11/06/16 1h30
Na casa do professor, Clarice podia ver um mundo de coisas que lhe eram desconhecidas. No porão havia um laboratório e corpos dissecados em cima das mesas. No sótão haviam vários quadros, pincéis e tinta. O quadro que mais lhe chamou atenção, medindo 2,5x3, ficava em cima de uma grande mesa, nele haviam várias mulheres nuas se afogando em um mar cujos os tons das águas eram mesclados de vermelho, verde e violeta. Algumas das mulheres tinham os olhos costurados e das bocas saiam imensas bolhas de sangue e elas pareciam se mover na imagem.
Enquanto o professor tocava uma de suas composições no piano a qual ele havia nomeado de O Sangue das virgens, tudo começou a perder o sentido na mente de Clarice, ela viu as mulheres saírem da tela com seus corpos frios e cadavéricos e a canção passou a ser acompanhada do canto daquelas mulheres. A cada intenta em que cantavam, os ferimentos iam desaparecendo como se seus copos estivessem revivendo até que se tornaram belas e vívidas donzelas a dançar harmoniosamente. Uma delas puxou pelo braço de Clarice, que começou a acompanhá-las na dança. Clarice sentiu uma sensação de algo lhe subindo pelas pernas como se um ser estivesse adentrando seu corpo, sentiu um êxtase tão intenso que não pôde se manter de pé e caiu, a visão se tornou meio turva e ela só conseguia enxergar as silhuetas embaçadas das moças dançando ao seu redor. Então, fechou os olhos e seus gemidos tornaram-se gritos cortantes impossíveis de conter, pois aquela sensação estava em todo seu corpo, apertava os seios com força e sentia os músculos de todo o corpo vibrarem.
Quando finalmente a música acabou, tudo cessou como se fosse um sonho e alguém a despertasse, ela abriu os olhos meio confusa, o professor a pegou nos braços e ela se deu conta de que estava completamente nua. O quadro ainda estava no mesmo lugar, mas a imagem já não era mais tão horrenda quanto antes. Passados alguns segundos quando o professor a colocou em cima da mesa, Clarice levantou-se e correu pelo corredor, desceu as escadas apressadamente para ir embora, mas a sua frente se deparou com o desconhecido. Olhou para o professor com olhos aterrorizados, ele vinha em sua direção com uma agulha e uma seringa contendo um líquido amarelado e suas mãos estavam sujas de sangue. Ele sorria com um olhar sinistro, "é hora de dormir, anjinho".
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Contos - O Mundo Além Dos Olhos
Short StoryClarice é uma doce menina que mora com os avós em um pequeno vilarejo de uma cidade chamada Alcarrapo. Um lugar que guarda uma história intrigante e misteriosa. Além do vilarejo, em uma casinha em forma de cogumelo, mora o excêntrico professor de...