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Tudo começou no dia 18 de abril de 2014.

Eu estava ansiosa para a estreia da adaptação cinematográfica do meu livro preferido: Universo Paralelo¹.

A história de uma garota que, sem querer, atravessa um portal para outra dimensão e fica perdida, sendo um cara completamente estranho a ajudá-la.

Aquele livro era simplesmente sensacional. Cheio de aventuras, romance e, o meu preferido, ação.

Para ser realmente sincera, nunca fui muito fã de filmes baseados em livros pelo simples fato de o longa nunca ser fiel o suficiente ao papel. As mudanças feitas nas histórias eram espantosas, na minha opinião. Só serviam para me deixar com raiva e perder um pouco do encanto pela narrativa.

Não que eu julgue quem gosta de ter seus livros prediletos no telão.

Apesar de tudo, seria um pecado se eu perdesse aquele filme em questão. Tinha a ideia de que muito provavelmente eu ficaria irritada em altos níveis com os cortes de partes que julgava importantes na versão escrita, mas o ator que daria vida ao personagem mais show da literatura era quente demais para que eu fizesse a desfeita de não assisti-lo.

Como ficaria minha consciência se eu não fosse prestigiar a beleza de Aidan Küchler?

Aaaah, Aidan Küchler.

O cara topo das listas de revistas adolescentes. Dono de títulos de homem mais quente, lindo, charmoso e perfeito de toda a Hollywood.

Ou melhor, do mundo.

Seus olhos assemelhavam-se a prata em estado líquido. Seus cabelos loiros quase brancos aparentavam serem tão sedosos que davam-lhe a aparência de ser o filho mais bonito da lua, tornando-o irresistível a qualquer criatura humana do sexo masculino ou feminino, incluindo todas as idades.

Minha avó paterna, Giordanna, morria de amores pelo ator com idade para ser seu neto. Toda vez que o via na televisão, vovó berrava e puxava uma almofada para abanar o rosto. Segundo ela, o motivo do calor era a menopausa.

Ao contrário do que ela pensa, vovó não engana ninguém.

Todos sabiam que ninguém tinha o poder de resistir ao charme de Aidan. O sofrimento por não poder tocá-lo, nem ouvir sua voz rouca pessoalmente, era de longe um tormento mundial.

Eu não era imune.

Obviamente, ninguém era.

Quando soube quem faria o amor da minha vida literário, corri para contar à minha melhor amiga, que suplicou para que eu fosse ao cinema e contasse tudo o que acontecesse.

Minha amizade com Carina era como um contrato assinado de que todos os filmes que ela sentisse vontade de ver, eu veria e lhe relataria todas as cenas apresentadas.

Minha amiga tinha dois probleminhas que a impediam de apreciar uma obra cinematográfica ou um exemplar literário. Ela era disléxica, o que significava que tinha dificuldade para ler e compreender as palavras. Quando tínhamos uma prova de literatura, era eu quem sempre lia os livros solicitados pelo professor para nós duas. O esforço que ela fazia para concluir uma avaliação tornava-a uma guerreira e eu a amava por isso. Sua determinação era cativante.

Carina também era hiperativa; incapaz de aquietar o traseiro em uma poltrona por mais de cinco segundos. Ela tinha a necessidade de levantar nem que fosse por um milésimo de segundo. Eu achava graça em tudo aquilo, principalmente quando estávamos em aula: ela pedia para ir ao banheiro a todo momento só para ter a oportunidade de andar pelo corredor.

Esses dois motivos me obrigava a fazer a parte divertida do nosso relacionamento.

Corri para implorar ao meu irmão para que me levasse ao cinema no dia da estreia, pois Carina e eu estávamos empolgadíssimas para saber como aquela adaptação tinha ficado e tudo aquilo era questão de vida ou morte.

Desencontros do Destino [CONTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora