Era tudo perfeito, não poderia imaginar nada diferente, todos os nossos momentos juntos, tardes na praia ou em casa jogando vídeo game, cada mimo, cada palavra, cada momento era perfeito ao lado dele, até certo dia...
"Me estiquei para pegar uma caneca no armário ficando nas pontas do pé, nunca entendi porque os armários da casa dele tinham que ser tão altos. Coloquei a caneca em cima da bancada e uma barata apareceu me assustando. Corri em direção a sala e trombei com ele, uma caixinha preta voou de sua mão caindo aberta no chão. Um anel brilhava dentro dela, ou melhor, uma aliança. Paralisei olhando espantada e ele se apressou para pegar a caixinha do chão.
-Droga, não era pra ser assim, desculpa. - Ele me olhou e sorriu de lado. - É que eu te amo. - Ele falou sem jeito, sempre gostei do seu jeito sem jeito de ser. Na verdade sempre gostei de tudo nele, das pintinhas que tinha nas costas, do jeito que seu cabelo estava sempre bagunçado, na pequena cicatriz que tinha no ombro, no jeito como pronunciava meu nome fazendo parecer a coisa mais preciosa do mundo.
E foi ali, com ele estendendo um anel em minha direção, que eu percebi que o amava. Senti meus olhos marejarem e uma linha quente desceu pela minha bochecha. Me virei correndo e sai pela porta. Corri porque não queria aquilo, não sabia lidar com aquilo. Não podia estar apaixonada, não queria estar, o amor machuca, ele já havia me machucado e não deixaria acontecer de novo, e então eu corri."
As vezes eu sinto saudade, as vezes eu penso em você, e com as vezes quero dizer sempre.
Me arrependo de ter fugido, desculpe, mas o medo foi maior, deixei que traumas do passado me consumissem.
Nesse instante aquele anel já deve estar no dedo de outra menina.
Mas as vezes eu penso, quem sabe a gente não se esbarra de novo já que sempre fomos tão bons nisso.