Psycho Love

Capítulo 1 - Bipolar

Mais uma manhã fria na cidade de Nova York se iniciava. O olhar de Destiny permanecia encarando os flocos de neve que caíam lentamente do outro lado da janela de seu quarto. O cheiro dos famosos waffles de sua mãe, entravam pelas brechas da porta, e nem isso a animava, nada lhe dava forças para levantar da cama. 

-Destiny! Hora da escola! - A voz doce da sua mãe soou pela casa e a morena revirou os olhos, ainda com muita preguiça. 

Como de costume, Destiny seguiu até o banheiro, dando passos arrastados, sustentando o máximo que conseguia do seu corpo. E ao se olhar no espelho, se assustou com a sua aparência, resultado de mais uma das inúmeras noites em claro, encarando o teto, procurando um meio de lidar com a confusão que é a sua vida, e como apenas piora a cada dia que passa. 

Destiny suspirou... Uma, duas, três vezes, e tomou coragem para se arrumar para a aula. Depois de colocar seus tênis surrados, e uma roupa qualquer, sentiu seu corpo se animar a cada degrau que descia. O cheiro dos waffles invadiam suas narinas. Desde os 7 anos, os dias que sua mãe fazia waffles, era seu dia favorito do ano inteiro. 

-Bom dia... - A mulher de meia-idade mexia os ovos na frigideira e sorria docemente. 

Mesmo no auge dos seus 50 anos, Emeraude McGomorry continuava com a aparência de dar inveja a qualquer adolescente. Os cabelos escuros e cacheados caindo pelos seus ombros lhe deixava ainda mais jovem e a dieta rígida mantinha suas curvas delineadas. 

-Obrigada. - A filha agradeceu com um sorriso quando sua mão colocou os tão esperados waffles em seu prato e os cobriu com mel. 

Destiny comeu rapidamente mas se arrependeu quando lembrou que teria que caminhar até a escola, que Destiny apelidou carinhosamente de inferno. Seria clichê dizer que ela é a nerd, que todos pegam no pé, mas é a verdade, e não é por Destiny ser feia, muito pelo contrário, a garota é exemplo de beleza, mas sim, pelas suas crises. 

Crises que magoam qualquer ser vivo que se aproxime dela, fisicamente e emocionalmente, ela magoa sem dó e poucos minutos depois, diria que até segundos, a menina volta ao seu estado normal, como se nada tivesse acontecido. Por que? Ninguém sabe. O nome? Bipolaridade. 

-Cuidado! Garota morta passando! - O garoto alto disse e todos abriram caminho para que Destiny passasse. 

Destiny tentava se manter firme, então, apenas levantou seu queixo e seguiu o caminho para sua sala, e no fundo, a morena se sentou e abaixou a cabeça, rezando para que o tempo passasse rápido. 

-McGomorry! - Destiny levantou a cabeça quando ouviu seu sobrenome sendo chamado. Seu olhar passou pelo quadro, vendo que já estava lotado de cálculos. - Venha resolver isso! - Depois de revirar os olhos, Destiny se levantou, ouvindo brevemente os sussurros e risos debochados dos colegas de classe. 

O professor lhe entregou o giz e Destiny se virou para resolver o cálculo, ainda ouvindo os comentários maldosos dos garotos. A cada dois segundo, Destiny suspirava, fazendo de tudo para não deixar o ódio lhe consumir. 

-Até que a psicopata é gostosinha! 

E foi a gota d'água. 

Todos os segundo tentando manter a calma foram jogados no lixo, e num movimento rápido e involuntário, o giz na mão de Destiny foi quebrado e o mesmo foi jogado em um dos colegas. Em passos largos, ela se aproximou e deu um soco forte na mesa, assustando à todos. 

-Repete! - Destiny gritou. A voz trêmula e estridente já fazia todos ali se afastarem com medo, alguns impressionados com a mudança de humor da garota. 

O único que teve coragem de se aproximar, foi o professor, que puxou a pequena para fora da sala. 

-Se acalma! - Ele gritou, enquanto Destiny se debatia e quase que na velocidade da luz, a garota se acalmou, controlando a respiração. - Vem! - A voz do professor era firme, e fez a garota segui-lo pelos corredores em silêncio. 

Destiny se sentou em um dos bancos da frente da diretoria, observando cada canto dali, agradecendo por estar no último dia do ensino médio. Depois de longos minutos, seus pais apareceram. Emeraude lhe deu um beijo na testa se sentou ao seu lado, afagando seus cabelos. Já seu pai, Josh, nem se deu o trabalho de encara-lá, ele apenas entrou e as deixou num silêncio perturbador. 

O barulho da porta fez as duas levantarem, Destiny já se preparava para ir embora e ouvir um sermão sobre não tomar os seus remédios. 

-Eu cansei! - Seu pai disse, firme e as duas o olharam confusas. - Você vai para a clínica psiquiátrica.