"crescer (v.i)
rubel diria que é quando os dentes caem e as pernas crescem demais. é o inevitável. é ter a obrigação de ter obrigações. é ter que falar difícil e não saber muito bem porquê. é trocar os brinquedos por responsabilidades. é quando a mesada vai embora e a gente brinca de pega-pega com um novo amigo: o salário. é tirar sangue sozinho pela primeira vez. pro meu irmãozinho, é "ficar grandão!"
é crer e ser.
(JOÃO DOEDERLEIN)"
As pessoas sempre estão falando que um dia você irá crescer, que um dia você se tornará um adulto, um dia você saberá como o mundo é um lugar frio.
Algumas pessoas contam crescer como contam os anos que estamos vivos. Depois de passada sua primeira década de vida, já começam os comentários que as responsabilidades estão chegando, que as brincadeiras irão lentamente desaparecer, que sua vida não vai ser tão divertida quanto antes. Estas mesmas pessoas sempre estão dizendo que sentem falta de sua infância e que fariam qualquer coisa para ter essa época de suas vidas de volta.
Outras pessoas contam crescer com suas ações. Quando você para de rir de piadas sem graça ou sobre coisas "infantis", quando você substitui seus videogames por livros de universidade, quando você já não grita mais pelos seus ídolos tão queridos, quando você deixa de fazer coisas porque estas são "de criança". Isso é quando você cresceu, claro, de acordo com essas pessoas.
Nunca entendi o por que de crescer, na maioria das vezes, é sinônimo de perda e dor para muita gente. Nunca entendi o que tinha de errado alguém de mais de vinte anos gostar de desenhos animados ou brincar de carrinhos. Nunca entendi por que as pessoas se privavam da felicidade por um simples conceito ou idade.
Sempre fui um adulto-criança, como falam. Continuei infantil, brincando com tiaras, carrinhos, colando pôsteres no meu quarto, chorando em filmes de animação, sendo feliz. Cheguei a ver conhecidos meus serem tomados por estes conceitos e virarem outras pessoas. Alguns deles, depois de algum tempo, notaram o erro, outros até hoje dizem que só não entendem por que ainda não crescemos.
Ver tudo isso me incomoda na maioria das vezes, mas dessa vez não apenas incomodou quanto doeu.
Meu peito começou a me causar desconfortos assim que comecei a notar os primeiros sinais de que o conceito alheio sobre crescer havia te atingido, meu maknae.Lembro-me da primeira vez que noite. Quando você lentamente parou de fazer aegyos, começou a ter vergonha do ato. Dizia que não era um bebê para fazer aquelas coisas "ridículas". Chanhee, saiba que independente de sua idade, você sempre será um bebê para mim.
A segunda vez, quando você voltou do colégio com uma expressão cabisbaixa e não quis contar a razão da mesma. Naquela mesma noite, você saiu do dormitório quando todos estavam dormindo, ou foi o que você pensou. Eu estava deitado na minha cama quando ouvi os sons de seus passos pelo dormitório. Naquela noite, eu descobri que você tinha começado a ir às festas que tanto reclamava sobre.
A terceira vez foi quando você excluiu suas fotos fofas e com caretas de suas contas, falando que elas eram ridículas e você parecia uma criança nelas. Eu sei que é mentira, você tem essas fotos guardadas em seu celular até hoje, e que sorri cada vez que olha para elas, mas também sei o quanto seus colegas tão "maduros" te criticavam sobre elas.
A quarta vez foi a que cortou mais o meu coração, quando eu entrei em seu quarto para chama-lo para o jantar e já não existiam mais pôsteres nas suas paredes. Eu perguntei por que e você me respondeu que estava velho demais para aquilo. Eu sei o quanto você amava seus pôsteres e os ídolos que estavam neles, você nunca será velho demais para ter inspirações e sonhos, pequeno Chan.
A quinta vez me deu medo, pois tive receio que você nunca voltasse a ser o maknae sorridente e brincalhão que era. Foi quando você me pediu dinheiro para comprar tintas para pintar sua parede com inúmeros trechos de músicas desenhados nela. Eu, sem vontade, te dei o dinheiro pedindo para qualquer deus que estivesse escutando que te trouxesse de volta para mim.
A sexta vez foi quando te perguntei sobre os amigos da escola e descobri que você não andava mais com as mesmas pessoas, e sim, com alunos dos anos superiores porque seus antigos colegas eram, em suas palavras, infantis demais. Nessa vez eu percebi que você não sorria mais como antes, não conversava mais como antes, não era o pequeno Hee como antes. Na verdade, você era, porém escondia o seu verdadeiro eu atrás de sete chaves que com certeza foram dadas por mentes fracas que acreditavam que crescer era se tornar aquilo.
A sétima vez foi na manhã seguinte a uma noite cheia de risos, gritarias, brincadeiras, bagunças e felicidade, foi quando gravamos um vídeo para as fãs nos divertindo como crianças e seus amigos viram. Você voltou da escola emburrado, com os olhos cheios de lágrimas e se trancou no quarto.
Eu senti muito medo, pensei que não havia mais volta, mesmo que a noite anterior tenha trazido um sentimento de esperança.
A oitava vez não aconteceu.
Você ficou quieto por uma semana, naquele tempo temi o pior, porém, você só precisava de um tempo para pensar. Agora noto que você ficou toda aquela semana nos observando. Vendo como seus hyungs eram "infantis". Viu como Juho fazia manha para qualquer coisa, como Dawon não sabia levar nada a sério, como Jaeyoon inventava aegyos novos a cada dia que passava, como Hwiyoung chorava ao ver suas animações favoritas da Disney, como Rowoon, mesmo sendo a mãe do grupo, se tornava uma criança pedindo afagos de todos do grupo. Percebeu como Taeyang era mimado e gostava de atenção, como Inseong – mais velho do grupo – era com certeza o maior pregador de peças e brincalhão da casa, também viu como eu, o líder, não economizava risadas para as piadas mais ruins daquele mundo. Você viu como ninguém ali se importava em crescer.
Depois daquela semana você me pediu dinheiro dizendo que queria comprar coisas novas para o seu quarto, desconfiado eu lhe dei com uma faísca de esperança dentro de mim ainda viva. Você voltou com canetinhas pratas e douradas, deu a cada membro e convidou todos para desenhar na parede recém pintada de preta do seu quarto. Juro que consegui ver todos os meninos abrirem o maior sorriso da vida deles com aquele gesto, eles sentiram sua falta Chan Hee.
Logo, seu quarto estava desenhado, tinham assinaturas, dedicatórias e partes de músicas. Também estava coberto de pôsteres de seus ídolos, filmes e séries favoritos. Não tinham mais saídas de noite para ir à festas, cuidados para não vestir roupas de super heróis fora do dormitório ou risos contidos depois de uma piada tosca. Você voltou a sorrir mais, dançar mais, cantar mais, viver mais.
Eu nunca soube o que era crescer de verdade meu dongsaeng, mas naquele momento você me ensinou.
Crescer não é sentir dor por deixar de fazer o que você gosta, não é parar de assistir desenhos, não é há quantos anos você está vivo, não é parar de brincar, não é deixar de comprar McLanche feliz pelo brinquedo que vem dentro, não é escolher vinho em vez de coca-cola.
Chan Hee, você me ensinou que crescer é quando você não se importa com as pessoas dizendo que você é infantil, afinal quem cresce de verdade não precisa provar que cresceu.
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crescer ↣ kch + kyb
Fanfiction"crescer (v.i) rubel diria que é quando os dentes caem e as pernas crescem demais. é o inevitável. é ter a obrigação de ter obrigações. é ter que falar difícil e não saber muito bem porquê. é trocar os brinquedos por responsabilidades. é quando a...