SÓ QUERO DORMIR

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Enquanto os foguetes explodem no ar, arrancando alguns "UAU!" e "QUE LINDO!", eu reflito sobre a sorte que eu estou tendo... Há algumas horas atrás eu estava surtando porque era a pior pessoa em demonstrar meus sentimentos para o garoto que eu gostava, e agora aqui estamos nós abraçados e começando o que pretende ser o melhor ano... E foi bem clichê como tudo aconteceu, porque assim como em todos os romances açucarados e iguais, passamos por uma reviravolta e estamos tendo nosso final feliz...

***

— Bom dia filhota! Só mais 2 dias e já é Natal! — Cantarolava minha mãe enquanto me acordava em plenas 8 da manhã sem motivo algum.

— MÃÃÃE! — gritei. — Nem me lembre disso, você sabe que eu odeio o Natal, odeio essa decoração brega e essa viadagem natalina...

— Não diga isso Maria Luisa! Onde já se viu... A filha dos Almeida, que _sempre_ ganham com a melhor decoração do bairro, não gostar de Natal!

Isso mesmo eu não gosto do Natal. Todo ano mamãe faz questão de concorrer para melhor decoração de natal do bairro e, acredite, ela sempre ganha. Desde pequena eu nunca gostei de comemorar o Natal, porque minha familia faz questão de estragar o ano novo. Talvez você esteja se perguntando o que isso tem haver. Pois bem, eu vou explicar...

Ano novo... Ah, o ano novo! Pra mim sempre foi a melhor festa do ano – pelo menos enquanto eu era pequena – porque sempre íamos para a praia, pular 7 ondas, ver os fogos e, acredite, era bem magico pra mim.

Até aquele fatídico dia. Mamãe decidiu entrar em um concurso de "Decoração de Natal", e não é que a danada acabou ganhando?! Desde então, ela decidiu que se manteria no espirito natalino até à meia-noite de 31 de Dezembro. Eu achei o máximo e disse que seria muito bom comer rabanada até o ano novo – rabanada era minha comida favorita.

Bom me arrependo de tê-la incentivado até hoje...

***

— Marluuuu — chamou Stefany, minha irmã.

— O que foi? Por favor, eu só quero dormir!

— Ah, deixa de moleza, são quase quatro da tarde! Ninguém mandou virar a noite vendo série...

— Ah, cala a boca!

— Preciso que você vá comigo ao _shopping,_ precisamos comprar nossos presentes pro amigo ocul...

— Não! — Eu disse antes que ela terminasse a frase.

— Ah Marlu qual é! Esse ano vai ser bom, Pedro vai trazer os irmãos pra participar, inclusive o Lucas... E o Natal já é amanhã!

— _O Lucas vem?!_ — Acabei transparecendo minha empolgação.

— Hmmm... Vem sim. Se você for comigo te pago um açaí.

— _Açaí?!_ Vou me trocar.

Eu havia saído com minha avó no amigo oculto, mas não tinha a mínima ideia do que comprar. Mamãe era quem sempre comprava todos os presentes, mas nesse ano disse que teríamos que "nos virar", ou seja, _estava ferrada._

— Marlu? — disse ela. 

— Eu.

— Você ainda gosta do Lucas né?

— Não!

— Mas eu acho que ele gosta de você...

— Não gosta não.

— Mas...

— Mas nada, anda logo com esse _milkshake_ porque preciso comprar o presente da vovó!

Depois de olhar em várias lojas do shopping acabei entrando em uma onde vendiam coisas antigas. Encontrei uma miniatura de um balão de ar quente esculpido em madeira com cores vibrantes, do jeito que minha vó gosta. Acabei decidindo que esse seria o presente dela. Saindo da loja senti meu celular vibrando no bolso, uma mensagem.

*Número desconhecido:*
_<"Give me love like never before_
_'Cause lately I've been craving more_
_And it's been a while but I still feel the same Maybe I should let you go">_

Quem é que havia me mandado uma mensagem romântica? Engoli em seco.

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Esse foi o 1° capítulo, no total serão 4 e eu já estou terminando o segundo, provavelmente sai amanhã. 

*Tradução:*

"Dê-me amor como nunca antes

Porque, ultimamente, eu tenho desejado mais E faz algum tempo, mas eu ainda sinto o mesmo

Talvez eu deveria deixar você ir"

CLICHÊS NO FINAL DO ANOOnde histórias criam vida. Descubra agora