O Beijo

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O Beijo

Perséfone

Indicado para maiores de 18 anos

Copyright © 2014, Perséfone.

Créditos da imagem da capa e contracapa

Image courtesy of adamr / FreeDigitalPhotos.net

 Para ele.

O Beijo

Ela estava ansiosa.

A sensação de antecipação era tamanha que sentia a própria pele formigar, as mãos suarem, os dedos tremerem, as pernas bambearem. Não conseguia se concentrar em mais nada aquele dia. Todo o seu pensamento, desejo e respiração estavam concentrados apenas na imagem dele.

Conhecia-o muito bem. Estavam casados há quase quatro anos, afinal. Exatamente aquela época morta em que a relação esfria e a rotina penetra sob a pele, sem deixar espaço para a paixão que corria pelas próprias veias no início de tudo. Porém, aquela ansiedade que sentia hoje era algo novo para ela. Até mesmo se contasse o tempo de namoro. Era novo para os dois, na realidade.

Não que o amor não estivesse lá; estava, o tempo inteiro, nas pequenas e grandes coisas. Mas amor, amor, amor de verdade é outra coisa. Às vezes, muitas delas, a paixão é necessária: ardente, febril, enlouquecida. E era isso que buscavam nesse momento. Era isso que ela queria agora, naquele instante, com todas as células de seu corpo.

Decidiram fazer tudo diferente dessa vez. Nenhum plano seria adiado por obrigações mais urgentes; agora, o desejo dos dois era o mais imperativo. Aquela seria a noite deles, só deles, corpo e alma, suor e paixão. A primeira de muitas. Tudo foi cuidadosamente planejado, mas não por ela, não dessa vez, como era tudo na casa e na vida dos dois. Foi ele quem tomou as rédeas de tudo. Faria uma surpresa para ela. Tudo o que ela deveria fazer era pensar nele, respirar por ele, sentir todos os poros do seu corpo vibrarem em excitação pela ansiedade do que estaria por vir. A ela restava apenas imaginar; e era exatamente isso que tinha feito, por todo o dia.

Faltavam quinze minutos. Depois dez. Cinco. Geralmente saía mais tarde do trabalho, havia sempre tanto o que fazer e resolver. Mas não dessa vez. Logo que viu o horário no relógio, juntou suas coisas e praticamente correu escritório afora. Antes de descer, porém, passou no banheiro feminino e trancou-se na cabine.

Trocou de roupa o mais rápido que conseguiu. Em uma sacola à parte, trouxe um corpete novo, vermelho intenso, que comprara especialmente para aquela noite: não o guardaria para uma ocasião especial dessa vez – a ocasião especial era hoje, agora, era o presente. A calcinha era mínima, daquelas que detestava usar normalmente, pois ficavam enfiadas na bunda de um jeito que era irritantemente desconfortável. Engraçado que quando somos jovens nada é desconfortável, no entanto, com o passar dos anos, tudo o que queremos é conforto. A sensualidade fica em segundo plano. Porém, aquele dia, ela tinha jogado o conforto às favas e até mesmo o simples ato de colocar aquela calcinha pequena e apertada tornou-se excitante. Sentiu-se molhada e, pela primeira vez em muito tempo, tocou-se... ali mesmo, no banheiro do trabalho, o que inesperadamente tornou tudo mais emocionante, com cores fortes e vibrantes estalando ao seu redor.

Quando estava quase atingindo o clímax, parou. Não porque alguém adentrara o banheiro ou qualquer outro motivo, mas sim porque ele pediu que o fizesse. Pediu para que se guardasse, especialmente aquela noite, somente para ele. Aquela noite ela seria dele por completo, em corpo, mente, alma. Além disso, a pausa no clímax daquele momento íntimo só a fazia ansiar ainda mais pelo instante milagroso em que ele a tocaria e a levaria até o mais alto degrau do prazer.

Colocou apenas um sobretudo por cima da roupa íntima, o que a fez sentir-se deliciosamente nua e ousada. Calçou sapatos vermelhos novos, com saltos altíssimos, o que normalmente também a deixariam irritada por serem desconfortáveis, porém eram apenas mais um motivo para ficar ainda mais excitada.

Retocou a maquiagem no espelho do banheiro e agitou os cabelos. O efeito foi ótimo. O espelho geralmente é era seu grande inimigo, mas agora, inesperada e surpreendentemente, transformara-se em um aliado; sentiu-se verdadeiramente bonita, poderosa e sexy. Não imaginava que pudesse se sentir assim algum dia. Quando saiu pela porta, caminhando ereta e confiante, sorriu altiva para uma colega de trabalho especialmente arrogante, cujo queixo pareceu cair até o chão de inveja.

Esperou sozinha a umas três quadras do trabalho, em uma esquina pouco movimentada e um tanto escura. Torcia as mãos de nervoso, sempre trocando o apoio dos pés, ansiosa. Ele fora bastante específico quanto ao local, porém ainda não estava em lugar algum à vista. Lembrou-se de que argumentara que era uma esquina escura e talvez perigosa, mas ele afirmou que o perigo seria um ingrediente a mais aquela noite. O nervosismo e a ansiedade se misturavam em batidas pulsantes de seu coração, ao mesmo tempo em que sangue quente e um arrepio gelado percorriam sua espinha. Talvez ele tivesse razão; aquele medo que sentia por estar ali, sozinha, era mais um combustível para sua excitação já bastante elevada.

Estava tão distraída com suas próprias sensações e sentimentos que, quando aconteceu, ela não teve tempo nem para soltar um grito. Sua única reação foi arregalar os olhos de espanto enquanto se viu subjugada por trás por mãos bem mais fortes que ela. Seus pulsos estavam atados, juntos, seguros por uma das mãos de um homem que ela não conseguia ver, enquanto a outra mão tapou seus lábios, tornando impossível o grito reprimido em sua garganta. Sua primeira reação foi o pânico absoluto. Porém, um sussurro em seu ouvido foi o suficiente para que o medo se transformasse em uma corrente de excitação percorrendo seu corpo. Tudo o que ele disse foi:

- Você confia em mim?

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