Único - De Wang para Branginsky

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“Tudo começa em um ponto, era o que você me dizia quando eu lhe perguntava se me amava, enquanto estávamos sentados na varanda de meu apartamento observando a lua brilhar, com toda sua beleza no céu da noite. Guardei sempre cada uma de suas palavras e pensamentos que compartilhava comigo em troca de singelos beijos e pretendo guardá-los pela eternidade.

Quando nós nos conhecemos naquela floricultura, a que eu ainda sou dono e você sempre olhava e ainda olha as flores ao longe, eu estava decidido a conversar com você. Seus olhos violeta eram sempre os que mais me atraíam, com aquele carinho que os mesmos exalavam ao observar as rosas vermelhas e as orquídeas que estavam todos os dias de pé em frente à loja, como eu sempre gostava de deixá-las para conseguir lhe ver enquanto eu ajeitava as tulipas brancas para Alfred, que sempre tentava a todo custo conquistar o amor de Arthur.

Naquele dia de primavera, eu terminava de ajeitar mais uma vez aquelas singelas tulipas para o americano quando o mesmo percebeu que meus olhos estavam mais concentrados em você do que nas flores em minhas mãos. Ele chegou perto de meu ouvido e perguntou se poderia fazer algo por mim. Lhe entreguei um girassol que estava atrás da bancada que eu havia trago naquele dia de meu jardim, e o mesmo seguiu até você, com suas flores já prontas para entregar para o inglês. Ele lhe passou a grande flor e sussurrou algo em seu ouvido, palavras desconhecidas por mim até hoje, e seguiu seu caminho rumo a casa que ele ia visitar todos os dias. Você abriu um sorriso e olhou na minha direção com seus olhos violetas. Somente aquele olhar foi o suficiente para me deixar envergonhado e sentir minhas bochechas quentes, dando inveja até aos tomates que Antônio plantava.

Ainda me lembro de quando você entrou na minha loja e seguiu até onde eu estava, logo atrás daquele balcão todo pintado singelamente com belas flores, que Honda havia feito para mim em forma de agradecimento por ter o ajudado a conquistar o coração daquele amante dos gatos, vulgo Heracles, ou apenas o veterinário que havia cuidado muito bem de seu novo gatinho de estimação, Aini.

Você parou logo na minha frente e esticou seus dedos até os cartões da loja que estavam sobre a bancada, pegando um deles e virando em seu lado que não havia nada. Retirou uma caneta do bolso e começou a escrever números no mesmo e logo abaixo um nome. Me entregou o cartão e pegou outro no pote, guardando-o junto a caneta e saindo da loja, abrindo um último sorriso na minha direção enquanto segurava firmemente o girassol entre seus dedos e sumia de vista. Foi quando descobri que seu nome era Ivan e sem nem pedir já tinha seu número de telefone e você o meu.

Depois de um ano de muitas conversas por mensagens e encontros, conversando sobre os mais diversos assuntos, já éramos muito próximos um do outro e isto me alegrava de uma maneira inimaginável. Alfred já havia conseguido flechar o coração de Arthur e estavam namorando, assim como Ludwig e Antônio, o Alemão e o Espanhol, haviam feito com os irmãos Vargas, meus amigos italianos de infância.

Adorávamos nos reunir todos no fim de tarde na porta da minha loja enquanto eu terminava de fechá-la, para então seguirmos até a cafeteria que ficava próxima ao prédio onde eu morava. Ficávamos conversando sobre tudo um pouco, enquanto meus olhos ficavam a maior parte do tempo em cima de você, e o modo como você me olhava de volta me fazia feliz, como ainda me faz.

Foi em um destes dias que demos um literal empurrão em Francis, nosso amigo que conhecemos em uma banca de jornal, aquele radialista francês tímido, para que o mesmo caísse em cima de Matthew, o escritor que se sentava sempre no canto da cafeteria para escrever seus livros no horário em que íamos para o local, ou o canadense que Francis era apaixonado a três longos anos e que já havia lido todos os seus livros e ainda comentava sobre eles em seu programa na rádio. No final de tudo, conseguimos com que eles ficassem juntos como todos sempre desejamos.

E em mais um destes dias, no qual eu agradeço de todo coração a forças maiores (obrigado Eros e Afrodite), que você me apresentou Mathias e Lukas, seus amigos que namoravam desde pequenos e que mantinham uma relação de dar inveja a Romeu e Julieta, e que alho que eu desejava a muito tempo aconteceu. Lukas, desastrado como conhecemos hoje muito bem, acabou pisando em um pano que um dos funcionários do café havia deixado próximo a minha cadeira no chão e escorregou, empurrando-me para o chão na tentativa de se equilibrar. No reflexo, eu só tive tempo de lhe puxar comigo e você acabou caindo em cima de mim.

Devemos ter ficado ali durante muito tempo pois nunca soube quanto tempo ficamos olhando um pro outro. E foi no chão frio daquela cafeteria que você mexeu com todo o meu psicológico e desfez todas as más expectativas que eu havia criado na minha cabeça com apenas um simples selar de lábios. E no fim de tudo, eu entendi o que eu sentia desde a primeira vez em que eu vi você lá, parado na porta da minha loja, cheirando as rosas e abrindo um sorriso de dar inveja até na pessoa mais alegre do mundo.

Agora, depois de tudo que passamos durante estes sete anos que estamos juntos, e casados a três depois do seu desastroso pedido de casamento dentro da piscina, lhe relembro estes pequenos momentos para lhe agora lembrar do quanto eu te amo e do quanto nós nos mantemos firmes por todo este caminho cheio de obstáculos. Fizemos mais e mais amizades, mantemos tudo aquilo que criamos e isso me abre um sorriso.

E com estas singelas e simples palavras eu termino esta carta, dizendo que espero que nenhum erro ou qualquer um atrapalhe nosso caminho cheio de poemas, flores e pedras preciosas.

De Wang para Branginsky,

Do girassol das suas rosas,

Chinês do seu Russo,

De Yao para Ivan.

我愛你。
Я люблю тебя."

Sunflower Of Your RosesOnde histórias criam vida. Descubra agora