Recomeço - Uma nova chance para felicidade

Cap.1 - Estar preparado é ilusão

      É ilusão, tudo não se passa de uma simples ilusão. 

      Meu pai sempre me dizia que devemos acreditar que tudo tem um motivo, talvez achamos que algo aconteceu por um acaso, mas se pararmos para pensar, até o acaso possui o seu próprio motivo. Ele sempre me contava como foi o dia em que conhecera minha mãe, em como o sol estava brilhando e em como refletia teu brilho nos olhos castanhos da mulher mais linda que já vira na vida, que a partir daquele dia numa tarde de domingo ensolarada começou a acreditar em acasos. 

     Quando ele perdera a única mulher que amou na vida, seu olhar já não tinha o mesmo brilho que antes, mas sua vida agora possuía um novo motivo, cuidar de sua filha que acabara de nascer. 

       Ele era meu ponto de equilíbrio, teu colo me trazia paz e teu abraço era tudo que eu queria ao fim de um dia ruim, é tudo que eu quero agora, mas já não posso ter, pois ele se fora e tudo que me resta são lembranças de uma vida feliz e saudade do homem que me mostrou o verdadeiro sentido da vida e os motivos por trás dos acasos. 

       É nisso que estou pensando quando recebo a pior notícia da minha vida. Os médicos me alertaram sobre esse momento, que ele estava mais próximo do que eu imaginava e que talvez fosse melhor eu estar preparada. Mas como? Como se preparar para o pior momento da sua vida? Como dizer ao seu subconsciente que tudo ficará bem, mesmo quando está prestes a perder a pessoa que mais ama na vida?

   A resposta é simples. Não há como se preparar, e se você acha que está preparado, saiba que não se passa de uma simples ilusão.
  
    Antes de partir meu pai havia me pedido para que não chorasse durante dias, muito menos se lamentasse pela sua morte ou questionasse a Deus o porquê daquilo ter acontecido, porque afinal tudo possui um motivo e agora finalmente iria reencontrar o amor de sua vida, o seu melhor acaso. 
   
    Estou parada em frente ao quarto do hospital onde meu pai está em seus  últimos suspiros, observando a enfermeira retirar seus aparelhos e não consigo conter as lágrimas, não estou em prantos, elas simplesmente escorrem pelo meu rosto e ali consigo quase enxergar um sorriso no rosto de meu pai, um sorriso de paz e de dever comprido, de certa forma isso me traz tranquilidade.
  
    Limpo meu rosto e sigo até a saída do hospital, ainda mergulhada em lembranças decido recomeçar minha vida. A porta automática se abre e junto com ela as novas oportunidades que terei de enfrentar sozinha e os novos acasos que ainda me esperam. Não sei ainda por onde começar, mas sei que tudo isso aconteceu por um motivo e pensando nisso, dou um sorriso e saio do hospital podendo sentir a brisa quente e de alguma forma reconfortante de uma tarde de domingo ensolarada.