O que fazer quando não se tem inspiração?
Assim se perguntava a garota, olhando para o computador, que estava aberto na parte de escrever. Ela mexia os dedos, estalava-os, mas nada vinha à mente. Ela sentia que deveria escrever alguma coisa, mas o quê? O que escrever quando não vinha nada à mente?
Já tendo a ideia do que poderia fazer, a garota pegou um bloquinho de notas, uma caneta e saiu pelas ruas da Coréia do Sul.
Era primavera, e as ruas pelas quais ela caminhava estavam cheias de cerejeiras florescendo, dando aquele toque suave num ambiente tão industrializado. Das flores, emanava um doce aroma, do qual ela teve vontade de cheirar mais e mais. Teve até de se encostar no tronco da cerejeira apenas para inalar o doce aroma que dela exalava. Aquele aroma doce cobria o odor da fumaça dos carros que passavam. Ela sentou-se ali mesmo, encostada ao tronco da árvore, e destampou a caneta, para começar a escrever no bloquinho de notas, mas nada veio. E então, decepção encheu seu coração; decepção consigo mesma, porque ela não conseguia ter uma ideia para fazer uma fanfiction. Qualquer coisa. Poderia ser qualquer coisa. Poderiam dar a ela uma borboleta, e com sua imaginação, faria um reino secreto e mágico, onde as sereias e fadas existiam. Mas não, ela já havia escrito sobre isso. Poderiam dar a ela uma águia, e ela a transformaria no bicho de estimação do vilão ou no herói da história, mas também já havia escrito sobre aquilo.
Um vento forte soprou naquele momento, bagunçando seus cabelos e jogando boa parte das pétalas das flores em seu cabelo, e o resto, no chão. A garota praguejou um pouco, estava sem inspiração e até o próprio vento estava caçoando dela, é isso mesmo? Ela riu em seguida, pelo mesmo motivo que havia praguejado.
- Quer ajuda? - alguém perguntou risonho, acima de sua cabeça. Ela levantou o rosto, encontrando um garoto parado, com a mão estendida para ela.
- Não. Eu estou bem - ela falou, dispensando a ajuda do garoto,que riu e se abaixou, olhando-a nos olhos.
- Não é o que parece.
- Mas é o que estou dizendo - ela insistiu, fria. A garota sabia que ele não tinha culpa do que estava acontecendo a ela, o famoso "bloqueio de escritor", mas do mesmo jeito, a garota precisava de algo para descontar sua raiva, ou para se acalmar. E naquele momento, ela estava começando a ficar com raiva.
- Calma - ele levantou as mãos na altura dos ombros, em sinal de rendição. Como ela não falou nada, ele perguntou: - Qual é o seu nome?
A garota teve receio em responder. Deveria dizer seu nome a um estranho ou deveria ficar calada? Ela observou o garoto: tinha cabelos castanhos num bagunçado bem charmoso, os olhos puxados eram a coisa mais fofa que ela já tinha visto na vida, e sua boca lançava um sorriso convidativo à ela. Ele não parecia querer lhe fazer nenhum mal, então contou seu nome:
- Jung HaeMin.
- Parece nome de homem - ele reparou.
- Culpe minha mãe por isso - HaeMin falou, pondo um mínimo sorriso nos lábios. A culpa realmente não era dela por ter esse nome, do qual ela não gostava. - E qual é o seu nome?
O garoto hesitou em responder, e assim, HaeMin achou que ele estava se questionando da mesma maneira que ela, sobre dizer seu nome à um estranho. Hae não pode negar que teve certa curiosidade naquele garoto, justamente pelo fato dele ter se abaixado e perguntado se ela precisava de ajuda. Quer dizer... Qualquer pessoa poderia ter feito isso ao ver uma garota com o cabelo cheio de pétalas de flores de cerejeira, não é mesmo?
- Meu nome é Kim TaeHyung - ele respondeu.
- Parece nome de menina - ela tentou fazer a mesma piada sem graça que Tae havia feito com seu nome.