Eu me lembro que causava uma sensação estranha. Vê-lo depois de tanto tempo era meio horripilante. Era quase como ir na casa daquela sua tia Chata, que não importa o que você faça, nunca vai estar satisfeita. Comparação estranha, não? Mas foi assim que eu me senti. Eu me senti tão desnorteada, tão impactada com a sua presença. Foi como se o meu corpo não quisesse mais liberar gás carbônico para o mundo, e prendesse tudo dentro de mim, causando uma espécie de "convulsão". Não há como explicar. Ao pé da letra mesmo, meu corpo estremeceu, o ar a minha volta parou e parecia que tudo nele, exatamente tudo, fora feito para prender minha atenção.
Me lembro que cheguei a pensar que ele fosse um imã. O meu imã. Um imã que me atraísse desde sempre. Também me lembro de ter pensado que se caso eu tivesse uma bússola, ela apontaria para ele. Porque ele era o meu ponto de chegada, meu ponto de partida, meu lar, minha casa, tudo. Não sei explicar como aconteceu, ou quando aconteceu, ou sequer, onde foi, mas… Cara, eu tive a certeza de que foi o destino. Não há mais nada que pudesse explicar aquele momento, senão isso. Quanto tempo havia se passado, e quanta coisa deveria ter mudado dentro de mim mas não mudou. Me lembro de pensar que estava alucinando. Que não era ele, não podia ser ele, eu não queria que fosse ele. Eu fechei os olhos e repeti diversas vezes: de novo não, de novo não, de novo não, de novo não. Eu abri os olhos e percebi que o destino deveria repetir consigo: de novo sim, de novo sim, de novo sim meu bem. Destino traiçoeiro que fez nossos caminhos se cruzarem, mesmo que a contragosto. Ou a julgar por seu sorriso de canto, contra meu gosto.