–Vamos querida, vai se atrasar ! - diz minha mãe, descendo minha segunda e última mala.
–Já vou mãe, só vou pegar aqui um negócio e já estou indo... - disse procurando minha ursinha de pelúcia, que apelidei de July; havia ganhado, quando tinha 14 anos e fui para casa dos meu tios do Canadá, tio Pedro e tia Cristina (meus tios de consideração), e por sinal é para lá que estou indo. Achei ela dentro do meu baú, e a coloquei em cima da minha cama, prometendo voltar logo. Voltei para minha cabeceira e peguei a chave do meu carro (pajeiro full) e já ia saindo quando...
–Lola filha, vamos logo !Vai perder o voo assim... - dizia meu pai. Sorri e peguei minha bolsa, saindo com ele.
Meu coração estava um pouco apertado, por está deixando meus pais, minha casa, meu carro, meus pertences... mesmo sendo por só um ano, vou sentir saudade Brasil.
Entramos no carro e arranquei em direção ao aeroporto, chagando lá, estacionei e meu pai foi tirar as malas do bagageiro... seguimos em direção ao meu check-in da Air Canadá e foi rápido, despachei as malas e fomos para o portão de embarque...já disse que ODEIO despedidas ? É sempre triste. Pois é, não aguentei e chorei ao ter que me despedir dos meus pais.
–Tchau querida, boa viagem e se cuide !- diz minha mãe segurando as lágrimas. Abracei-a.
–Pode deixar, cuide-se e cuide do pai também !- disse indo abraçar ele, que sorria.
–Estou começando a pensar melhor a respeito de deixar você ir... - diz ele em tom de brincadeira. -Se cuida filha, e qualquer coisa ligue para nós, vamos estar sempre mantendo contato com o Pedro e a Cristina !...- ele fez uma pausa e ficou sério, como se fosse me dar uma bronca. -E se for necessário, mate o Vitor Hugo !- ele disse terminando com um sorriso e relaxei meus ombros rindo também.
– Pode deixar pai, esse já não me magoa mais !
"ÚLTIMAS CHAMADAS PARA O VÔO 487, DA AIR CANADÁ, DAS OITO DA MANHÃ..."– disse a voz do "aeroporto".
–Bem... tenho que ir, até mais, amo vocês, vou sentir saudades !- disse me despedindo e entrando no portão de embarque; entrei naquele túnel que leva ao avião e procurei minha poltrona de cabine, que estava logo na frente, lá no fundo só tinha classe B e C.
Devem estar se perguntando, por que meu pai falou que se eu precisasse, poderia matar o Vitor, néh ?Bom, primeiro o Vitor é filho da tia Cristina e do tio Pedro e a explicação é simples, quando eu fui para lá aos meus 14 anos, passei quatro meses lá, o suficiente para me apaixonar pelo Vitor, e depois que ele ficou sabendo; bastou ficar bravo comigo que em uma festa da tia Cristina, começou a gritar pra Deus e o mundo ouvir que era pra eu tirar meu cavalinho da chuva, que eu NUNCA teria chance com ele, que ele não era pro meu bico, que eu era uma gorda horrorosa (sim... eu era gordinha, mas só gordinha !) e mais um monte de coisas que na hora eu dei um belo de um tapa na cara dele e sai chorando e implorando pro tio Pedro, me por no próximo avião e me mandar de volta, jurando à mim mesma que jamais voltaria, mas...aqui estou eu !Com tudo eu mudei, além de ser maior de idade agora, estou magra e com minhas curvas um pouco trabalhadas. Tenho o cabelo castanho claro e os olhos castanhos, acho que hoje em dia estou bem comigo mesma, pelo menos mais segura de mim.
O restante das onze horas de viagem, dormi, e só acordei com o tranco da aterrissagem; me endireitei como pude, levantei pegando minha bolsa e sai do avião.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Será ?!
RomanceHeloisa, uma garota de 20 anos, resolve desenterrar o passado e voltar para o Canadá na esperança de dar a volta por cima no seu, talvez, ex melhor amigo de infância Vitor Hugo, que por sua antiga forma gordinha, à humilha na frente de muita gente...