Conto - Vou Cuidar de Você - (CONTO COMPLETO)

Vou Cuidar de Você

As mãos da minha filha estavam sujas de sangue e ela chorava. Limpei seus dedos sujos com a barra da minha camiseta e disse a ela palavras que você me dizia: "Vai ficar tudo bem. Vou cuidar de você." Sempre dizia isso, e eu, como inocente e ingênua era, acreditava. Acreditei durante muito tempo, mas não mais.

Muitos anos se passaram desde a primeira vez em que você sussurrou frases como aquelas ao meu ouvido. Quando a noite vinha e o sono chegava, eu sabia que em algum momento você viria sussurrar em meu ouvido palavras que faziam de mim uma menina boba e sorridente. Eu seguia cada um dos seus comandos, e como um cão adestrado, você me recompensava por seguir suas ordens. Eu desejava essas recompensas. Desejava que você gostasse de mim.

A cada dia que passava, suas ordens ficavam mais ousadas e eu sorria ao pensar que era madura o suficiente. Me sentia uma mulher madura, quando na verdade era apenas uma menina ingênua demais para ver o mal à sua frente. Você era o mal.

Seu sorriso cativante, suas caricias que davam prazer, seus elogios e incentivos, tudo era o mal disfarçado. O pior é saber que você tinha consciência do que estava me fazendo, mas pouco se importava. Lembro de uma vez ser confrontada com você e te ouvir dizer que não tinha culpa, que eu era uma tentação, e que me desejava por isso. Naquela época não tinha ideia do que minha vida iria se transformar, ou de quem eu me tornaria. Iludo-me acreditando que se soubesse do que o futuro guardava, seria forte e determinada o suficiente para evitar tudo o que aconteceu. Porém agora vejo que não cabia a mim impedir o que aconteceu. Cabia a você.

A culpa é sua!

Quando olho para minha filha, volto a repetir mais frases que você me dizia. "Não conte para ninguém, querida. Esse será o nosso segredo."

Sempre fui o seu segredo. O segredo sujo da sua vida. Em algum ponto da minha vida, se tornou o meu segredo. Mas nunca fui boa em guardar segredos. Então você se tornou minha vergonha e com isso, enterrei nossa história no fundo da memória. Mesmo hoje, quando tento desenterrar o que vivi naqueles anos, não consigo lembrar de tudo. Sou boa em enterrar as coisas.

Me esforço. Faço força da mesma forma como você disse fazer, para não seguir em frente comigo, mas diferente de você, eu sou forte. Você não foi. Você não pode resistir a apenas tocar. Não! No início você apenas me acariciava, mas com o tempo sua força e determinação foram escorregando. Lembro da primeira vez em que acordei no meio da noite com seu rosto entre minhas pernas. Fiquei assustada no início, mas depois meu corpo foi envolvido por prazer e a consciência do que estávamos fazendo fugiu.

Em uma noite eram seus dedos que me davam prazer, na outra era sua língua. Eu sempre atendia seu pedido de dormir sem roupas de baixo. Ficava mais fácil de chegar onde queria. Só que apenas me excitar não era o suficiente, não é mesmo? Você queria mais. Queria tudo.

Não esquecerei da primeira vez em que te vi nu. Eu era tão curiosa e inexperiente. Você me mostrou como te dar prazer. Ensinou-me a como tocar em um homem. Começou com pequenas carícias com as mãos, então passou para dar beijos em seu corpo, até o dia em que segurou minha cabeça e me sufocou com seu membro. Quando me vi sem ar e sem conseguir me mexer, chorei. Minhas lágrimas o alimentaram de prazer, mas se tornou carinhoso, me acalmando e elogiando. Eu desejava te agradar, mas estava apavorada. Quanto mais sufocava e chorava, mais prazer você sentiu, até que me afogou com seus gozo.

Eu vomitei, mas você não se importou e disse com a voz mais melosa, que iria me ensinar como te fazer feliz. Após aquela noite, me dediquei a te fazer feliz e te chupei todas as noites. Você empurrava até a minha garganta e me sufocava, mas eu estava empenhada a te fazer muito feliz. "Se você engolir tudo, te farei se sentir bem como você gosta." Sussurrava e eu engolia, pois sabia que depois era a minha vez de ter prazer. E tinha prazer, muito prazer.