Estes são os rascunhos de uma ideia qualquer, de uma noite em claro.
Deleite-se neles conforme achar melhor :)
O céu estava amargamente escuro, como sempre, ocultando absolutamente tudo ao redor. Entretanto, Charok já estava acostumado àquilo por tanto tempo que já tinha perdido a conta dos dias mais de três vezes. Por isso não tropeçou enquanto caminhava em silêncio com Nix atrás de si, atento ao seu gutural ronronar, profundo como uma voz vinda de um abismo quase sem fim. Ouvir os galhos quebrando em cada pisada servia como guia, ainda que isso fosse inexplicável.
Depois de um bom tempo de caminhada veio o som da água, e não mais que dois minutos depois foi suficiente para enxergar um pontinho de luz, purpúreo, denso, intenso, mesmo que fraco pela distância. Era como um homem com um archote na floresta, sempre se afastando, sumindo entre as árvores e ressurgindo por frações de segundos. Aquilo criava neles um desejo ardente de correr atrás daquele homem, gritar para que os esperassem. Mas demorariam mais uma hora ou quase para chegar em casa. Charok, porém, aproveitou aquela chama púrpura para tatear o chão, quem sabe não encontraria um cajado para se apoiar e guiar-lhe o caminho. Nix bufou e pôs-se a farejar, demonstrando seu lado mais natural.
Charok viu em suas memórias o momento em que conheceu Nix. Era ainda jovem e não tinha memórias, mas sabia de tudo, entendia tudo e a tudo conhecia. Estava imerso numa escuridão sem fim e tudo que tinha era aquele gigantesco cristal para lhe aquecer, iluminar a vista por uma distância finita e enxergar dezoito árvores dispostas em círculo ao redor daquela clareira. Acima de si, um vazio oco e silencioso, como um céu falsificado, impossível de se ver, não palpável, mas que cumpria a função de um teto. Nada caía do imenso breu, e Charok permitiu-se estar contente com isso até ver uma criatura enorme se aproximando, e nada daquilo importaria mais pelos minutos seguintes.
Era grande e corpulenta, um quadrúpede que se aproximou por entre as árvores que cercavam a clareira ao redor do cristal. Os olhos da besta fixos nele, famintos, mas ainda alarmados. Seu pelo era preto como a escuridão que os cercava, tão grande que balançava devagar ao vento; seu rosnar era inconfundível, o ruído gutural de medo contido.
E aí, tá gostando desta história? Comenta aí, suas opiniões sobre o texto são muito bem-vindas, mesmo que não tenha gostado! Quem sabe eu não acabe voltando a escrevê-lo hehehe
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Um Mundo Sem Estrelas
FantasyCharok saiu de casa no escuro de sempre para alimentar Nix e Flord, suas inseparáveis criaturas. Se encontrassem cristais suficientes, partiriam em dois dias. Os consertos da máquina do Capitão Sem Nome estariam prontos naquele dia mesmo. Já trabalh...