so happy i could die

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Clark olhou para o homem deitado a seu lado e sorriu com aquela majestosa visão. Bruce normalmente nunca parecia estar relaxado ou calmo como naquele momento. Sua expressão estava serena, sua respiração regrada, seus batimentos cardíacos compassados. Tudo na mais perfeita ordem e o kryptoniano temia nunca poder agradecer o bastante por aquilo. Um sorriso iluminou seus lábios e ele suspirou maravilhado com a sorte de ter em seus braços o amor de sua vida, depois de tantos altos e baixos.

Ainda lembrava-se da primeira vez em que seus olhos encontraram a imensidão vazia e, ao mesmo tempo, profunda da tão famosa e falsa expressão egocêntrica de Bruce Wayne, um dos mais bem-sucedidos empresários dos Estados Unidos. Dizem que a primeira impressão é a que fica, mas definitivamente, era apenas um mito. Se fosse aquela afirmação uma verdade absoluta, provavelmente Clark e Bruce nunca teriam tido curiosidade de conhecerem-se melhor.

Ah, a primeira conversa... Um repórter tímido, mas que aos olhos do bilionário conseguira ser bastante irritante e intrometido. Um empresário metido, egocêntrico e nariz empinado que havia conseguido tirar o tão calmo e doce Clark Kent do sério com apenas algumas palavras. O que haveria acontecido posteriormente, caso Sr. Fox não houvesse convidado Clark e Bruce para um jantar em sua casa para comemorar seu aniversário de sei-lá-quantos-anos? Talvez eles sequer houvessem se dignado a outro encontro intencional, ou mesmo o destino houvesse sequer perdido seu precioso tempo para maquiar o “acaso” de um segundo encontro sem aparentes circunstâncias.

O bendito jantar, evento que tornara a observação um dos melhores e mais eficientes dons que Clark possuía. Sem uma observação minuciosa, concentrada e sobre-humana, talvez não houvesse sido capaz de perceber as constantes mudanças de humor no semblante do Sr. Wayne quando a conversa tratava-se de assuntos fúteis e de nenhum real valor para novos conhecimentos ou mesmo informações. Em suma talvez não houvesse descoberto, por um descuido bastante primário, que Sr. Wayne tinha ligações com Batman. E logo mais, talvez também não houvesse descoberto que Sr. Wayne era, de fato, o primeiro e único morcego de Gotham, o justiceiro sem nome, o Cavalheiro das Trevas.

Quem usava pontos transparentes no ouvido em um jantar social e carregava uma identidade secreta (e queria obviamente que continuasse assim) quando se estava perto do Superman (mesmo que de certo não fizesse a mínima ideia de estar na presença de um alienígena com poderes sobre-humanos na Terra)? Um descuido de principiante, fora a primeira conclusão à qual o kryptoniano chegara. Mas conforme fora entrando na vida do morcego de forma que não conseguira mais sair, Clark logo percebeu que não havia sido um descuido. E que, pelo contrário, havia sido uma forma de fazer com que o repórter caipira do Planeta Diário soubesse que Sr. Wayne era o Batman. Por que, Clark não fazia a mínima ideia. Bruce nunca houvera tocado diretamente no assunto. Aliás, eram poucos os assuntos tratados entre eles dois, pois com frequência suas conversas acabavam em beijos e roupas espalhadas por cômodos aleatórios da casa em que eventualmente eles estivessem.

Era um ponto a se trabalhar na “relação” que tinha com Sr. Wayne, Clark reconhecia. Contudo enquanto o morcego de Gotham estivesse em seus braços com aquele semblante sereno, inexplicavelmente os reparos poderiam esperar mais um pouco. Talvez nem precisassem ser realizados no final das contas, porque de tudo valia para ter Bruce a seu lado.

— Já acordado como sempre. Você precisa parar de acordar antes de mim e ficar me olhando enquanto durmo, isso é coisa de psicopata — Bruce murmurou sonolento, ainda de olhos fechados. Clark sorriu com suas tão já conhecidas reclamações matinais e deixou um beijo na testa de Bruce.

— Bom dia, Bruce.

Dia, Clark — Bruce respondeu, já se espreguiçando e saindo dos braços do repórter, fazendo o mesmo queixar-se da separação em silêncio. Bruce pôs-se de pé ao lado da cama e continuou se espreguiçando enquanto falava. — Espero que o Alfred não tenha servido o almoço antes do café dessa vez — Clark também pôs-se de pé, calçando seus chinelos.

SO HAPPY I COULD DIE | 𝘴𝘶𝘱𝘦𝘳𝘣𝘢𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora