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— Bukhansan, por favor. — disse Hoseok ao adentrar o veículo.

— O caminho é longo. — falou o motorista.

— Tudo bem, eu pago.

Um silêncio se instalou no carro. Hoseok voltava sua atenção para os postes de luz, que iluminavam aquela noite nublada.

Depois de algum tempo, resolveu quebrar o gelo:

— Você não se sente sozinho? — perguntou ao motorista. Demorou um pouco para que o homem percebesse que a pergunta fora direcionada a ele.

— Oh... Às vezes. — respondeu, simples.

— E o que faz para afastar essa sensação?

— Eu ouço música.

— Me desculpe, mas eu não perguntei o seu nome...

— Changkyun.

— Hoseok.

O motorista lhe enviou um sorriso pelo retrovisor:

— É casado? — perguntou Changkyun, ao perceber que Hoseok carregava uma aliança na mão direita.

— Não, não — deu uma risada anasalada. — Eu namoro. À três anos, basicamente.

— Ela deve ser muito feliz. — Changkyun disse, e viu Hoseok dar uma risada.

— É um cara. — riu mais uma vez ao ver a expressão surpresa do motorista.

— Oh... — sorriu nervoso. — Ele deve ser muito feliz.

— Tudo bem, não fique nervoso. — viu o motorista relaxar os ombros. — Você não é muito jovem pra ser taxista?

— Sou. Eu comecei a trabalhar muito cedo. Mas, eu não vou te contar minha vida, eu mal te conheço.

Hoseok riu diante a rudeza de Changkyun:

— Eu também tive que começar a trabalhar cedo. Alguém tinha que sustentar a família. Meu pai largou minha mãe quando eu tinha quatorze anos.

— Oh... Eu sinto muito. — falou o motorista.

— Ah, não sinta. — o silêncio voltou à reinar no carro. — Hyungwon não gosta de táxis.

— Quem? — Changkyun o olhava com uma cara confusa.

— Hyungwon. Meu namorado. Ele não gosta de táxis. Na verdade, ele não gosta de carros, diz que são muito fechados e ele é um espírito livre.

— Ele tem uma moto?

— Sim.  — suspirou. — Eu acho que não devia estar falando isso para você, já que você é apenas um taxista que não tem nada haver com meus problemas, mas tudo bem. Tem um tempo... Bastante tempo, que eu ando me sentindo sufocado. Eu não sei se você entende... Mas, é como se a cada dia que eu acordo ao lado dele, eu me sentisse mais sem ar... Quer dizer, eu amo o Hyungwon, é só que... Eu não sei, eu apenas... Às vezes, sinto que posso sair pela porta e jogar tudo para o alto, mas eu sei que não posso, porque vou estar sendo como o meu pai e eu não quero ser igual a ele... O Hyungwon cria discussões por qualquer coisa e eu não sei como reagir, na maioria das vezes. Ele sempre diz que o que eu faço 'tá errado... Eu não sei, e também não sei o porquê estou falando isso para o senhor. Me desculpe.

— Nossa. Você fala demais. — disse Changkyun, parando o carro e virando-se para poder encarar o passageiro. — Não se desculpe. Apesar de você não saber se estou falando a verdade, acredite, eu já passei por isso. Kihyun era do mesmo jeito do seu namorado.

— E o que você fez? — perguntou Hoseok, ansioso.

— Eu terminei com ele. — disse, simples. — Mas converse com ele. Com o Hyungwon, não o Kihyun. Fale o que você está sentindo, coloque todas suas dúvidas e questões na mesa. E se não houver outra saída, rompa com ele. O Hyungwon irá entender, eu acho. Funcionou com o Kihyun.

— Obrigado, Changkyun. Eu... Eu irei falar com ele. Obrigado mesmo.

Changkyun voltou a sua posição normal e o veículo voltou a se mover. Seguiram o resto do caminho.

Enfim, chegaram à Bukhansan. Hoseok entregou o dinheiro á Changkyun e, em troca, recebeu um pequeno papel dobrado. Franziu o cenho:

— Depois de... Você sabe, resolver com seu namorado, me liga. — disse o motorista, logo após acelerando o veículo e indo embora, deixando um Hoseok, com um sorriso tímido nos lábios, seguindo para sua casa.

TAXI, wonkyunOnde histórias criam vida. Descubra agora