PDV Camila
E lá estava eu, numa sexta à noite, dentro de uma biblioteca. Terminei minha pós-graduação há quase um ano, mas continuo amando aprender.
Eu poderia estar a caminho de numa festa? Poderia. Mas não queria.
O que eu queria era sentar em frente a um dos monitores para ler por várias horas ao ponto de descobrir algo novo, despertar alguma emoção intensa. Qualquer emoção.
Antes que eu pudesse ir à seção dos computadores públicos, ouvi uma voz um pouco rouca, não muito aguda.
Eu já havia escutado aquela voz antes naquela semana. Seja quem for, parecia estar dando uma palestra sobre ciências ou algo do tipo. Ela falava de um jeito convicto mas, vez ou outra, soltava algumas risadas. Eu não pude evitar de sorrir também ao ouvir aquele som aconchegante.
Fui me aproximando da fonte daquela voz misteriosa, e ela foi ficando mais alta. Vi um círculo de jovens amontoados, pareciam adolescentes provavelmente entre 12 e 16 anos. Todos olhavam atentos para a mesma direção.
Quando segui os olhares, avistei uma morena de estatura média (alta, se for considerar que sou baixinha). Sua pele era de um tom alvo de quem não tem contato com o sol há muito tempo. Ou talvez até mesmo nunca tenha tido.
Ela não me olhou de volta. Continuou a falar, entretida com o próprio assunto. Ela era tão eloquente e interessante que, mesmo que o assunto não tenha me impressionado muito à primeira vista, eu não pude deixar de me sentir envolvida.
Em questão de minutos eu já estava recostada ao lado de uma prateleira de livros, relaxada e observando a moça atentamente. Ela era bem atraente e havia algo familiar em seu olhar.
O assunto começou a me interessar. Ela falava sobre reações químicas e comparou o amor com a dependência de drogas, além de outras falas divertidas (sempre com um fundinho realístico).
Por diversas vezes, quando ela fazia alguma pergunta, eu tive vontade de levantar a mão e responder, já que as crianças estavam meio quietas. Ok, eu tive vontade de responder porque estava mais que acostumada a fazer isso em qualquer aula ou palestra que me fiz presente durante a vida. Sou extremamente curiosa e aprender é algo muito convidativo para mim.
Especialmente com uma "professora" que, por algum motivo, parecia que eu já conhecia.
Ela era humilde e amigável demais para alguém tão inteligente.
Talvez estivesse tentando fortemente manter a atenção daqueles jovens, os quais alguns, infelizmente, preferiam ficar no celular, ouvindo música ou cochilando.
Normal. Às vezes meus alunos também fazem isso. E, quando não estou passando conteúdo novo, eu nem chamo atenção. É uma escolha deles. Todos já são maduros o suficiente para entender a importância da aprendizagem. Com certeza eles terão consequências negativas no futuro. Mas já que o celular, uma música de 3 ou 4 minutos ou um cochilo (porque foram irresponsáveis e dormiram pouco durante à noite) é mais importante que a vida e profissão de cada um, quem sou eu para interferir? Quer se foder, se foda. Eu já tenho meu dinheiro, estabilidade e minha casa.
Falando em casa, antes de ir para os seus respectivos lares e deixar a biblioteca, os jovens se despediram da palestrante num uníssono preguiçoso e desorganizado. Ela deixou o contato dela com eles, para caso tivessem alguma dúvida. Aparentemente a moça era ligada em redes sociais pois anunciou em voz alta seu usuário do Tumblr, Twitter e seu e-mail. Além de se colocar à disposição para quem precisasse de sua ajuda.

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Core #Camren **volta em breve**
FanfictionCore: alma, mente, interior, coração. Onde transita a razão e as emoções. É essência de cada ser. Camila e Lauren terão a chance de se conhecer profundamente e explorar os limites entre os tipos de amor. É amizade, é platônico, é recíproco...? "I...