Capítulo 1

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"Você está correndo, está ficando sem fôlego e sente que seus músculos estão começando a se entregar ao cansaço. Seu objetivo é chegar a um lugar seguro, fugir da tribulação que está à alguns passos de você. O que você faz?"

- Não consigo! Não consigo ver qual é o perigo! - sua voz está rouca e oscilante pelo efeito do procedimento.

- Não foi isso que perguntei. Quero saber o que você faz! - tento transmitir firmeza para não por em risco toda a operação.

Suas mãos começam a tremer, indicando que o ambiente está instável. Dou mais uma dose do soro para manter sua respiração constante.

- Concentre-se no objetivo, não tente desvendar a imagem! - falo enquanto ele continua a operação, ele não pode mais me responder, mas acompanho cada progresso na projeção as minha frente.

Você está correndo para um lugar seguro, sabe que o perigo te persegue e que não pode perder tempo olhando para trás. Sua única chance está a sua frente.

-Dr. Valery o procedimento foi interrompido, há uma interferência na pressão sanguínea. Não podemos continuar.- O agente me informa o ocorrido enquanto vejo toda a estrutura do procedimento se desfazer na projeção.

Erik permanece imóvel, o soro ainda está em seu sangue e não podemos interferir enquanto seu organismo não absorve a droga.

- Ele não vai aguentar outro procedimento Dr. Valery, precisamos de outro COB (consciente operante básico) para continuar.

-Chegamos tão perto... - falo inconformada com o resultado do procedimento. - irei avaliar os próximos candidatos.

Deixo a sala de operações e caminho firmemente para meu laboratório privado. Todas as fórmulas, todas as equações, protocolos de procedimentos e objetivos de pesquisa saíram deste lugar.

- Boa noite Dr. Valery! - escuto meu nome, mas não levanto meu olhar ao segurança da ala Norte, meu único instinto é acenar com a cabeça e responder à sua cortesia.

-Boa noite Lenny... - minha voz em nitidamente vaga e cansada. Aprecei meus passos à fim de fugir dos possíveis cumprimentos ao longo do caminho até meu laboratório.

Não ouço mais nada além do som dos meus sapatos, marcando meu ritmo no chão firme e reluzente. Passo por mais alguns corredores e alguns agentes, mas minha fisionomia deve estar muito alterada, pois não escuto mais nenhum cumprimento de "boa noite".

Assim que entro no corredor e avisto ao fundo minha porta, posso sentir os músculos de minha face se movimentando, como se estivessem dançando a dança da vitória. Levo minha mão ao rosto e noto que está um pouco dolorido, provavelmente por causa da tensão palpável que me acompanhou durante todo o dia. Que dia.

Um ano de treinamento jogado fora, a não ser pelas novas descobertas e falhas que pudemos corrigir, mas foi mais um ano, sem resultados.

Meu laboratório é composto por três ambientes. Entrando à direita é o lugar onde atendo meus superiores e faço as entrevistas de novos candidatos previamente selecionados antes de chegarem até mim. É basicamente um escritório comum, com telefone, agenda e uma cadeira grande e confortável daquelas que reclina o suficiente para que você possa colocar os pés sob a mesa. Minha mesa. Um caso sério já que não gosto de nada à vista, então deixo tudo nas gavetas. Normalmente minha mesa acomoda apenas um abajur, um porta-retratos com uma foto antiga de meus pais e um bloco de notas. Pode parecer ridículo usar papel, mas preciso de soluções simples para problemas simples. Não vou abrir meu sistema particular, carregar a nuvem, simplesmente para anotar um número de telefone... ou que hoje o jantar é às 21h.

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⏰ Last updated: Dec 09, 2016 ⏰

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COB - A evolução da mente.Where stories live. Discover now