Prólogo

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Severa olhava trêmula para o retrato em suas mãos.

Ela estava arrumando a bagunça do menino Alex quando se deparou com o rosto da moça que não sabia o nome, mas que fazia parte de seu pior pesadelo à noite e de sua mais importante promessa.

"Agora sei o seu nome", pensou ela, antes de ir procurar pelo seu patrão, o Conde Felipe.

*¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨*

Felipe Castelline estava em seu escritório estudando suas opções de compra. Desde mais jovem possuía a vontade de obter uma terra para o cultivo de videiras, mas ele ficou desanimado ao ver os locais disponíveis perto de São Paulo. Nenhum o atraía, seja por falta de singularidade ou qualidade de terra.

Cansado de perder seu tempo com algo que sabia que não teria progresso, guardou os papéis e teria se levantado para sair do escritório, se batidas na porta não anunciassem Severa, preceptora de seu filho.

─ Com licença Conde. – Diz ela ao entrar. – Não quero atrapalhar, mas o assunto é de extrema urgência. Eu...

─ Aconteceu algo com Alex? – Indagou Felipe, preocupado com o que poderia ter ocorrido.

─ Não, não senhor. O menino Alex está bem. – Severa se aproximou da mesa. Felipe percebeu como ela estava inquieta. A mesma se sentia angustiada e soltou suas palavras rapidamente, tentando explicar o que ocorrera. – Eu achei um retrato de uma jovem Srta. nas coisas do menino Alex. A mesma que vi uma vez, anos atrás. Era a Srta. Berenice, sua falecida esposa.

─ Não entendo onde quer chegar, Severa.

─ Senhor, eu soube que antes da morte da Srta. Berenice ocorreu um boato de que ela o traía, mas... – Foi interrompida por Felipe, já irritado com o rumo da conversa.

─ Não vou falar sobre esse assunto Severa! – Ele se levantou e gesticulou para a porta. – Por favor, saia!

Ela recuou, mas não saiu.

─ Não, não, não Conde Felipe. Por favor me escute – Ela falava rapidamente, desesperada para que ele a entendesse. – Há seis anos vi a Srta. Berenice, no momento em que sofreu o acidente. Ela parecia tão angustiada quando atravessou a rua, no instante em que foi atropelada. Eu corri para ajudá-la, mas não havia nada a ser feito. Bateu com a cabeça muito forte ao cair, e morreu em meus braços. Mas antes me disse, suplicando: " Diga ao meu marido que eu o amo e nunca o traí. Que foi ela quem armou tudo. Está no diário. Diga a ele. " – Severa respirou um pouco. – Senhor, a Srta. não me disse seu nome nem o vosso, e não consegui acompanhá-la até o hospital. Nos dias seguintes não saiu nada nos jornais e fiquei sem saber o que fazer.

─ Eu me responsabilizei por conter as notícias sobre o assunto, não queria nenhum escândalo. – Comentou ele.

─ Ah senhor, não sabe o quanto isso me atormentou durantes esses anos. Sempre imaginei quem seria o marido da Srta. – Severa soluçou, mas conteve as lágrimas.

O silencio caiu sobre o escritório. Felipe não sabia o que dizer. Berenice, em suas últimas palavras afirmava que foi fiel, que foi vítima de uma armação e que escrevera tudo em um diário. Mas que diário? Depois de sua morte Felipe ajudou na organização dos pertences dela para doação e não viu nenhum diário! Não sabia se devia acreditar em Severa. Mas queria, como queria. Sentiu raiva de Berenice quando encontrou os bilhetes apaixonados de outro, endereçados a ela, poucas semanas antes no acidente. Felipe pensava em se divorciar. Ele sempre achou, assim como todos, que antes de ser atropelada, ela voltava da casa de seu amante. Mas apesar de tudo, sentiu sua perda.

─ Tem provas do que diz, Severa? Por que se estiver mentindo, querendo criar intrigas... – Disse ameaçador.

─ Não estou inventando Conde Felipe! – Ela se indignou com a sugestão. – E tenho sim uma prova. A Srta. Berenice usava uma correntinha que caiu na hora do acidente. A guardei por todo esse tempo. Só preciso achar! Se me permitir Conde.

Ele olhou para Severa e viu a angústia em seus olhos. A mulher em sua frente suplicava para que ele acreditasse. Felipe queria agarrar essa esperança de que sua falecida esposa foi fiel ao casamento.

─ Vá buscar a corrente.

*¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨*

Felipe queria esperar a volta de Severa, mas foi solicitado por sua tia avó Vitória. Relutou um pouco, afirmando que estava ocupado, mas Zilda, a criada pessoal de sua tia, disse que era importante. Ele foi até os aposentos da Condessa, que se encontrava reclusa já há alguns dias devido a problemas de saúde.

─ Ah que bom que chegou Felipe! – Ela disse assim que ele passou pela porta. – Tenho uma notícia. Pensei muito sobre isso nos últimos dias, já que não há nada para fazer enfurnada nesse quarto com a mala da Zilda.

─ Senhora, faço tudo que posso para agradá-la! – Disse Zilda, que se encontrava no canto do quarto da Condessa, como de costume.

─ O que não é muito, não é mesmo? – Debochou Vitória, e virando-se para Felipe disse – Está na hora de vender a minha propriedade em Campo Bello.

─ Se a senhora acha que é o melhor. – Ele sabia que não adiantava debater.

─ Mas é claro que é o melhor! Sei que você quer encontrar uma terra, e acho que aquela região é perfeita. Por isso quero que venha comigo. Assim, além de ajudar a encontrar um comprador para a minha propriedade, poderá procurar uma para você. – Vitória falou, convicta do que queria.

─ Como disse? – Ele ficou confuso. "Ir até lá? "

A Condessa não estava com paciência para relutâncias.

─ Nós vamos para Campo Bello Felipe. – Respondeu, com seu costumeiro sorrisinho sinistro.


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Olá Leitores! Espero que gostem, por favor comentem sobre o que acharam, se tiverem alguma dica também. E votem!! Ainda não defini a frequência de postagens, mas se a história tiver retorno, eu determino um dia logo!!

Tenham um bom dia!!


O Amor do CondeOnde histórias criam vida. Descubra agora