Gabriel sentou-se pesadamente no sofá de dois lugares que ficava no seu quarto antigo, na casa dos pais. Velho e gasto, mas ainda confortável, o tecido marrom claro estava bastante manchado e puído. Esticou as pernas, fechou os olhos e pensou no Luke. Que saudade das ocasiões em que agarrou, beijou e possuiu o corpo dele ali! Que saudade! Quase podia sentir o cheiro... A saudade que não cabe no peito e escorre pelos olhos...
Acariciou o tecido gasto com a mão esquerda lembrando-se da pele de Luke, tão macia! Seus pais trabalhavam muito e viajavam com tanta frequência que ele podia trazer o "amigo" tantas vezes quanto quisesse para ver filmes, para conversar ou para o que ele quisesse sem que ninguém questionasse ou desconfiasse de algo. E assim ele fez. Luke na verdade era Lucas, mas sempre sofisticado, seus amigos e até sua mãe o chamavam assim.
Gabriel tinha sido o primeiro homem daquele garoto delicioso. Com dezoito anos Luke se entregou facilmente depois de umas cervejas e de uma conversa animada. Gabriel, apaixonado há tanto tempo, há tanto almejava aquela oportunidade. Oportunidade essa que ele julgava tão improvável e veio assim de repente pegando-o de surpresa.
Luke descobriu-se tardiamente. Antes ele tentava afirmar-se como macho pegador "comendo geral" as menininhas mais fáceis do Ensino Médio, as famosinhas da rua e quem mais desse mole. Mas Gabriel tinha certeza de que Luke nutria algum desejo oculto pelo mesmo sexo desde menino. E tinha certeza de que não estava ficando maluco quando o via analisar mais detidamente um vizinho dos avós, um homem mais velho e do tipo sedutor. Gabriel via desejo nos olhos dele e também curiosidade, mas achava que ele nunca se assumiria, nem para si mesmo. Qual não foi a sua surpresa quando viu que aquele Luke meio bêbado que se abraçava nele procurava a sua boca para um beijo. Nossa, e que beijo!
Os dois vinham andando pela rua rindo e falando besteira depois de uma festinha na casa de um amigo, ambos muito alegres, quando Luke começou a se apoiar nele, meio bambo. Todo molinho e dengoso. Gabriel pensava na possibilidade de levar o Luke bêbado para sua casa, mas nunca, nunca mesmo se aproveitaria dele naquela situação. Aliás, em situação nenhuma. Estava pronto para protegê-lo de tudo e de todos, inclusive dele mesmo se necessário fosse. Mas quando entraram no quintal de sua casa Luke agarrou-o, pondo o rosto em seu pescoço e as mãos em seu peito. Gabriel lembrava-se daquele momento como se tivesse acabado de acontecer. E olha que já haviam se passado quase seis anos.
- Tá chapado homi? - ele perguntou rindo.
- Tô nada pow, tô é alegre, isso sim.
- Alegre... - os dois cada vez mais abraçados, Luke puxando-o para baixo. Luke tinha 1,75 de altura, dez centímetros a menos que Gabriel. Na época ele tinha um corpo quase magro, ainda em formação, mas nos últimos anos tinha investido forte na malhação, ficando com os músculos definidos.
Do nada, Luke começou a beija-lo puxando sua cabeça para si. Esfregava-se nele, sem se importar com mais nada, beijando-o cada vez mais intenso e safado. Gabriel assustou-se. Ele, que prometera a si mesmo ser paciente, cauteloso, não ir com muita sede ao pote, não teve como se segurar quando aquele carinha delicioso estava quase implorando para ser devorado. Olhou-o por alguns segundos e acionou o botão foda-se, caiu de boca nele, beijando-o com vontade mesmo e aproveitando cada centímetro daquele corpo. Aproveitou bem aquela boca que sempre lhe vinha em sonhos, carnuda e com dentes perfeitos, desceu para o pescoço, saboreando aquela área que ele sempre soube ser o ponto fraco do rapaz. Entraram em casa e foram aos tropeços para o quarto.
Luke parecia afoito e impaciente. Tirou a camisa de Gabriel e sua própria muito rapidamente e foi se jogando no sofá, completamente entregue. Gabriel enlouqueceu quando Luke abriu sua calça e quis chupa-lo meio desajeitado, sentado e ele em pé. Foi surreal. Ele teve que se segurar e acabou por interromper o boquete para não gozar logo, e Luke pareceu gostar muito de fazer aquilo. Levantou-se do sofá tirando o resto da roupa enquanto o amigo o olhava hipnotizado. Beijaram-se mais uma vez, Gabriel apalpando e deslizando as mãos pela pele morena, um tom diferente de qualquer outro que ele já tinha visto, resultado de uma mistura fatal, o pai negro e a mãe branca. Luke reagia como uma gatinha no cio, gemendo dengoso com os toques das mãos brancas de Gabriel.
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Querido Luke
Mystery / ThrillerO suposto suicídio de um jovem choca uma cidade e põe seus amigos a trabalhar em busca de respostas. Um print de uma conversa, um vídeo gravado e uma ideia fixa levam a jovem Ramila a interpelar a delegada, uma mulher que está voltando ao trabalho a...