Capítulo 2

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Por que eu ainda moro com meus pais? Porque é muito mais prático. Mas odiei que eu pensava assim quando Blaise chegou a minha casa para me buscar. Ou, ao menos, odiei o fato de não ter percebido esse empecilho e combinado de nos encontrarmos na pizzaria.

Assim que abri a porta pra recebê-lo e estava pronta para fechar a porta, consegui escutar um de meus primos gritar:

– Charlie tá saindo!

E então minha mãe apareceu para perguntar o que estava acontecendo e por que, caralhos, eu não fechei a porta quando ainda tinha tempo? Ela me viu ali na porta e viu Blaise também. Questionou pra onde eu estava indo e então minha tia e pai surgiram.

Deus do céu, não posso nem sair em paz?

Os três se aproximaram da porta e abriram o resto dela, começaram a falar para nós dois entrarmos e a falar todos ao mesmo tempo. Eles se afastaram da porta ainda nos falando para entrar. Olhei sem saber o que fazer para Blaise, esperando que ele propor para fugirmos. Mas ele apenas deu de ombros e se aproximou da porta, riu da minha cara de espanto e fez um gesto com a cabeça para eu entrar primeiro.

– Você vai se arrepender disso ainda.

Assim que fechei a porta consegui escutar mais nitidamente todo o alvoroço que estava na cozinha e seguimos para lá. Felizmente os pivetes dos meus primos não estava ali. Nem vovó. Vovó com certeza é pior.

Meu pai e meu tio cozinhavam enquanto minha mãe e minha tia ficavam conversando e tomando "refrigerante". Minha irmã estava ali também e só tentava ajudar os homens a cozinhar, mas não se saiu muito bem acabando por ficar de lado.

Minha mãe e tia foram as primeiras a cumprimentá-lo e quando ele não respondeu, logo minha irmã, Lizzie, olhou pra mim como se falasse "agora eu sei porquê queria saber libras, safada". Sim, safada, ele tem o costume de chamar eu e as amigas de safada, seja para o que for.

– Ele é mudo – falei interrompendo as duas.

E Blaise, todo linfo e fofo como só ele consegue ser, se aproximou das duas e estendeu a mão. Minha mãe foi a primeira a pegar e apertar, mas não esperou que ele fosse beijar sua mão e fazer uma reverência fazendo-a ficar sem graça e rir envergonhada. Com minha tia não foi diferente. Quando foi cumprimentar minha irmã, ela falou em libras com ele e olhou para mim com aquela cara de "vou te ferrar, irmãzinha".

Lizzie virou uma espécie de intérprete para ele conversar com minha mãe e tia. Lógico que elas se derreteram por ele. Quando meu pai e meu tio entraram pra conversa foi pior ainda. Começaram a contar meus podres e até me mandaram sair dali pra cuidar de meus primos, mas eu que não ia deixar Blaise sozinho com minha irmã podem falar coisas idiotas.

Finalmente Lizzie teve bom senso e questionou as intenções dele comigo, mas apenas o finalmente pois ela questionou quantas vezes já saímos. Perguntou isso apenas com a intenção de descobrir se já havíamos feito... coisas. Blaise respondeu-a e ele arqueou as sobrancelhas parecendo surpresa, falou até mesmo um "ah!" como se naquele momento as coisas passaram a fazer sentido.

– O que foi, Lizzie?

– Esse era o primeiro encontro deles.

Mesmo ela não parecendo envergonhada por fora, por dentro eu sabia que ela estava, já que me olhou de um jeito como se pedisse desculpas, mesmo não tendo sido ela quem começou com essa coisa toda.

– Essa não foi uma boa ideia de encontro, Charlie, você devia saber.

Isso foi minha mãe tentando me repreender, uma parte de mim ficou irritada, mas uma parte maior riu disso junto de Blaise. Então meu pai sugeriu que fossemos nós três pra sala junto de meus primos deixando apenas os quatro "adultos" ali.

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