Obs: essa história é Yoongi+, ou seja, o narrador(par do Yoongi) não é especificado. Fica a critério do leitor.
Ele sempre me dizia que queria morrer dignamente e grandiosamente e sempre tomava suas estrelas como exemplo. Fazia questão de me explicar cada detalhe que sabia sobre o apagão de Eta Carinae, e eu nunca me arrependia de ver seus olhinhos brilhando ao me dizer o que sabia, e refletindo algumas poucas estrelas presentes ali no céu do jardim de casa. Poucas para mim, mas ele sempre enroscava um de seus braços em meu pescoço e ficava apontando para o céu e me perguntando indignado como é que eu não conseguia enxergar todas aquelas outras estrelas de que ele falava. Era engraçado o bico que se formava em seu rosto depois de tanto tempo reclamando sobre minha "visão com defeito" e depois seus beijinhos em meu rosto que ele dizia serem a cura para essa minha falta de "brilho" no olhar. Não conseguia dizer que ainda não via suas estrelas após todo seu esforço para me fazer enxergá-las. E isso sempre se repetia. Não me arrependia de fazer tudo de novo, porque no final sempre recebia mais um daqueles seus sorrisos brilhantes. Desses que é inevitável não sorrir em resposta.
Yoongi era perfeito, lindo e complicado ao mesmo tempo. Tinha tempos que implorava por meu toque e outros que ele alegava estar sofrendo do que chamava de "fase final", na qual dizia ser uma anã branca e, por mais que parecesse inofensiva pela sua falta de luz e pelo esgotamento de toda sua energia nuclear, era quente, muito quente. Não me deixava chegar perto pois dizia que não queria me machucar com sua quentura, mas me confortava ao dizer que estava tudo bem e que não era o fim, por mais que seja denominada como a "fase final", Yoongi era muito novo para acabar como uma anã negra. Quando eu perguntava o que significava isso, ele logo tratava de arrancar uma folha de um caderno qualquer, procurar um lápis minimamente apontado e começar a pôr no papel suas teorias mirabolantes. O conhecido "13,7 . 10 elevado a 9" sempre estava presente em seus cálculos. Dizia ser a idade estimada do universo. Já o "10 elevado a 15" era novo para mim, até que me explicasse ser o tempo que uma estrela demora para se tornar uma anã negra. Para concluir, dizia que era impossível ele se apagar agora, pois, se a idade do universo não chega nem perto do "10 elevado a 15", contando com sua idade, demoraria algumas eternidades para que virasse uma anã negra. Sim, tudo isso para dizer que estava bem.
E não é como se eu não gostasse desses seus jeitinhos malucos de ser. Pelo contrário, eu amava e fazia questão de dizer isso a ele todos os dias (com exceção dos dias de "anã branca", é claro) enquanto o me tinha em meus braços, pernas e outras coisas que vou me privar de falar. Ou em momentos aleatórios, aqueles que sentimos vontade de falar algo e, em termos de Yoongi, iríamos explodir e virar uma supernova caso não disséssemos. Como quando deitávamos na grama para observar o céu. Me lembro também, de quando lhe perguntava quem ele amava mais: eu ou as estrelas. Fazia um bico mais uma vez e encostava seus lábios gelados nos meus, me abraçando de lado logo depois. "É lógico que é você" ele dizia. E eu levava minha mão até sua nuca fazendo carinho ali, e sempre sentia ele ronronar deitado no meu peito.
Lembro quando quis pintar seu cabelo de colorido e dizer que era uma galáxia ou talvez uma supernova. Eu ajudei e, como o esperado, nossos dedos ficaram todos coloridos. Foi aí que ele teve a ideia de pegar canetinha preta e desenhar planetas, estrelas, magnetares, buracos negros, anãs brancas, gigantes vermelhas, e claro, sem deixar de lado toda aquela burocracia de me explicar tudo, tudo mesmo sobre o que sabia de cada coisinha que desenhava nas nossas mãos. Era fofo como ficava concentrado em cada traço que fazia. No final, tiramos fotos de nós e nossas mãos com aquela câmera que imprime na hora e cada um ficou com uma foto. Pedi a ele que assinasse a minha foto e fiz o mesmo na dele. Ele disse que assim ficaríamos juntos para sempre, a não ser que alguém estragasse aquelas fotos. Então sempre guardei a minha com cuidado para que nada a estragasse. Alguns dias depois, Yoongi disse que tinha cansado do cabelo colorido e quis descolorir tudo de novo. O ajudei e, como sempre, recebi mais um de seus sorrisos brilhantes.
Seu sorriso era uma das partes que eu mais amava nele. Mas também gostava de sua pele branquinha, fácil de marcar. Ele mesmo ficava desenhando em si mesmo e dizendo que era melhor que qualquer papel. Um dia me pediu que desenhasse nele também, e lá fui eu. Ele tirou sua blusa e deitou na nossa cama. Peguei uma caneta preta e comecei a desenhar aqueles planetas, galáxias e tipos de estrelas diferentes que tinha me ensinado por toda a sua pele branquinha. Chegou uma hora que não sabia mais o que fazer e não queria repetir nada. Então ele me perguntou "Já desenhou todas as 66 luas de Júpiter?". Reclamei que eram muitas e ele disse "Então faz pelo menos as quatro maiores". Comecei a desenha-las enquanto ele me dizia os nomes: "Io, Europa, Callisto... Ganymede". Terminei e tampei a caneta. Quando o levei até o espelho e perguntei a ele como estava, não me respondeu, mas pude ver seu sorriso e olhos brilharem e logo depois me abraçou.
E eu amava seu abraço. Amava o jeito como me envolvia mesmo sendo menor que eu. Mas também gostava de como suas unhas curtas tentavam me marcar e o jeito com que suas mãos passeavam pelas minhas costas enquanto era minha vez de lhe marcar. Yoongi tinha momentos que parecia desesperado por sexo. Ele mesmo se comparava a uma gigante vermelha, angustiada por consumir mais e mais energia, quando eu o questionava sobre suas vontades desesperadas e repentinas.
Mas era bom. Muito bom. Não é novidade para ninguém, eu espero.
Isso me faz lembrar de seus beijos. Aqueles beijos que me abalavam em níveis cósmicos. Quase como os raios gamas liberados em explosões de magnetares influenciam, a anos luz de distância, a camada exterior da atmosfera da terra. Desde o momento em que seus lábios me tocaram pela primeira vez inocentemente quando éramos crianças, desde aquele dia eu já tinha virado fã de seus beijos. A sensação de ter arrepios correndo pelo corpo inteiro enquanto sentia o gelado de seus lábios, era de fato uma das melhores sensações do universo. Sempre que chegava perigosamente perto de meu rosto, sentia minha gravidade ir a 0, e me deixava ser atraído pela a dele. Yoongi não só me dominava, como também fazia isso sem nem mesmo me tocar.
Yoongi era sempre peculiar. Um dos costumes que me chamava atenção era o de começar a escrever do nada, assim, de repente. Não importava quando ou onde estivesse, tinha um bloquinho de notas e um lápis consigo. Eu gostava de ler as "coisas bonitas", como assim as chamava, que ele escrevia. Mas antes, prestava atenção no jeitinho exclusivo com que ele segurava o lápis, depois observava como sua letra estava naquele dia. Nunca era igual, cada dia ele escrevia com uma letra diferente. Às vezes, uma lágrima ou outra aparecia escorrendo por seu rosto enquanto escrevia silenciosamente. E quando eu lhe perguntava o porquê, Yoongi dizia que uma estrela tinha se apagado do céu. Sempre me dizia que sentia tudo o que acontecia no universo, desde cada batida de um meteoro, à cada supernova, buraco negro ou estrela que se formava em uma nebulosa. Eu sempre o acalmava do mesmo jeito. Secava as lágrimas de seus olhinhos caídos, beijava-lhe a testa demoradamente e depois os lábios. E então lhe dizia "Outra estrela nasceu, não nasceu?". Yoongi concordava com a cabeça e me abraçava forte.
Mas foi num dia desses, aqueles normais e cheios dos jeitinhos loucos, os quais eu já tinha me acostumado e aprendido a gostar, que eu senti algo estranho nele. Eis que seus olhos brilhavam, brilhavam demais. Pareciam que iam explodir a qualquer momento. Ele sorria para mim a toda hora, assim como seus beijos me arrepiavam de minuto a minuto. Daí o problema: seus lábios não estavam frios como sempre. Estavam quentes. Nada me dizia quando lhe perguntava se estava bem. Apenas me abria um sorriso animado.
Mal sabia eu, tão ingênuo quanto ele, que seu motivo de felicidade era realizar um de seus maiores sonhos: acabar grandiosamente como uma estrela. Brilhando até o último segundo. Tive de sorrir, ficar feliz por ele, apesar de saber que não o veria novamente. Talvez pudesse me lembrar dele ao observar o céu, aquele mesmo "cheios de estrelas", das quais eu não via. Tentaria então, enxerga-las enfim e, quem sabe um dia encontrar uma estrela a brilhar mais do que o normal e poder dizer que Yoongi ainda sorria para mim.
⚫☆⚫
OLAAAAAAAAAAAA
Gostou?Olha, não me responsabilizo por danos psicológicos ou eventuais lágrimas que possam escapar de seus olhos, viu?
Se gostaram não se esqueçam de apertar aquela estrelinha ali em baixo, hein?
Obrigada por lerem e até a próxima!
Beijinhos com glitter e algodão doce 🌈
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Magnetar {yoongi+}
Fanfiction"Era engraçado o bico que se formava em seu rosto depois de tanto tempo reclamando sobre minha "visão com defeito" e depois seus beijinhos em meu rosto que ele dizia serem a cura para essa minha falta de "brilho" no olhar. Não conseguia dizer que ai...