O cheiro de álcool impregnava o lugar. Os corpos caídos no chão cheiravam a suor. Cigarros e vómitos enfeitavam a casa.
Ela abriu os olhos, examinou o ambiente com seus grandes olhos azuis e sorriu. Mais uma noite de drogas, sexo e bebedeira.
Carmen era o nome dela, eu jamais poderia me esquecer daquele nome.
Ela levantou do chão com aquele sorrisinho nos lábios que só ela sabia dar, aquele maldito sorriso que dizia " Você não me conhece".
Passou pelos corpos embriagados caídos, acendeu seu cigarro, deu a primeira tragada, fechou os olhos. A primeira tragada sempre era o ápice para ela.
Ergueu os braços para cima, começou a dançar com o vento, uma música qualquer na sua mente. Ela ria. Fechava os olhos e tragava o seu cigarro de filtro vermelho.
Seguiu pelas ruas agitadas de New York, eram 4:00 A.M , ela flutuava entre os carros. Nada a assustava ou a afligia. Ela era livre, o mundo estava aos seus pés.
Carmen foi andando até sua casa no Brooklyn, chegou lá as 5:00 A.M.
Entrou pé por pé na casa, não queria que seus pais a pegassem no pulo. Afinal, ela fugira durante a noite para ir na festa.
Ao conferir se seus pais estavam dormindo, foi para seu quarto, caiu na cama e adormeceu.
Acordou algumas horas depois com aquele sorriso nos lábios.Pegou seu celular, checou as mensagens. Hoje haveria outra festa. Carmen vivia para o mundo, vivia como se não houvesse amanhã, porque dentro de Carmen, o amanhã poderia ser agora mesmo. Carmen era inconstante, imprevisível. Nada era concreto de fato para ela, pois tudo podia acabar em questão de segundos.
Ouviu os gritos da sua mãe lembrando-na de tomar os devidos remédios. Revirou os olhos, malditos remédios. Ela odiava ser regrada, odiava rotinas, obrigações.
Odiava depender de um remédio para sorrir, para não perder o controle.
Tomou os devidos medicamentos, e se arrumou para a escola. Colocou seu traje preto de sempre, sua saia colada. Ela gostava de mostrar suas curvas.
Passou lápis nos olhos azuis, os destacando ainda mais.
Carmen chegou na escola sentindo suas costas queimarem, ela sabia que estava atraindo olhares. Isso era comum para ela. Todos amavam Carmen.
Ela acendeu um cigarro e foi em direção aos seus amigos.
Ela sempre muito discreta, chega sem falar oi para ninguém, ela não é de falar muito. Mas quando fala, parece que um anjo tomou seu corpo, sua voz angelical sempre preenche o ouvido de todos.
As vozes dos seus amigos se misturavam, eles estavam estusiasmados com a festa que estava por vir.
Carmen não.
Carmen estava longe como sempre, seus olhos azuis estavam fixados no garoto escorado na parede da escola, ele não falava com ninguém, assim como ela.
Ele olhou para ela, e ela lançou aquele sorriso, o sorriso de Carmen.
Ele se aproximou tímido, ele era o oposto dela nesse sentido.
-Oi- o garoto disse.
Ela o cumprimentou com um aceno de cabeça e saiu, simples assim. Deixou o garoto de pé sozinho falando consigo mesmo.
Ela lhe lançou um olhar desafiador quando saiu de perto, e riu a ponto de jogar a cabeça para trás.
Ela adorava fazer isso, adorava ve-los intrigados sobre ela.
Mas o que Carmen não sabia, é que dessa vez ia ser diferente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lithium
Short Story"Querida, querida não há problema mentindo para si mesma porque sua bebida é de primeira linha honestamente, é perigoso o quanto ela pode ser charmosa enganando a todos, falando a eles que está se divertindo" -Lana del Rey (Carmen) Impulsiva, manipu...