto, ao contrário de alguns rapazes que conhecia, Chris não tinha coragem de tomar anabolizantes, tinha medo de morrer e era receoso quantos aos efeitos colaterais. Não se importava em vê-los adquirindo o corpo desejado de maneira rápida. Chris preferia se esforçar mais na academia ao invés de aderir ao "efeito bomba".
Era verdade que os garotos naquele momento passaram a se preocupar muito com a aparência e com a impressão que deixariam nas meninas, mas isso não perecia ser problema para Chris. Com seus cabelos castanhos escuros bem curtos, seus olhos cor de mel e seus 70 quilos distribuídos por 1,75 metros de altura, chamava atenção de praticamente todas as garotas do colégio. Sentia-se seguro em relação a isso, escolhia a dedo a menina com quem ficaria em cada festa. Não estava disposto a namorar naquele momento, embora uma noite fosse suficiente para deixar as garotas aos seus pés.
Chris nunca havia se apaixonado de fato. Talvez tenha ficado impressionado com uma ou outra garota, mas logo a esquecia em detrimento de outra mais bonita. Não era o tipo de cara que ficava pensando em alguém, ansioso ou criando expectativas. Geralmente, interessava-se por uma menina em razão da aparência e, como não passava muito tempo com a mesma pessoa, não se importava muito com a personalidade e o caráter dela.
Havia namorado Jéssica Monteiro por um breve período, durante o Segundo Ano. Ela era a garota mais bonita da escola e já há algum tempo se insinuava para Chris, dando a entender que estava interessada nele. Não havia motivos para Chris ignorá-la. Chamou-a para sair, depois foram a uma festa juntos, se encontraram mais algumas vezes durante cerca de dois meses. Fora o tempo mais longo que passara com uma garota até então. Contudo, Chris não sentia nada por Jéssica além de atração física, e percebeu que ela, ao contrário, gostava muito dele e esse sentimento crescia à medida que ficavam juntos.
Numa noite, Jéssica o convidou para ir até a casa dela, pois seus pais estavam em uma festa e chegariam bem tarde. Chris entendeu sua intenção. Aquele convite não significava outra coisa a não ser estar sozinho com uma garota e livres para fazerem o que quisessem. Era uma proposta tentadora e Jéssica Monteiro era mesmo linda. Mas Chris não foi. Inventou qualquer desculpa para se esquivar e depois de alguns dias terminou o relacionamento com ela. Embora ele nunca a tivesse pedido em namoro, era assim que Jéssica entendia o relacionamento deles, portanto não bastava que Chris deixasse de procurá-la, ele tinha de romper com ela, com todas as letras. E foi o que fez. Jéssica chorou horrores na hora do recreio e toda a escola ficou sabendo sobre o assunto. Como justificativa, Chris disse apenas que não queria ter um relacionamento sério naquele momento, o que não era de todo uma mentira. Entretanto, omitiu o fato de que nunca esteve realmente interessado naquela garota e não queria levá-la para cama aproveitando-se dos sentimentos que ela tinha por ele.
Para aquele rapaz, seus amigos eram o seu maior interesse e passavam grande parte do tempo juntos, dentro e fora da escola, jogando bola, vídeo game, estudando, conversando trivialidades, malhando juntos na academia, entre outras coisas de garotos. Dentre todos os colegas, Chris tinha uma amizade mais forte com Tiago, eram muito unidos, pediam conselhos um ao outro, sentiam-se como irmãos. Passavam muito tempo juntos, eram parceiros, como costumavam dizer. Às vezes brigavam, até mesmo usando a força física, mas em pouco tempo voltavam às boas novamente.
Até aquele momento, Chris havia conseguido quase tudo o que queria e sentia-se confortável naquele último ano escolar. Seria o início de uma boa despedida, para então passar a aproveitar o que a universidade poderia proporcionar-lhe a partir do ano seguinte... Foi quando viu Clara pela primeira vez.
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Um Ano Bom - Degustação
RomanceChristopher é um aluno querido na escola, sempre cercado de amigos e garotas. Vivendo seu último ano do Ensino Médio, com uma vida confortável até então, Chris vê seu mundo abalado quando uma nova aluna surge na classe, atraindo seu interesse e desp...