[Capítulo único]
As luzes na sala principal do bunker estavam ligadas. Não oscilavam e sequer indicavam qualquer desistência de fazer seu trabalho. Ao contrário de Castiel que, sentado à mesa, fitava o abajur com seus olhos azuis.
O anjo estava acostumado a ter mais de uma coisa em sua mente ao mesmo tempo. A rádio dos anjos sempre com informações, as recitações em enoquiano o lembrando constantemente da palavra de seu pai, os nomes dos profetas e dos protegidos...
Os protegidos...
Dean.
Ele já não se lembrava como era não ter Dean em sua vida. Há oito anos ele havia resgatado a alma do caçador no inferno. Mas cuidara de Dean desde o seu nascimento.
Simplesmente pensar tal nome limpava a mente bagunçada do anjo, liberando aos poucos somente as memórias que o humano o havia proporcionado.
Sussurrara em seu ouvido as palavras certas na hora de rezar. Segurara sua bicicleta no caminho de volta da escola. E quando Azazel esteve em sua casa, Castiel o guiou pelos corredores até que estivesse em segurança com Sam do lado de fora.
Fez muito mais que isso, na verdade. Todas aquelas caçadas suicidas que tinham tudo para dar errado. Ele sempre esteve lá, porque não era a hora de Dean. Não ainda.
E quando a hora chegou, Castiel chorou. Pela primeira vez desde a sua criação.
Na época seu trabalho estava apenas começando. Mas oito anos depois, estava ficando difícil encontrar qualquer motivação para não desistir de tudo, ir para o céu e nunca mais voltar à terra.
Castiel, o anjo rebelde que deixou tudo pela humanidade, estava desistindo.
-Cas? –Sam perguntou, entrando na sala em que o anjo se sentava e pausando sua linha de memórias.
Cas somente virou sua cabeça para encarar o caçador dos cabelos desgrenhados.
-Está tudo bem? –continuou Sam.
-Sim, e com você?
-É. Tudo ótimo. -suspirou um sorriso. Ele esquecia que com Cas as perguntas deviam ser completamente objetivas, para evitar confusões.
-Isso é bom. –o anjo disse simplesmente, voltando o olhar para o abajur.
-Aconteceu alguma coisa? –tentou Sam mais uma vez.
Castiel encarou-o novamente, agora apertando os olhos para tentar entender suas intenções.
-Não fiz nada, e ninguém fez nada para mim. –respondeu- Dessa forma acredito que nada tenha acontecido.
Sam sorriu e deu um leve tapa no ombro do anjo, indo para a cozinha.
Castiel levantou-se e o seguiu.
-Sam? –ele chamou sua atenção ao parar na porta do cômodo.
-Sim.
-Como posso saber que sinto amor por alguém?
Oh, não, pensou Sam, de novo essas perguntas. Droga.
-Por que quer saber? –acendeu a chama do fogão para esquentar água para um chá.
-Curiosidade, apenas. –respondeu Castiel após hesitar.
-Tudo bem. Hm. –tentou escolher as melhores palavras- Você sente seu coração batendo mais forte. Sua respiração fica pesada. E as vezes você sua um pouco.
-Mas todos esses sintomas são biológicos. –Castiel adentrou na cozinha e sentou-se à mesa- Me fale dos outros sintomas.
Sam queria saber de onde vinham tais dúvidas do anjo, mas era melhor evitar novas perguntas.
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Decisão • Destiel
Fanfiction-Dean, anjos não deveriam sentir coisas. -E daí, Cas? Você sente. E você não é um anjo comum. *Não sou criadora de nenhum personagem dessa pequena história*