Ah, Aquela Janela! Era uma das minhas prediletas da casa, me proporcionava observar as minúsculas flores que se enganchavam nos troncos das árvores, talvez, aquelas flores, fossem as únicas coisas que obtive de belo em toda a minha infância.
Correr incansavelmente pelos corredores sombrios que pouco me colocavam medo, dormir ouvindo os estralos daquelas podres madeiras que integravam o chão, ou sonhar que um dia os céus daquela Vila amaldiçoada deixariam de ter a cor da tristeza, essa era minha maldita rotina, uma pobre criança que nascera por jogada do destino em um lugar rodeado de amargura e ódio, e para minha melancolia eu pertencia a uma família que não possuía uma fama agradável na Região.
Nossa casa, era degradada por sentimentos inúteis, velha e assustadora, possuía diversos quartos jamais abitados e salas jamais adentradas, minha mãe Sra. Hinam, adorava uma decoração podre, teias de aranha, vidros com escorpiões, ratos mortos pendurados. Meu pai, Sr.Lond, apoiava todas as decisões de mamãe, era um homem cruel e muito rude, que transmitia medo a qualquer ser de coração bom. Sara e Benedit, meus irmãos, insuportáveis, e como já era de se imaginar, cópias idênticas de meus pais, péssimos seres, de corações horripilantes, faziam da minha vida mais que um inferno, uma tortura continua. Pelo visto eu havia nascido no lugar errado, a maldade que todos cometiam me doía a alma. Meu coração era diferente, eu não dominava a maldade, eu era apenas a Diane conhecida como a "ovelha negra" da família.
Durante anos fui rejeitada, a minha bondade de certa forma incomodava a todos. Era estranho, eu pressentia que algo não estava certo. Não havia explicação para todo aquele mal. E o sol? Porque nunca aparecera ?
Minha infância toda eu apenas aceitava os fatos. Mas, cresci, hoje tenho 18 anos e vou lutar para compreender meu destino.