Um dos prédios onde funciona a Polícia Federal em Fortaleza fica localizado na Rua Laudelino Coelho, quase cruzando com a movimentada Avenida Borges de Melo, próximo à Base Aérea da capital. É um imenso imóvel composto por quatro blocos de dez andares cada um, os quais abrigam a Delegacia e a Superintendência Regional da Polícia Federal e por esse motivo é um lugar extremamente bem guardado, com seguranças muito bem armados dentro e fora do imóvel.
No nono andar do segundo bloco frontal está localizada a sala da Dra. Ana Lacerda, delegada titular, a qual está especialmente linda nessa manhã. Sozinha em seu suntuoso gabinete, ela repousa seu belo corpo numa confortável poltrona giratória de couro estofada enquanto ler o diário da manhã. Vestida com uma elegante roupa composta por uma blusa de seda e uma calça de linho fino, além de um reluzente colar de pérolas e um não menos brilhante par de brincos, finalizando com um batom de cor vermelho vivo que deixa clarividente o tom sedutor de seus lábios.
A frente de sua poltrona jaz um magnífico birô de mogno em "L", adornado com um elegante telefone sem fio, um laptop e uma papeleira de acrílico de três gavetas, onde repousam inúmeras páginas de relatórios. A sala de cerca de trinta metros quadrados possui ainda duas cadeiras estofadas opostas ao birô, dois confortáveis sofás de espera, três grandes armários de madeira de lei onde está arquivado um incontável número de documentos, além de um aparelho de TV de Led de trinta e duas polegadas instalada no alto da parede frontal ao birô, o que proporciona uma visão privilegiada para a doutora.
O sossego da bela mulher é bruscamente interrompido pelo barulho de alguém batendo à porta do gabinete.
̶ Pode entrar! – ordena a delegada com cara de quem não gostara nada de ter sua leitura encurtada.
̶ Com licença doutora. – adentra um senhor de meia idade, calvo e levemente barrigudo, trazendo consigo um envelope lacrado.
̶ Pois não Castro... Pode entrar.
̶ Isso acabou de chegar. É de Recife e com certeza deve ser o relatório que você pediu semana passada. – completa o homem já entregando o envelope à sua chefe.
A delegada levanta-se de sua poltrona, recebe o invólucro e vai logo tratando de abri-lo como se estivesse bastante ansiosa pelo seu conteúdo. Ela rapidamente tira um maço de papéis de dentro do envelope e dá uma ligeira olhada, percorrendo toda a primeira página em poucos segundos e imediatamente mudando seu semblante de forma que dá para concluir que o documento correspondeu à suas expectativas. Nesse instante outro homem adentra ao gabinete – ele está devidamente uniformizado com a jaqueta da Polícia Federal e é moreno, esbelto, alto e forte e ostenta uma barba robusta que lhe confere uma aparência impetuosa. A delegada se alegra em ver o recém-chegado.
̶ Olha só Gutemberg... – invoca a mulher mostrando o relatório – O dossiê das investigações da "Ordem dos Condes" em Pernambuco chegou.
̶ Muito bem, doutora!
̶ A situação aqui em Fortaleza está muito parecida com a de lá e esse relatório vai ser de grande ajuda em nossa investigação. – completa ela mostrando um largo sorriso que é compartilhado pelos dois federais ali presentes.
̶ Mas e o agente que você capturou... Vai dar certo trazê-lo para cá? – indaga Castro.
̶ Ainda estou aguardando a resposta da Superintendência. Eles estão achando muito arriscado o traslado dele. – responde a mulher voltando a sentar-se em sua poltrona – Acredito que eles temem que a "Ordem" tente libertar o prisioneiro no trajeto de Recife para Fortaleza, o que não seria nenhuma surpresa!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A ORDEM DOS CONDES - Um assassino, uma paixão
RomanceQuando o semestre letivo começa na Universidade Estadual do Ceará, em Fortaleza, a jovem adolescente Lívia, de apenas 19 anos e recém chegada do interior de Pernambuco, conhece uma nova e animada turma de amigas e também de sedentos pretendentes. Ma...