Capítulo Único

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POV Rosé

Não é um sentimento que eu pudesse apagar facilmente. Não era uma coisa passageira, não era como uma fome que podia ser saciada, aquilo era como um vício, eu sempre queria mais, e tudo o que eu tinha nunca era o suficiente. Cada toque, cada entrelaçar de mãos, todo simples roçar era muito pouco para a necessidade avassaladora que eu sentia toda vez que a via. Jisoo era tudo que eu sempre sonhei para mim. A pessoa pela qual eu era loucamente apaixonada. A pessoa pela qual eu sinceramente largaria tudo que tenho, só para que ela vivesse ao meu lado, para que me amasse.

- Chae? - Eu despertei quando uma voz me chamou. Lisa estava ao meu lado como um passe de mágica. E assim, também, como um passe de mágica, ela arrancou o papel de minhas mãos. Eu pulei da cadeira no mesmo segundo, tentando tirar o papel dela. Não era para ninguém ver aquilo! Ninguém! Nem mesmo minha melhor amiga, qual sabia tudo aquilo que eu estava escrevendo.

Passei minha mão pela sua cintura e tentei tirar de todo o modo o papel de suas mãos, mas aquela girafa não era mole. Ela me impediu de todas as formas, até acabar e ler o que eu tinha escrito.

- Lisa! - Exclamei irritada. Ela riu fraco, me entregando o papel.

- Não acredito que ainda continua se derramando no papel. - Passei os dedos devagar pela página de meu diário. - Você é a pessoa mais centrada e decidida que eu conheço, Chae. - Ela passou a mão pelos cabelos, me analisando por alguns segundos - É única. Tão singular que, mesmo escondendo seus sentimentos assim tão dentro de você, é a que tem mais coragem de se expor. - Concordei.

- Eu sei. Mas é que... Tenho medo de ser rejeitada. - Confessei. Nunca que Lisa esperaria aquilo vindo de mim, o medo de ser rejeitada. Mas eu era a senhora sinceridade, então, ela já estava acostumada. - Ela nunca iria olhar para mim da mesma forma, não é?

- Jisoo nunca iria deixar de ser sua amiga por causa dos seus sentimentos por ela. Se ela não gostar de você da mesma maneira, ela iria te respeitar do mesmo jeito. - Lisa disse se abaixando ao meu lado e pegando em minha mão.

- Lisa, você ainda não entendeu, não é? - Sorri para ela - Não é a Jisoo que me preocupa nesse quesito. A conheço o suficiente para saber que ela faria o que você diz. Mas, eu não me sentiria assim. Eu a amo demais. O ponto X da questão sou eu, não ela. Eu não conseguira, na verdade, não consigo mais olhar ela somente como amiga. E, se me declarasse, eu não... - Senti lágrimas quentes descerem sem permissão pela minha face. Era doloroso. Lisa passou suas mãos delicadamente pelas minhas costas e me fez encostar se a seu ombro. - Eu não conseguia me conter. É por isso que escrevo. Para desabafar, extravasar meus sentimentos que não consigo expor. É tudo por medo, medo de perdê-la, medo de não conseguir me conter. Quero só perder esse medo, Lisa. Só isso.

- Você irá conseguir! Você vai. - Ela beijou minha testa e afagou meus cabelos. - Tudo vai dar certo. Okay?

- Okay. - Eu ri fraco.

- Que tal assistirmos algo, hum? Nunca mais passamos um momento de qualidade juntas. Esse seria o momento perfeito. - Ela se levantou e me ajudou. - Pizza, sorvete e um filme meloso que você gosta. O que acha? - Acho que sorri de orelha a orelha para ela.

- Perfeito. - Ela riu e corremos para a sala de minha casa.

●●●

Eu estava sentada em um dos bancos da pracinha que havia perto de casa. Não era um horário comum no qual as pessoas iam para lá, então, não havia quase ninguém andando por ali. Era o local perfeito para que eu escrevesse em meu diário, sem que ninguém ficasse perturbando meus ouvidos. Minha mãe ultimamente estava muito curiosa com relação às pessoas que eu gostava, perguntava se eu tinha namorado e com quem eu saia, e sinceramente, tudo isso me deixava um pouco irritada. Eu não queria falar para ela daquele jeito que eu gostava de meninas, e não de meninos. Que eu nunca iria ter um namorado e coisa e tal. Eu já estava para sair de casa, já tinha visto apartamentos bons, aqueles quais eu podia comprar, e tinha recebido naquele mês uma promoção no meu trabalho, não queria entregar aquela provável decepção para ela agora. Claro, eu não deixaria de contar, pois aquilo era eu, mas eu iria me consolidar, preparar o terreno e assim contar. Não era o momento... Ainda. Então, era por isso que eu estava ali em pleno domingo.

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