O Renascimento de Vênus.

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Cá estou eu, Hansel Prescott, 16 anos, gostos estranhos e saindo de um internato.
Originalmente eu sou de Newsport, uma cidade situada no centro do País de Gales, porém arrumei encrenca e tive que me mudar para Swansea que fica no litoral Sul daqui...  Depois de meses vejo minha mãe, continua pálida com sua cara levemente marcada pela velhice. Faz de tudo para parecer nova mas ela tem seu charme, tenho um irmão mais novo de 13 que é autista, uma irmã de 12 que evita contato social e um mais velho que trabalha no Jornal de Londres, não vejo ele desde meus 12 anos.

Minha nova escola segundo minha mãe, disciplina jovens desordeiros como eu... O ônibus irá me buscar amanhã de 7:30 e ficarei até as 4 da tarde no colégio. Sinceramente, ir para um reformsatório era uma idéia bem legal...

Acordo no meu quarto escuro, o relógio avisa que são 6:30 da manhã. Abro a cortina, nada de novo. Bairro calmo, sem qualquer movimentação, o silêncio predomina tanto que posso ouvir o ranger da porta do vizinho.  Vou ao espelho e me observo como o usual,  cabelos curtos em camadas e negros, mechas azuis nas pontas pouco discretas. Pele pálida, olhos negros. Estereótipo de garotinha indie de cidadezinha pouco movimentada, essa sou eu. Fui em direção ao banheiro e me tranquei lá me preparando psicologicamente para estudar novamente, retiro meu moletom e fico apenas de calcinha.  Aquilo fedia à mofo puro, não era lavado à séculos... Joguei em qualquer canto daquele banheiro e retirei minha calcinha. Entrei no chuveiro, a água estava levemente aquecida. Passei um bom tempo lavando os cabelos, estavam ressecados... Eu realmente não tinha o hábito de cuidar deles.

Passaram poucos minutos e saí do banho, me sentia limpa. Fui ao quarto e lá estava meu uniforme, saia cinza, camiseta branca com gola losango, e um casaco cinza com um detalhe do colégio cinza. Parecia tudo tão deprimente, sequei meu cabelo com uma toalha e então apliquei um pouco de óleo para fixar, o ajeitei de forma que minha franja não caísse em meus olhos. Coloquei uma meia calça 7/8 preta e um sapato preto, eu estava pronta.

Desci as escadas e lá estava minha mãe, Judy Prescott, me encarando com a pior cara de todas.

ー Estás atrasada!
Ela batia o pé no chão leve e apressadamente, significava irritação.

ー Tá...
Indiferente, peguei uma torrada e passei geleia de uva de porção abundante. Comecei a mastigar a comida.

ー "Tá?" Ophélia, eu te esperei tanto tempo. Paguei a mensalidade do melhor internato feminino do país, para você ser expulsa por coma alcoólico e uso abundante de nicotina no banheiro?
Sua pálpebra inferior tremia quando ela estava magoada, era o que ocorria no momento.

ー Perdão, Judy Prescott. A Rainha! a Madame! a Dama da noi-...

Ela forçou uma cara irritada então cortei a fala.

Eu não fumo, você sabe que é um hobbie segurar o cigarro na boca...
Ela me olhou indignada e pareceu não entender bem a situação mas se pronunciou mesmo assim...
O que eu queria dizer é, comporte-se na Newleast Blood. Lá é uma escola boa, certeza de que acharás alguém que te leve para o caminho bom.

ー Newleast? Não é aquela escola que alunos atearam fogo e urinaram na sala do diretor?

Gwen, minha irmã mais nova segurou o riso mas pude ouvir algumas gargalhadas falhadas saindo da sua boca cheia de comida.

ー Ophelia, você sabe que isso foi calúnia...

ー Não temos a mesma intimidade, não me chame pelo primeiro nome...

ー Querida, eu não quis colocar você num internato.

Ouvi buzinas do ônibus lá fora, peguei a última torrada e minha mochila xadrez vermelha. Parti para o ônibus deixando minha mãe falar sozinha atrás...

The Birth of Vênus.Onde histórias criam vida. Descubra agora