Mas como assim???

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Durante muitos anos eu pensei se um dia seria mãe. Logo eu, quem nunca teve paciência com criança. Eu até duvidava que um dia teria "instinto materno". Duvidei muito, até casar, até sonhar, até tentar, até ver aquelas 2 listrinhas no teste, e principalmente até ouvir o coração dele com 7 semanas de gestação. Como pode um simples bater cardíaco alterar toda sua vida.
Nunca pensei que amaria alguém tanto assim... até aquele dia, quando descobri que já amava uma sementinha de feijão mais que a mim mesma. Lembro de ter olhado para o lado e encontrado a minha mãe em uma mistura de choro e riso, quase explodindo de emoção. Lembro do bater até hoje...lembro da euforia e do medo, do famoso "o que eu faço agora? ".
Ansiedade e alegria se misturam, dando fim à uma vida, para que nasça outra. Morre a mulher independente. Nasce a mãe que vai carregar consigo sua cria por muitos anos. Morre qualquer egoísmo e egocentrismo. Nasce a comunhão.
E assim se passaram as 39 semanas. Foram planos, estudos, escolhas, projetos, sonhos. Mas você não pode escolher como quer viver a maternidade. Ela escolhe como vai ser vivida. E assim eu aprendi que meus planos e objetivos de nada valiam se o meu maior presente não estivesse bem. E assim se deu aquele dia 10 de novembro, quando às 3hs da manhã a bolsa rompeu. Assim foi a minha alegria indo para o hospital, e a decepção de saber que eu não teria o parto dos meus sonhos. Assim chorei indo para o Centro Obstétrico e assim chorei também, mas dessa vez de emoção, quando ouvi o choro dele! Sim, depois do bater de coração, só o choro é mais bonito. Só o choro te aquece, e te faz perceber que tudo valeu a pena. Depois vem o cheiro, o olhar, o dedinho na boca...
Pensando bem em tudo, agora com mais calma e clareza, sei que ele escolheu como viria para mim. Ele escolheu a hora da chegada, e eu, a dona do maior amor do mundo por ele, só esperei. E foi perfeito assim.

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