Só enquanto eu respirar...

NÃO ME DEIXE

For him tocando alto enquanto tomo banho me faz querer rebolar até não poder mais.
Saio do chuveiro olhando para meu uniforme Preferido.
Fazem três anos que estou acostumada com esses detalhes, vestir- me é quase um reflexo.
Regata, meias, saia, blusa.
E...
Tenho mais motivos para gostar tanto dessa roupa.
Chama atenção de Marcos.

Ele me leva para aula, desde que entrou na faculdade.
Então quando entro no carro sinto o peso de seu olhar sobre mim.

-Espero que isso ainda esteja inteiro daqui a algumas semanas. Odiaria se você o perdesse.
Marcos praticamente sussurrou para si mesmo.

-Como?
Mesmo entendendo, é melhor saber se as palavras eram para mim.

-Nada princesa, não quero te atrasar.

Aula de educação física. A última no ensino médio...
Estou sentindo antecipada dá única matéria que eu fico com nota vermelha?
OK, acabem logo com isso antes que eu passe a flertar com o professor de matemática.

Bruno está me esperando na entrada, como sempre. Ele é meu melhor amigo, escolhemos a mesma faculdade, com cursos diferentes claro, para estudar.
Abraço Marcos pela cintura e deixo um beijo no ar.

-Venho te buscar Clara?

-Não precisa maninho, vou sair depois da aula.
Sorrio animada me voltando para ele.

-Bom dia Marcos!
As covinhas de Bruno aparecem para meu irmão, e eu fico com leve ciúmes.
Bruno é gay.

-Bom dia Bruninho, cuida da nossa princesa tá?
Ele acena do carro.

-Como cuidaria de minha namorada.

-Então acho melhor eu mesmo estar aí.

As risadas dos meninos me obrigam a forçar um sorriso desfigurado pelo ciúmes. Porém, eles não percebem isso.
Nem podem...

O sinal toca e entramos. Aliás, corro para o vestuário pois a aula começa em menos de cinco minutos e Bruno já está pronto, logo tenho que ir sozinha.

Aula tranquila, até boa (ainda não acredito que estou falando isso de educação física, mas OK). Parece que como é a última semana, os professores querem nos deixar felizes pelos três anos de tormenta que nos infligiram (beleza, eu sei que sou dramática).
Todas os oito tempos de aula que se seguiram foram ótimos. Estou até feliz por ter vindo.

Saída.
GRAÇAS!

Mesmo animada com a escola, estou cansada, e Preciso fazer vários nadas com Bruno enquanto comemos porcarias.
Nosso hábito menos saudável para desestressar.
Andamos pelo shopping tentando escolher algo para nossa formatura.

-Clarinha, se você usar um saco de batatas amarrado na cintura, vai ficar linda de qualquer jeito. Eu que preciso encontrar algo que disfarce essas banhas.

Bruno tem sérios problemas com a aparência, ele se vê muito gordo e faz dietas arrasadoras. Infelizmente, depois de um tempo desiste de tudo e acaba comendo mais em um dia que comeria em duas semanas.
Vale observar que hoje foi um desses dias.

-Bruno! Isso não é gordura, é pele. Sua barriga e macia. Ninguém precisa de um tanquinho aí. Aliás, você nem lava sua roupa, que diferença isso faria.
Sibilei agitada.

Ele ri descontroladamente.
-Menina, calma. Eu estou bem. Isso foi mais para não perder o hábito.

Suas palavras não me acalmam... Pois eu sei que são mentiras.
Mas as aceito, pois não sei como reverter essa situação.

Vamos para casa de táxi. Ele mora algumas ruas depois do meu prédio, só não como exatamente só nos conhecemos no ensino médio.

Beijo suas bochechas, e lhe dou um selinho rápido.
Por mais difícil que seja para entender, esse é o modo de dizer "Vai ficar tudo bem, estou sempre aqui" que achamos para os momentos conturbados.

Entro em casa e vejo Bruno jogado no sofá com o violão.

-Compondo?
Minha curiosidade é extrema.

-Não amor, estava pensando em qual música tocar agora.
Seu sorriso ilumina a sala.

-Vou trocar de roupa.

Guardo o uniforme na cadeira, e sigo para o nosso(meu e de Bruno) banheiro pensando em colocar no cesto de roupas e ouço baixinho...

"A cena se repete
A cena se inverte
Trazendo na alma aquilo que um dia eu deixei de acreditar"

Ouço o restante da música parada no corredor.
Quando acaba, termino de fazer o que devo e vou deitar no colo dele.

-Marcos?
Escondo meu rosto em sua camisa.

-Fala princesa.
Ele nos deita no sofá, de modo que ele fica por baixo.

-Promete que nunca vai me abandonar?
Estou com vergonha de o perguntar, é lógico que ele terá a vida dele, e eu passarei a ser figurante..

-Nunca... Nunca mais abandonar...

Sorrio feliz...
E beijo seu lábios macios, fazendo ele sorrir.