Y.o.u.t.h

1.

Caralho. Essa foi a minha reação.

A menos de um mês descobri que minha mãe mantinha um caso com o reverendo da igreja que ela frequentava, só o que me deixou mais puto é que ela escondeu por 5 meses fudidos isso de mim, eu sou o filho dela e ela me devia isso.

E além de descobrir da pior maneira, vendo eles se pegando no carro dela, eles vão se casar e ele vai vim morar na nossa casa e não acaba por aí, ele tem uma filha.
Minha mãe está enchendo nossa casa e nem sabe se isso vai dar certo, e, eu tenho certeza que ele só quer o dinheiro dela.

Hoje vai haver um jantar para apresentar-nos da devida forma, minha mãe implorou para que eu fosse educado e compreensível mas convenhamos que eu não sou nada disso.

1. Dinner

Marcado para as 20:00pm, minha mãe já está me dando nos nervos por estar se dando nos nervos, ela só faltou contratar um buffet, sendo que vão jantar 4 pessoas, que droga.

"Filho vá se arrumar, por favor" ela pede em tom de súplica e eu obedeço, o que eu não faço por essa mulher.

Me levanto e vou até meu banheiro para tomar banho e assim que eu termino, vou para quarto e acabo escolhendo uma camisa branca social e um jeans, isso aqui tá mais que ótimo.

Antes de descer, dou um belo gole no meu copo com red label, essa noite vai longa.

A pior decisão da minha mãe foi ter largado meu pai quando ele decidiu virar escritor, ela usou a desculpa mais idiota possível "ele vai virar um louco escrevendo mentiras atrás de um computador", foi a coisa mais sem noção antes dela falar "eu vou me casar de novo", isso é bem mais confuso que ela, pode ter certeza.

Assim que boto os pés no andar de baixo, a campainha toca. Puta merda.

E se for o reverendo e filhinha dele? Era para minha mãe está aqui  recebendo-os. E ainda são 19:47pm.

"Thomas atenda e seja educado!" minha mãe berra do andar de cima.

Respiro e que toda educação e boa vontade se manifeste no meu ser.

Dou exatamente 5 passos até a porta e abro-a. Assim como abro o sorriso mais falso que já dei na vida.

"Steve! É bom recebê-lo aqui" estendo a mão ele faz o mesmo.

"Bom rever você Thomas, não tem ido muito a igreja não é mesmo?" Ele dá um sorriso e eu reprimo a vontade de revirar os olhos.

"Um dia apareço por lá. Entre, por favor" dou espaço para ele passar.

Mas antes que ele passe, uma garota loira para ao seu lado.

"Thomas, essa minha filha, Cecile"

A garota estende a pequena mão para mim e eu retribuo. Eu podia jurar que a filha dele era uma menininha, e ela deve ter o que? Dezesseis ou quinze anos?

"Prazer em conhecê-lo" ela diz e sua voz é puta doce.

"O prazer é todo meu" eu digo e abro o único sorriso sincero da noite.

Já sentados na mesa, vejo minha mãe sorrir feito idiota para Steve e pela segunda vez na noite eu reprimo a imensa vontade de revirar os olhos. Olho para a garota a minha frente, ela tem os olhos voltados para comida, e sinto vontade de perguntar se ela está sem fome já que está brincando com a azeitona no prato.

"Quando vocês vão se mudar para cá?" Pergunto tentando fazer esse jantarzinho ser menos morto.

"Daqui dois dias" Steve responde com um sorriso largo no rosto.

Dois fudidos dias. Isso está bem pior do que eu imaginava.

"Quando pretendia me contar, mãe? Quando ele já estivesse enfiado nos seus lençóis? Isso é tão ridículo" digo e me levanto, fala sério, minha mãe tá cegada por esse cara.

"Garoto, sente-se" ele. não. fez. isso.

Abro um sorriso debochado, quem ele pensa que é?

"Essa é minha casa, sim, minha casa que está no meu nome que eu herdei do meu pai e aqui você só é o carinha que minha mãe nutre sentimentos que eu não estou afim de entender, acho melhor você ficar na sua porque se eu quiser me meter, vocês vão ter que morar em outro lugar" eu posso ser bem escroto quando quero.

XX

O dia da mudança chegou, na noite do jantar minha mãe conversou comigo me pedindo para ser compreensivo por ela e eu meio que me desculpei por ser grosso.
Minha mãe me acordou cedo e disse que as 8:00am Steve e a filha iriam chegar e que era para eu dar uma pequena ajuda caso eles precisarem, ótimo, vou carregar caixas amanhã toda.

Desci e fui procurar algo para comer, abrir a geladeira e peguei o leite e em seguida meu cereal favorito, o Lucky Charms, ele é maravilhoso.

"Thomas, eu vou ao mercado, se Steve e Cecile chegarem, receba-os por favor"

"Claro"

Subi para o meu quarto e fui ver as mensagens no meu celular.

Aiden: Festa hoje na mansão do Turner, vamos?

Ginger: Festinha hoje, fofo, preciso ver você.

Jess: Quando vamos repetir a dose?

Nunca, pensei.

Tyler: Festa na minha casa, Lewis, tá convidado como sempre.

Uma festa e meninas loucas para dar, combinação melhor que essa? Não existe.

A campainha da minha casa toca e eu me esforço para levantar. Esse dia vai ser longuíssimo.

Desço lentamente e com a mínima vontade de recebê-los.

Assim que pego na maçaneta, dou um suspiro e abro a porta.

Para minha surpresa, é Cecile que está parada na porta com duas malas não tão grandes, assim que ela vira para me ver abre um sorriso que tenho que admiti que é lindo.

"Olá, meu pai foi em casa pegar mais algumas coisas e me deixou aqui, ele disse que queria mais espaço no carro ou algo assim" ela termina de dizer e franze o nariz, que gracinha.

"Você é tão baixinha que não faria diferença" digo e abro um sorriso ao ver suas sobrancelhas franzidas.

"Meu tamanho é normal para uma garota de dezessete anos, você que é alto"

Eu tive que rir.

"Não é não"

"Nós vamos ficar aqui falando sobre a minha altura ou vamos entrar?"

"Vamos entrar" eu disse e por fim peguei suas malas.

"Não precisa" ela disse docemente.

"Você não vai subir dois ramos de escadas, essa malas estão pesadas"

"Meu pai me disse que eu ficaria com o quarto de baixo" ela comentou baixo.

"O quarto de baixo é mínimo, nada confortável, seu quarto é o de hóspedes" eu disse enquanto subia as escadas.

Porque diabos o pai dela disse que ela ficaria com o pior quarto da casa? Ele só pode ser louco.

Após andarmos até o fim do corredor, chegamos ao quarto de hóspedes.

"Bem, esse é seu quarto" eu disse parando bem em frente da porta.

Ela olhou para mim e depois para porta.

"Posso abrir?" Eu assenti, ela entrou.

Fiquei parado na porta enquanto ela olhava atentamente tudo ao seu  redor, só aí pude perceber o tipo de roupa que ela usava, um cardigã rosa bebê e uma saia longa florida, meio cafona, quem ainda usa roupa de vovó? Nem as vovós usam.

"O que achou?" Decido perguntar.

"Adorei, é bem maior que meu quarto em.     "

"Sua casa era pequena?"

"Na verdade não, mas assim que minha mãe faleceu, meu pai usou meu quarto como um tipo museu para as coisas dela e como seu estúdio de pintura, ele adora pintar" ela disse.