Chuva, Livros, Café [E Corações Restaurados]

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O cheiro de chuva entra pelas minhas narinas trazendo uma tranquilidade incrível. Me faz até esquecer que estou em uma terrível bad, causada pelo meu, agora ex, namorado. Nunca gostei do prefixo "ex", é tão... Estranho. "Ex-amiga", "ex-namorado", "ex-escola", "ex-bacon-saltitante (nem sei mas do que eu estou falando, estou enlouquecendo, ai Deus)". Bem, pesquisei a definição em um site online qualquer e achei isso:

Ex (do prefixo ex-)
substantivo de dois gêneros e de dois números.

1. [Informal] Pessoa que já teve com outra uma relação de casamento ou namoro, em relação a esta última (ex.: tem uma relação conflituosa com as suas duas ex).

2. [Informal] Pessoa que deixou de ser alguma coisa.

Ou seja, o chamado "ex" já foi algo importante e que fez parte da nossa vida mas, por algum motivo, não está mais nela. Eu poderia ficar aqui falando por horas e horas sobre o meu ex-namorado e explicando o porquê do nosso término. Mas acredito que você, leitor, não se importa em saber essas coisas. E de qualquer maneira cansei de ficar revirando essa história vinte e quatro horas por dia, ou melhor, doze, eu preciso dormir, não é? E é por esse motivo que decido ir até a biblioteca da cidade, mergulhar em histórias alheias enquanto me embebedo de café. Ótimo programa para essa linda e bela tarde chuvosa. Chuva, livros e café.

Visto um vestido marrom, minha cor favorita (um pouquinho peculiar, essa sou eu), calço um de meus tênis, (cuja marca não faço a mínima ideia, tênis é tênis), pego minha bolsa com tudo que preciso para essa voltinha, que não é muita coisa, e pego meu guarda-chuva amarelo. Antes de sair aviso minha mãe, que diz o que eu já previa:

— Dona Clarice, saindo de casa, depois de duas semanas enfurnada dentro de casa sem ver a luz do dia? Por isso que está chovendo! Vai lá, tome cuidado. Está levando um casaco? Mais tarde vai esfriar.

— Não, mãe, vou buscar. — Respondo Dona Margot, vulgo minha mãe, e vou até meu quarto buscar uma jaqueta jeans.

~♥~

Enquanto caminho posso escutar o barulho de meus tênis sobre o chão úmido e o pequeno barulho de cada gota de água caindo pelo meu guarda-chuva, que me trazem uma certa paz momentânea. Imagina ser uma gota de chuva? Estar lá, nas nuvens, contando a quantidade de gotas que chegam de lá debaixo, esperando ansiosamente o momento de se libertar. Se jogar daquela nuvem, que mais parece um pedaço de algodão doce, e então, voar, voar, voar. Até cair.

Chegando na biblioteca, mostro o meu cartão para a recepcionista e vou em direção à cafeteria do lugar. Peço um café com leite quentinho, ah, como eu amo café... Tem gosto de manhã, de sorriso e de biscoito amargo.

Me perco naquelas estantes que cheiram a livros, um dos meus cheiros preferidos, que só perde para o cheiro de grama molhada e o de chuva. Escolho algum exemplar aleatório que me atraiu pela capa, e pelo seu cheiro, e vou em direção à mesa do canto, ao lado da janela, onde posso escutar ao fundo o barulho da chuva vindo de lá de fora.

~♥~

Mas as perguntas não vêm com respostas convenientemente anexadas e eu sempre soube que havia um paradoxo. Uma partícula e uma onda. Ação fantasmagórica ao longe. Julho e no- *

Sou interrompida por uma leve cutucada no ombro. Ergo minha cabeça na direção da pretensiosa cutucada, desviando a minha atenção, que antes estava no livro que seguro em minhas mãos, para o indivíduo de cabelos encaracolados que está na minha frente, esperando por uma reação minha.

— Olá? — E essa foi a minha "incrível" reação.

— Olá! — diz enquanto sorri, gesto que faz suas covinhas aparecerem, fofo — Eu queria saber se... Posso me sentar aqui. Com você. Quer dizer, na mesma mesa que você. É que essa é a única mesa da janela disponível... E... — tenta se explicar com suas bochechas levemente coradas — Eu gosto de escutar o barulho da chuva enquanto leio, é bom. Então, posso?

Chuva, Livros, Café [E Corações Restaurados]Onde histórias criam vida. Descubra agora