CAPÍTULO 25

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30 de março de 2005.

Sofia

Os trinta e seis meses já se passaram. Estamos na última semana de março e até agora nada do David. Seu pai disse que houve um pequeno atraso na obra e que em breve ele voltaria. Mas quem disse que consigo controlar minha ansiedade? Está ficando difícil até respirar. Ele pode chegar a qualquer momento e a expectativa está me matando. Não tenho nem mais unhas para roer, mal consigo dormir e os dias levam uma eternidade para passar.

Saí da faculdade e fui direto dar um beijo em Benjamim. Não sei passar um dia sem vê-lo. Até parece que ele saiu de mim de tanto que eu o amo. Está cada dia mais sapeca e não vejo a hora de apresentá-lo ao David. Quero tanto poder lhe dizer que finalmente eu e tia Lisa nos acertamos e que não há mais nada nesse mundo que possa impedir nossa felicidade.

Sei que o tempo muda as pessoas, o modo como elas pensam e até seus sentimentos. Mas espero que os de David por mim não tenham mudado. Porque por mais que eu tenha lhe dito na hora da raiva que não iria esperá-lo, foi exatamente isso que fiz. Esperei fielmente e espero que ele tenha agido da mesma maneira em Los Angeles.

No rádio começa tocar "Só hoje" de Jota Quest. Estou a caminho de casa para tomar um banho antes de ir à Ferraz Models. Começo a cantar e imediatamente as lágrimas vêm à tona. Essa música descreve exatamente como me senti durante esses três anos longe de David. Minha vida sem ele se tornou muito vazia. É como se nada fizesse sentido se ele não está aqui para eu poder compartilhar minhas alegrias e tristezas.

Estaciono meu carro na rua e antes de sair vejo se estou com uma aparência apresentável. Afinal vou passar pelo porteiro e não gosto que as pessoas saibam que eu estava chorando. Tenho a impressão de que todos me acham uma pessoa depressiva desde que David foi embora.

Assim que coloco os pés dentro de casa, respiro fundo encostada contra a porta e estranhamente sinto uma energia boa no ambiente fazendo minha pele se arrepiar.

Chamo por Julie e vou até a cozinha tomar água. Não demora muito e ela já está passando seu corpinho entre minhas pernas.

Ao pegá-la sinto o cheiro de David em seus pelos.

— Aposto que andou dormindo no meio das roupas dele de novo, né safadinha? — murmuro carinhosamente enquanto afago sua cabeça. Ela ronrona e morde de leve meus dedos. — Também sinto falto dele, bebê. Logo ele está de volta e poderemos matar nossa saudade.

Volto a colocá-la no chão e guardo a água na geladeira. Antes de fechar a porta meu corpo todo se arrepia ao sentir a presença de David. Minha respiração fica entrecortada e minhas pernas bambas.

Ai meu Deus, eu não acredito que finalmente ele está aqui ou a saudade me enlouqueceu e está me fazendo sentir sua presença.

Engulo em seco e fecho a geladeira lentamente. Fico paralisada em meu lugar e só ouço minha respiração ofegante. Estou de costas para a entrada da cozinha e não consigo me mover. A cada segundo o sinto mais perto de mim. Seus passos são lentos e agora posso ouvir sua respiração. Está tão intensa quanto a minha.

Eu não estou louca. Ele realmente está aqui.

Tomo coragem e finalmente consigo me virar. Nossos olhos se conectam e a emoção fica presa em minha garganta.

Meu amor voltou para mim. Está mais lindo do que eu me lembrava e muito mais forte também. Deixou a barba crescer um pouco e isso o faz parecer mais velho.

David está paralisado a minha frente e tentando controlar suas emoções tanto quanto eu. Ele dá mais dois passos e finalmente me alcança. Seus olhos estão agitados e a boca trêmula. Levanta sua mão e acaricia meu rosto suavemente e esse pequeno contato físico ativa todos os meus nervos que estavam adormecidos com sua ausência.

Doce Exceção (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora