Emilly

Capítulo 1- Prólogo

Já estou a dez minutos deitada em minha cama olhando para o teto e tentando compreender o sonho esquisito que tive, não lembro de 99% do que sonhei, mas sei que foi angustiante porque o 1% de que lembro é um grito aterrorizante.
Estendo a mão para pegar meu celular em meu criado mudo, mas não o encontro.
Franzo o cenho e levanto-me para verificar se ele está na minha escrivaninha junto com o meu computador, mas não o encontro.
Onde será que eu deixei meu celular?
Repasso rapidamente a noite anterior e lembro que depois que cheguei da aula de ballet eu deixei meu celular na bolsa e fui ajudar a minha mãe com o jantar e a bolsa ficou na sala.
Respiro aliviada, pois ganhei o celular há duas semanas de meus pais," se você perdê-lo tão rápido quanto os outros seis, você ficará sem celular até se formar na faculade e ter o seu próprio dinheiro"...palavras do meu pai.
Puxo meu cardigã rosa de encosto da minha cadeira de balanço e o visto enquanto desço. Ao chegar perto da sala noto que há conversas na cozinha e alguém está chorando ruidosamente.
Intrigada caminho a passos rápidos para a cozinha e ao entrar nela dou de cara com os meus pais e os pais de Emilly que é minha melhor amiga e vizinha, a mãe de Emilly, senhora Marcia é a pessoa que está chorando enquanto seu marido, Senhor Cláudio me olha atenciosamente. E ao olhar para os meus pais percebo que estão me olhando do mesmo jeito.
-O que está acontecendo? - Eu pergunto para minha mãe.
- Olha Luna, sente-se aqui, por favor. - Meu pai sempre foi uma pessoa extremamente segura de si e sério. Em dezessete anos de vida eu nunca o vi com um olhar tão assustado.
-O que tá acontecendo? - Eu finco o pé no chão igual a uma garotinha de três anos.
Meu pai suspira fundo e a mãe de Emilly chora mais alto.
Então como um estalo eu percebo. Ah Meu Deus.
_Cadê a Emilly? -Eu pergunto enquanto já sinto o gosto amargo em minha boca e as lágrimas começam a transbordar.
Mamãe levanta e vem pegar em minhas mãos e então eu noto que ela ainda está vestida com o seu robe azul.
-Luna eu preciso que você seja sincera conosco meu bem, ok? - Noto o tom amável de minha mãe, mas há o tom sério também, que ela só usa quando me pega fazendo algo errado.
Eu pisco confusa .
-Quando foi a última vez que você falou com a Emilly?
Ainda mais confusa com pergunta de minha mãe eu repasso novamente o dia anterior em minha cabeça.
- Ontem pela manhã na escola, por quê? - A minha resposta faz a mãe de Emilly chorar mais ainda e então o desespero toma conta de mim. -Cadê a Emilly? -Eu grito furiosa.
O queixo de minha mãe treme. E aí eu tenho me certeza.
- Não sabemos. - Meu pai responde.
- Como assim? - Eu não posso acreditar no que estou ouvindo.
-Não temos notícias dela desde ontem pela manhã, desde que a deixei na escola. - Diz o senhor Claudio e vejo que ele está lutando com as lágrimas também.
-Como assim? E por que não foram procurá-la? Por que estão parados aqui?- Eu grito indignada. Como pode eles não possuírem noticias da filha a 24 horas e nem se preocupam em chamar a policia?
- Você sabe que a Emilly é acostumada a fazer isso. - Diz a mãe de Emilly soluçando.
- E só por isso vocês não vão fazer nada? - Eu grito indignada.
Emilly realmente costuma sair e não avisar para onde vai, mas em geral eu sempre sei de onde ela está, mesmo que eu jure para os nossos pais de pé junto que eu não sei e mesmo passando a noite fora de casa, Emilly sempre volta antes dos pais acordarem.
- Filha nós entramos em contato com a polícia, mas você sabe que eles só podem fazer algo depois de quarenta e oito horas graças a essa merda de lei desse país de merda.- Em outro momento eu teria ficado surpresa em ver meu pai xingando.
- Luna se você sabe de algo precisa nos con....
- Eu não sei de nada, ontem tivemos provas e mais provas, mal tive tempo de falar mais do que um "oi" com a Emilly. - Eu a interrompo. - E depois eu fui para aula de ballet e dormir cedo ontem.

Meus pais se olham confusos. Mas eu os ignoro.

Eu me obrigo a ter pensamentos positivos. Vai ver Emilly resolveu sair para curtir as noites de sextas-feiras como só ela sabe, festas, bebidas e garotos...mas ela teria me convidado. Meu sangue gela e então eu vou para a sala.
Pego minha bolsa que está no mesmo lugar que a deixei e jogo todo conteúdo dela em cima do sofá , mas após uma breve olhada vejo que meu celular sumiu.
PQP. Eu o perdi?
Então eu percebo que minha mãe está atrás de mim.
- A senhora viu meu celular? - Pergunto acusadoramente.
- Não. - Sua voz é fraca e ela me olha como se estivesse tentando conter algum desespero.
Sorrio sarcasticamente e resolvo ir da uma olhada em meu quarto.
Ao subir as escadas percebo que minha mãe continua em meu encalço.
Meu quarto é pequeno e dentro dele há apenas uma cama de solteiro toda lilás e um guarda-roupa , no canto minha escrivaninha com um computador e uma cadeira de balanço rosa que foi a única coisa que permaneceu da minha infância, mas o charme do meu quarto é pelos posters de filmes clássico e luzes pisca-pisca de várias cores.
- Vou te ajudar a procurar. - Minha mãe diz querendo ser útil, apenas dou de ombros.
Reviro meu lençol, olho dentro da gaveta do meu criado mudo enquanto minha mãe olha na minha escrivaninha que está abarrotada de papeis.
Então vejo o cesto de roupa suja no canto, agacho-me no chão, a primeira pilha de roupa é um vestido muito caro azul que ganhei de presente no dia de meu aniversario, mas como ele veio parar aqui? Eu nem o usei. Nunca o usei na verdade, ele é muito bonito, mas grita "vestido chique" e eu nunca tive a oportunidade de usá-lo depois de minha festa de aniversario.
Ao colocar o vestido, ouço um pequeno baque e vejo então que meu celular ao lado dele.
Mas como ele veio parar aqui?
-Então é aí que ele está? - Diz minha mãe.
-Só não sei como. - Franzo o cenho e desbloqueio a tela, o papel de parede é da Lana Del Rey fumando.
Checo minhas ligações, mas a última recebida foi de mãe no dia anterior na hora do almoço. Vou para os sms e então vejo que há vários de Emilly da noite anterior e quando meus olhos passam pelo que está escrito eles se arregalam.

Ah Meu Deus.

Então??? Espero que tenham curtido. Bjs, até o próximo.