Bônus (2)

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Parei de escutar a conversa dos gratos e foquei nas frutas que eu precisava pegar. A dificuldade era carregar Helena e pegar as frutas. Acabei pegando um carrinho com cadeirinha para bebê e coloquei ela.

-Pequena fica aqui, não chora okay? - falei, e me desdobrei para ficar conversando com ela é pegar as frutas. Eu acabei descobrindo que multi-tarefas é uma coisa que eu não sou.

-Disculpé me - falei, pelo nervosismo de ter trombado em um completo desconhecido no mercado, em espanhol - quero dizer, sorry

-Não faz mal - olhei para cima e ele tinha um sorriso no rosto enquanto balançava a cabeça, ele tinha pele clara, cabelo e olhos cor chocolate, parecia ser alguém fofo. Era o tal Aaron de quem eu escutava a conversa com o outro garoto que ele chamara de Cameron.

-Faz, eu sou um desastre - falei me virando para Helena, que já começava a resmungar no carrinho, ela adorava uma atenção.

-Não deve ser fácil, cuidar de uma criança, com a sua idade - meu Deus, agora o tal moço achava que eu era mãe da minha irmã, que lindo. Mal cheguei nos Estados Unidos e as coisas começaram a ficar confusas.

-Não, não - falei largando as frutas e pegando Helena no colo - ela não é minha filha. É minha irmã.

-Meu Deus, desculpa - ele sorriu, minha irmã logo se acalmou enquanto mexia em meus cabelos, e provavelmente o deixava cheio de nós. - dessa vez quem errou fui eu.

-Não faz mal... eu acho - dei de ombros e sorri de canto

-Então... tchau - ele deu um pequeno aceno de cabeça e foi se juntar a os garotos malucos com os quais ele estava. E eu continuei tentando ser multi-tarefas, o que passou a dar certo já que Helena adormeceu.

Minha mãe logo chegou com o que ela havia ido buscar, e me ajudou ali. Terminamos as compras e fomos para a fila do caixa. E os meninos estavam ali.

-A Propósito, meu nome é Aaron - falou o menino quando me viu, antes de sair com o restante dos meninos.

Mais uma pessoa que eu sei o nome e nunca vou ver na vida.

Passamos toda compra e voltamos para casa, ou aquilo que eu deveria chamar de casa, era absolutamente estranho e a ficha ainda não havia caído, eu não havia assimilado o fato de estar em Los Angeles.

-Se quiser ir conhecer a vizinhança, eu dou um jeito em tudo aqui - minha mãe falou assim que chegamos em casa, eu só dei de ombros, não sabia se conhecer a vizinhança ia ser legal, eu era acostumada com meus amigos colombianos, com os quais eu havia crescido. Não com os Norte-Americanos.

-Não vai arrancar pedaço - falei por fim, e larguei as sacolas na cozinha, sai e fiquei olhando a rua, não havia muito movimento naquela parte da cidade, era uma das coisas que eu havia reparado.

Sabe quando você fica caminhando sem rumo? Foi exatamente o que eu fiz. Enquanto olhava as casas, que tinham a mesma estrutura da minha, apenas cores diferentes, e pensava na vida, apenas fiquei caminhando. Na verdade seria bem mais fácil se sentar e pensar, mas não.

-Vamos ver se você, dona Los Angeles vai ser legal como dizem, ou la ciudad del ángeles não é tudo que dizem - sim, eu estava falando sozinha, me sentei no meio-fio, já de volta a frente da minha casa.

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas tenho quase certeza de que foi muito. Porque só voltei para dentro de casa quando minha mãe saiu e me chamou. Eu realmente me perdia muito facilmente nos meus pensamentos.

-O que achou do lugar? - perguntou minha mãe quando entrei em casa

-Parece bom - falei, acho que tentando mais me convencer disso do que contar a ela o que eu havia achado dali

-chica, sabe que eu sei quando esta mentindo - ela disse me olhando, os olhos verdes dela eram do tipo que parecem analisar sua alma e desvendar tudo sobre ti, mas ela é minha mãe.

-Não sei se queria estar aqui - falei por fim - quer dizer, Los Angeles é o sonho de consumo de meio mundo, não o meu.

-Sabe que não estariamos aqui se não precisassemos, mas precisamos - ela colocou a mao em meu ombro e sorriu - você vai gostar daqui, e vai acabar se esquecendo da tristeza de deixar muita gente pra trás.

brazilian girl ;; shawn mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora