eu sinto muito

1.

Meus pais estão brigando novamente, só escuto gritos e sons de coisas quebrando. Eles estavam bem a alguns minutos, mas ai do nada começaram a brigar. estou encostada na porta do quarto, bom eu estou sentada no chão mas encostada e há uma cozinha em minha cabeça me dizendo que é minha culpa embora eu saiba que não é, sei o que pode ajudar, música, música sempre ajuda, música é vida.

Pego meu notebook, e ligo a musica depois abro o skype, sinto um alivio quando vejo que ele esta online, decido chama-lo.

- Oi, estava esperando você ligar.

- Você não me merece - minha mãe gritou e um som de algo quebrando ecoou logo em seguida, agora pelo menos sei que a culpa não é minha.

- Oi - forço um sorriso.

- estão brigando de novo?

- Para variar.

Josh puxou seu piercing dos lábios com os dedos.

-Por que dessa vez? - seus olhos me encaram através da tela do computador.

- não sei.

Ele balançou a cabeça para trás e para a frente e depois olhou para o lado como se estivesse procurando alguma coisa em seu quarto

- espera um pouco.

Ele tirou os lençóis da cama os jogando no chão e colocando de volta.

- está procurando o que?

- Você já vai ver - falou e somiu do campo de vista da tela.

O que ele esta fazendo, ele é um pouco maluco, como eu, a diferença é que ele é fofo, já eu sou uma merda de pessoa, literalmente.

Do nada ele pulou na frente da camera usando uma mascara de sei lá o que super engraçada.

- o que está fazendo?

- Estou tentando te animar, mas parece que não deu certo não é?

- não estou triste - sorri para sustentar minha mentira.

- Mas parece - ele tirou a mascara e ajeitou os cabelos escuros.

- Muito fofo - pensei alto.

- O que?

- Nada.

- Eu te amo sabia? - ele se sentou novamente.

Ele sempre diz que me ama já eu nunca disse isso para ninguém, bom quando eu era criança eu falava isso para meus pais, agora eu só falo o necessário com eles, eu acho que um te amo só se deve gastar quando achar realmente necessário.

- eu sei - sorri fraco.

A expressão dele mudou por uma fração de segundo mas logo voltou ao normal.

- Vai fazer o que amanha?

- Escola, depois dever de casa.

Eu sempre fico fazendo o dever de casa durante o dia todo, não sei por que, acho que a preguiça não deixa que eu faça de uma vez só, afinal não preciso muito de dever de casa.

- E você vai fazer o que.

- Trabalho, escola, estudar para o vestibular - ele tirou o piercing da sobrancelha e colocou de novo.

- estou pensando em fazer uma tatuagem.

Alguma coisa bateu em minha porta, olhei para trás, uma hora eles quebram essa porta.

- Você quebrou minha porcelana - ouvi minha mãe gritar.

Volto a olhar para a tela do notebook.