Chegou mais dois clientes, D. Marta com a sua gatinha e pediu um café tradicional e também a Tara, uma adolescente que toda manhã ia tomar cappuccino antes de ir para o seu curso de italiano.
- Bom dia Eva. Tudo bem? Quero meu cappuccino de sempre. - Tara pediu sentando em um banquinho do balcão.
- Bom dia querida. Com chantily hoje? - Perguntei tirando meus olhos daquele rapaz tão diferente que agora tomava café e mexia no celular.
- Ah sim, por favor!
Percebi que a Tara estava me observando, então fiquei bem focada enquanto fazia o seu cappuccino, mas de vez em quando eu olhava para ela e ela continuava me observando.
- Pronto. - Disse entregando á ela seu pedido.
- Quero um cookie Eva, por favor.
Entreguei a ela e olhei novamente para o rapaz. Ela fez o mesmo que eu.
- Quem é o garoto? - Ela perguntou olhando para ele com brilho nos olhos o que me fez se remoer por dentro sem entender o que estava acontecendo com meu corpo.
- Não sei. - Respondi um pouco seca e me virei de costas fingindo mexer em qualquer coisa na maquina de café.
- Que lindo. - Ela sorriu.
Nesse momento apertei minhas mãos bem fortes e mordi o lábio. Resolvi ignorar aquele comentário e olhei para ela dando um sorriso falso.
- Já o viu por aqui? - Perguntei tentando obter alguma informação.
- Não, primeira vez. - Tara mordeu seu ultimo pedaço de cookie e me devolveu o prato.
O rapaz percebendo que tinha muitos olhares se dirigindo á ele, olhou para nós.
Meu mundo parou quando ele olhou em meus olhos. Isso nunca tinha acontecido com ninguém antes, eu já vi meninos bonitos, mas não como ele e também nenhum deles me olhou como aquele rapaz.
Tara piscou para o rapaz que sorriu sem graça e então abaixou a cabeça se concentrando em seu celular novamente. Droga Tara.
- Bom, já vou indo. Está dando meu horário. - Ela disse olhando para o seu relógio de pulso e depois terminando de tomar seu cappuccino. - Se conseguir alguma informação, por favor me fale depois, ok?
Novamente apertei as mãos. O que eu estava sentindo eu não sei, mas com certeza se eu descobrisse alguma coisa eu não contaria a ela.
Tara foi embora e quando olhei novamente para o rapaz, assim que ela saiu, ele estava me observando. Meu corpo parou. Ele levantou e para a minha surpresa veio até o balcão e sentou no mesmo banco que a Tara havia sentado. Meu coração batia tão forte que eu não conseguia nem sorrir. Fiquei parada simplesmente olhando para ele. De perto era ainda mais lindo, sua pele morena realçava o verde dos teus olhos e ele era mais alto do que eu pensava. Quando ele sentou e sorriu para mim eu entrei em um transe maior, o cheiro dele me fazia querer sentir a neve que lá fora caia em um ritmo calmo e seu sorriso era muito melhor do que o meu mesmo eu usando aparelho durante toda a minha adolescência.
- Oi moça. - Ele sorriu um pouco sem graça por perceber a minha reação.
- O-oi... é... - Cocei a garganta. Nada vinha na minha cabeça para que eu pudesse dizer. - T-tudo bem?
Ele riu de mim, o que me deixou um pouco chateada, era mais um dos meus micos no trabalho, mas aquele superava todos os outros.
- Eu estou bem. Você pode por favor embrulhar um dos melhores donuts da bandeja, para viagem?
Fiz que sim com a cabeça e enquanto eu preparava a embalagem, percebia que ele me observava, calmo e sorridente.
- Morango, chocolate ou baunilha? - Perguntei olhando aquele rosto encantador.
- Um de cada.
Eu sorri e embalei os donuts. Entreguei para ele e ele sorriu ainda mais o que me fez sorrir também, tentando não mostrar que meu coração estava quase saindo pela boca.
Ele agradeceu e foi para o caixa. Enquanto ele não saiu da lanchonete eu não parei de olhá-lo. Entrei em um transe muito maluco até o Sr. Gregory vir me dar uns tapinhas nas costas e dizer que já tinham pedidos para que eu fizesse. Acordei rápido e sorri tímida para ele.***
Trabalhei "normal" até as quatro horas da tarde, quando a lanchonete fechou. Em nenhum momento consegui tirar aquele rapaz da minha cabeça. Fui para casa, pisando com cuidado na calçada que agora estava bem molhada por causa dos flocos de neve que tinham começado a cair. Em cada passo que eu dava me vinham cada traço daquele sorriso perfeito. Quando cheguei em casa, meu irmão já veio logo me abraçando e gritando meu nome. Tirei o casaco, a touca, o cachecol e a luva molhada e então o peguei no colo.
- Oi meu amor. Tudo bem? - Perguntei olhando para ele que sorriu para mim e respondeu positivamente com a cabeça.
Fui até a cozinha, onde meu pai estava sentado mexendo no notebook conversando com a minha mãe enquanto ela mexia com a janta.
- Oi pai, oi mãe. - Falei já prendendo o cabelo em um coque no topo da cabeça e indo até a pia lavar as mãos para ajudar minha mãe com o jantar.***
Deitei na minha cama depois de tomar um banho quente e tudo o que aconteceu aquela manhã me voltou à cabeça. O que seria aquilo que eu senti quando o vi entrando e deixando o casaco no cabideiro? E porque o sorriso e o brilho dos seus olhos mexeram tanto comigo? Pra quem seriam os dunuts que ele havia levado? Será que ele tem alguém especial para quem os levou, uma namorada ou algo do tipo? Eu não tinha olhado em suas mãos para saber se ele usava aliança e prometi para mim mesma que faria isso quando o visse novamente. Os meus pensamentos estavam me matando, quando decidi ligar para a Karina.
Contei a ela tudo o que tinha acontecido e depois de desligar e pegar o livro que eu estava lendo naqueles dias, com falha tentativa de tentar tirar o encantador rapaz da minha cabeça, eu apaguei o abajur e deitei, olhando para o teto, sem conseguir enxergar nada no escuro; fiquei assim por um bom tempo, até que sem querer eu dormi e acordei no outro dia às seis e quarenta com o meu celular despertando novamente.
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Só mais um inverno
RomanceNeve. Neve. Neve. Mais um inverno comum na vida de Eva. Sua estação predileta chega trazendo mais trabalho e também, um alguém novo para a sua vida. Eva não esperava encontrar alguém como Júnior e também não esperava se apaixonar por alguém como el...